SOS PARENTES: CONAFER faz mutirão para levar cestas básicas a ilhados do TI Caramuru, em Pau-Brasil

Secom CONAFER

A Confederação realizou a entrega de dezenas de cestas básicas aos parentes indígenas atingidos pelas enchentes ocorridas na cidade de Pau-Brasil, a 545 km da capital, Salvador. A ação, iniciada pela Secretaria Nacional Indígena, beneficiou cerca de 30 famílias, que ficaram impedidas de se deslocar para adquirir itens fundamentais de subsistência. Sensibilizada com a situação dos indígenas da região, a CONAFER está articulando uma campanha de arrecadação de cestas básicas e apoio logístico para transporte junto aos caciques de diversas aldeias, ação que se torna importante para amenizar o sofrimento e a dor de indígenas de diversos territórios e etnias, hoje completamente isolados e vulneráveis às doenças, e em muitos casos também, sem água e alimentos


As fortes chuvas que atingiram a região Sul da Bahia, durante o mês de dezembro, aumentaram o volume do rio Pardo, na região de Pau-Brasil, deixando diversas famílias de agricultores familiares e indígenas pataxó Hã-Hã-Hãe completamente ilhados. Com o acesso a estradas dificultado, foi feito um mutirão de esforços para realizar a entrega de alimentos à população, iniciativa que partiu do Secretário Nacional Indígena da CONAFER, Wenda Souza Santos.

Considerada a pior enchente dos últimos 35 anos, o excesso hídrico afetou a vida de mais de 470 mil pessoas em cerca de 72 cidades da Bahia, com rompimento de barragens, pontes submersas, estradas desmoronadas, pessoas desabrigadas, animais mortos e desaparecidos, casas inundadas e mais de 20 falecimentos. A situação dos indígenas da região sensibilizou a Confederação, que iniciou uma campanha de arrecadação de alimentos e apoio logístico para transporte dos itens doados ao TI Caramuru.

As cestas foram montadas por uma equipe liderada pela coordenadora de saúde indígena da Bahia, Sângela Araújo de Lemo, que acompanhou as entregas no local. Para Sângela, “é muito importante saber que em meio a um alagamento como esse você pode ajudar alguém e é algo muito gratificante também”. “Acredito que este tipo de ação não deveria ocorrer só nesses momentos e sim ser uma constante do nosso dia a dia, porque juntos nós somos mais fortes”, completou ela.

Impactos pós-enchentes

Mesmo com a redução das chuvas, o sofrimento da população de aldeias e cidades submergidas deve permanecer com as trágicas consequências, por muitos meses. Muitos agricultores perderam suas roças e lavouras pelo acúmulo de água no solo. Com terras encharcadas, a mandioca, por exemplo, foi toda perdida. Além do lixo e entulhos trazidos pelas águas e acumulados nas ruas, que podem transmitir diversas doenças.

Além de atenderem as vítimas das enchentes, as Unidades Básicas de Saúde (UBS) da região estão lotadas pela população adulta devido às gripes. Após sobrevoar a região, o Ministério da Saúde anunciou a distribuição de 100 mil doses de vacina contra a gripe para os afetados, além de vacinas contra a hepatite A.

Os transtornos gerados pelas enchentes também se manifestam com o aumento nos casos de doenças causadas pela proliferação de mosquitos, que vivem em água parada, como o Aedes Aegypti, capaz de transmitir dengue, chikungunya, zika, febre amarela e mayaro. Diante da situação, se faz necessário buscar formas de apoio e manifestação de solidariedade, que visem garantir a sobrevivência e a superação das dificuldades enfrentadas por esses povos.

Mais informações sobre como fazer a sua contribuição na campanha da Caramuru, para saber sobre os postos de coleta e outras formas de manifestação solidária aos atingidos pelas enchentes, podem ser obtidas com a coordenadora de saúde indígena, Sângela de Lemo, pelo telefone: (73) 8237-6235.