RETOMADA INDÍGENA: na Serra da Gaturama, TI Barra Velha, povo Pataxó retoma território invadido por fazendeiro

Secom CONAFER

A luta pela terra sempre foi um dos pilares da resistência e existência dos povos indígenas no Brasil. Em mais um capítulo dessa história, os povos Pataxó tomaram a decisão de retomar a Fazenda Rolinha, no município de Prado, sul da Bahia, na Serra da Gaturama, Terra Indígena Barra Velha, um território que pertence ao povo Pataxó por direito, e que foi, por muitos anos, explorado e devastado.

A Aldeia Força dos Encantados erguida na área retomada tem sido alvo de ataques e desinformação por parte de setores interessados em manter o avanço da monocultura e do desmatamento na região. Notícias falsas têm sido disseminadas, tentando criminalizar a luta dos povos indígenas e deslegitimar o movimento. No entanto, o objetivo dessa retomada é claro: reconstruir a floresta, recuperar os rios e preservar os ecossistemas para dizer que são os indígenas os verdadeiros donos e guardiões destas terras ancestrais

O fazendeiro Djalma Mangalão, figura influente na região, tem um histórico de exploração da mão de obra indígena, com relatos de trabalho em condições análogas à escravidão. Além disso, ele foi responsável pelo desmatamento de uma floresta milenar, transformando a terra em pasto e destruindo rios que garantiam a subsistência do povo Pataxó. O impacto ambiental é irreversível, mas a luta dos povos originários busca recuperar ao máximo esse ecossistema tão valioso.

O objetivo dessa retomada é claro: reconstruir a floresta, recuperar os rios e preservar os ecossistemas degradados pelos invasores

A retomada é mais do que uma ocupação: é um movimento de reconstrução. A ideia central é estabelecer um modelo de agricultura familiar sustentável, que permita a reestruturação da biodiversidade e garanta um modo de vida digno para os povos indígenas. Não se trata apenas de resistência, mas de criar alternativas para o futuro.

A tentativa de desqualificar os indígenas, chamando-os de “falsos índios” ou vinculando-os a facções criminosas, é uma estratégia recorrente para enfraquecer a luta. No entanto, essa narrativa não condiz com a realidade. A retomada é autônoma e independente, protagonizada pelos verdadeiros herdeiros da terra. Os Pataxó têm desempenhado um papel fundamental no fortalecimento desse movimento, demonstrando que a união entre os povos indígenas é essencial para garantir a permanência e a reconstrução do território.

Risco permanente na luta pelos direitos originários: pertencente ao povo Pataxó-hã-hã-hãe e da sexta geração da família Kamakã Mongoió, o cacique Merong Kamakã, suspeito de assassinato há 1 ano, era conhecido pelo processo de retomada em que atuava como liderança no Vale do Córrego de Areias, em Brumadinho, e pela luta e defesa dos direitos dos povos indígenas e originários

O momento exige atenção e solidariedade. Os Pataxó não estão apenas lutando por um pedaço de terra, mas por sua história, cultura e futuro. A retomada da Fazenda Rolinha representa um passo importante na resistência indígena, provando que a força dos povos originários segue viva e determinada a proteger o que sempre foi deles.Que essa retomada seja mais um exemplo de coragem e justiça em defesa da terra, das florestas e das futuras gerações. Salve a luta dos povos indígenas!