ZARC DO TRIGO: cultivo de sequeiro no Mato Grosso e Bahia é boa alternativa; agricultura familiar produz 21% do grão

Secom CONAFER

Saiu a atualização do Zoneamento Agrícola de Risco Climático do trigo para a próxima safra. As portarias com as novas indicações foram publicadas no Diário Oficial da União desta segunda-feira, 20 de dezembro. Entre as mudanças estão o melhor detalhamento no cultivo de trigo na região tropical, a avaliação de risco de frustrações pelo excesso de chuva no final de ciclo, além da inserção de atualização de ciclos de cultivares na base de dados. Em algumas regiões do Cerrado, a variedade BRS 264 é utilizada pelos produtores no plantio de sequeiro em função da precocidade (105 dias) e da produtividade (em torno de 40 sacos por hectare). Este cultivar, de acordo com a Embrapa, deverá ser colhida no período seco, sem a ocorrência de chuvas no estágio de maturação final dos grãos, para não prejudicar a qualidade industrial. Como normalmente, o trigo de sequeiro produz em cerca de 120 dias, se plantado no período indicado, a colheita ocorre em maio ou início de junho. Nessa época a ocorrência de chuvas é baixa, o que permite um grão de melhor qualidade. O trigo é colhido com baixa umidade (inferior a 13%) dispensa o uso de secadores e facilita a armazenagem

O Zarc, Zoneamento Agrícola de Risco Climático, é um instrumento de política agrícola do governo federal que garante suporte às políticas de garantia da atividade agropecuária (Proagro) e seguro rural no Brasil. O estudo, conduzido sob a responsabilidade da Secretaria de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), é executado pela Embrapa com apoio de diversas instituições públicas e privadas. O trabalho é baseado em séries históricas de clima, modelagem de cultivos e simulação de riscos.

O Zarc conta com dados coletados em cerca de quatro mil estações meteorológicas espalhadas pelo País. Por meio de quatro variáveis – município, tipo de solo, cultura e ciclo da planta – o sistema apresenta a época do ano mais indicada para a semeadura e as taxas associadas de risco de perdas – até 20%, 30% e 40%. Para a cultura do trigo, o Zarc vem sendo atualizado todos os anos para acompanhar as melhorias do sistema de simulação de riscos, a ampliação da base de dados, o surgimento de novas áreas e tecnologias de produção, além da necessidade de adesão com as políticas públicas para o setor que são anuais. Neste momento, está sendo realizada a atualização para a safra de trigo 2021/2022.

No Sul do Brasil, além da geada no espigamento, o excesso hídrico na fase final do ciclo do trigo é causa frequente apontada como sinistro nos pedidos de cobertura do Proagro e do seguro agrícola privado. “Usamos um indicador de risco de excesso de umidade baseado na quantidade de chuva no final do ciclo para demarcar os períodos de semeadura e os locais onde a ocorrência desse sinistro tem maiores chances de causar problemas no trigo”, explica o agrometeorologista da Embrapa Trigo, Gilberto Cunha.

Para o cultivo de trigo na região tropical, estão sendo atualizadas informações no Zarc para minimizar problemas com deficiência hídrica e temperaturas elevadas. “A indicação de áreas aptas ao cultivo de trigo em sistema de sequeiro nos estados de Mato Grosso e Bahia integra a atualização do Zarc, com o refinamento das regiões para posicionar diferentes ciclos das cultivares que chegaram ao mercado, bem como ampliar os períodos de semeadura na região tropical”, explica Gilberto Cunha.

Ele destaca que doenças de difícil controle, como giberela no Sul, e brusone no Centro-Sul do País, merecem atenção especial da assistência técnica e dos produtores rurais para a adoção do manejo preconizado pela Comissão Brasileira de Pesquisa de Trigo e Triticale que dá sustentação técnica às indicações Zarc. “Precisamos reforçar a importância do Zarc como uma ferramenta de gestão de riscos na agricultura. Um trabalho robusto com base num complexo processo de modelagem e simulação que atende todos os municípios com indicação de cultivo de trigo. Estamos sempre em busca de melhorias, mas o Zarc é indispensável em qualquer sistema de cultivo. O seguro rural, seja público ou privado, não pode mais ser ignorado como um insumo na produção agrícola”, conclui Cunha.

Aplicativo Zarc Plantio Certo

Produtores rurais e outros agentes do agronegócio podem acessar as informações oficiais do Zarc por meio de tablets e smartphones, facilitando a orientação quanto aos programas de política agrícola do governo federal. O aplicativo móvel Zarc Plantio Certo, desenvolvido pela Embrapa Agricultura Digital, está disponível nas lojas de aplicativos.

Os resultados do Zarc também podem ser consultados e baixados por meio da plataforma “Painel de Indicação de Riscos”. Acompanhe a Portaria do Mapa no kink: https://in.gov.br/web/dou/-/portaria-spa/mapa-n-601-de-16-de-dezembro-de-2021-368289333


Com informações do Mapa e Embrapa.