RESPIRE FUNDO: você sabe o que são biocombustíveis? veja suas vantagens e desvantagens

Secom CONAFER

Fernanda Rettore/Secom CONAFER

Uma das grandes discussões acerca do aquecimento global está no uso das energias não renováveis, como o petróleo, o carvão e o gás natural, e sua relação com a degradação da camada de ozônio. Por serem mais sustentáveis que as matérias fossilizadas, os biocombustíveis emergem como uma boa opção para atender as demandas energéticas do mundo moderno. Os combustíveis verdes, são fontes de energias alternativas que podem ser extraídas a partir de diversas matérias-primas, como a cana-de-açúcar, a mamona, o milho, a beterraba e, até mesmo, de resíduos agroindustriais, como o óleo vegetal ou o lixo urbano.

São considerados ecologicamente amigáveis, pois, além da extração diversa, possuem baixos índices de emissão de CO2 na atmosfera: as plantas absorvem o dióxido de carbono durante seu ciclo de crescimento, atuando como um contrapeso às emissões geradas durante a queima. A transformação dos resíduos agrícolas das biomassas em fonte de energia na produção dos biocombustíveis também desempenha um importante fator na redução do lixo do planeta. Destaca-se, ainda, o fato de serem biodegradáveis e a segurança tanto no seu manuseio quanto no armazenamento, superando os riscos associados ao derramamento dos combustíveis fósseis.

O Brasil é o segundo maior produtor de biocombustíveis do mundo, encontrando-se atrás apenas dos Estados Unidos. Os dois principais combustíveis renováveis líquidos produzidos e usados no nosso país, são o etanol e o biodiesel. O etanol é obtido a partir de matérias amiláceas ou açucaradas; sua produção acontece a partir da fermentação do amido ou dos açúcares presentes nos elementos orgânicos anteriormente citados. Já o biodiesel é obtido a partir de um processo químico em que óleos e gordura animal reagem com um álcool primário, metanol ou etanol. A utilização desse biodiesel é possível no lugar do diesel tradicional, desde que haja uma pequena modificação no motor do automóvel. 

Em nosso país, há diversas áreas designadas para o cultivo de espécies que são matérias-primas de biocombustíveis, que, além de viabilizar sua fabricação, asseguram reservas energéticas em caso de exaustão dos poços de petróleo. A produção e o uso dos combustíveis verdes contribuem para a diversificação da matriz energética e, dessa forma, reduzem a dependência aos combustíveis fósseis. Esse processo fortalece significativamente a segurança do setor de energia e reduz a volatilidade dos preços do barril de petróleo. 

Além disso, a cultura de plantas destinadas à manufatura de recursos energéticos biológicos é um impulsionador para as economias rurais, gerando oportunidades de trabalho e estimulando o crescimento do mercado em todo o país. Este impacto econômico positivo é particularmente visto em regiões agrícolas onde a fabricação de tais ativos eleva a renda na classe proletária. 

Outro aspecto social encorajador, está no baixo custo da pesquisa científica nessa área, que por não exigir investimentos excessivos torna-se acessível a entidades governamentais de nações emergentes. Ao priorizar a produção dos biocombustíveis, também se observa um aumento nos índices de exportação dos países fornecedores, o que contribui para uma balança comercial favorável.

Apesar das vantagens apontadas em relação à utilização dos biocarburantes, também existem desafios.Um dos principais pontos de preocupação em relação à produção dos biocombustíveis está relacionado à competição pela terra utilizada para a safra de alimentos. O aumento da demanda por áreas de plantio, pode desencadear uma inflação nos preços dos produtos alimentícios, resultando em possíveis impactos na segurança alimentar global. Além disso, a expansão das plantações das matérias-primas das biomassas, pode resultar na pressão de empresas pelo deslocamento de comunidades locais, gerando êxodos populacionais e conflitos territoriais. Adicionalmente, surgem inquietações acerca das condições laborais nas plantações. 

Além disso, mesmo que não seja emitido grande volume de CO2 na produção dos biocombustíveis, existe a emissão do dióxido de enxofre, gás também associado ao efeito estufa. Ainda, a queima do bagaço da cana-de-açúcar (resíduo agrícola) utilizada na fabricação do etanol, não deixa de ser questionável, visto que libera gases nitrogenados. A prática da agricultura química também é um fator preocupante, devido ao uso intensivo de fertilizantes e agrotóxicos nas plantas, existe um potencial de poluição dos lençóis freáticos. Outra desvantagem ambiental, está associada a grande necessidade de irrigação das plantações e ao desmatamento relacionado a criação de áreas para plantio, que resulta na perda de ecossistemas anteriormente capazes de absorver consideráveis quantidades de CO2, como as florestas tropicais. 

A controvérsia em torno dos biocombustíveis destaca a necessidade em abordar seus prós e contras para, de fato, promover práticas energéticas sustentáveis. A troca de combustíveis fósseis por combustíveis verdes é de extrema relevância nos dias de hoje, mas não deve ser considerada a solução final. Primeiramente, deve-se garantir segurança às comunidades vinculadas à sua produção, através de uma abordagem equilibrada que leve em consideração não apenas os benefícios econômicos, mas também os impactos ambientais e sociais. O caminho a seguir deve incluir políticas públicas para o desenvolvimento de pesquisas que impulsionem alternativas mais avançadas e eficientes na questão da sustentabilidade, com a promoção e implementação de tecnologias que não provoquem os desafios que os biocombustíveis ainda apresentam para o meio ambiente.

FONTES:

https://www.gov.br/anp/pt-br/assuntos/qualidade-de-produtos/biocombustiveis#:~:text=Biocombust%C3%ADveis%20s%C3%A3o%20derivados%20de%20biomassa,tipo%20de%20gera%C3%A7%C3%A3o%20de%20energia.

https://www.gov.br/anp/pt-br/assuntos/producao-e-fornecimento-de-biocombustiveis/etanol/apresentacao

https://www.gov.br/anp/pt-br/assuntos/producao-e-fornecimento-de-biocombustiveis/biodiesel/apresentacao

https://www.prp.unicamp.br/inscricao-congresso/resumos/2021P18896A36404O5277.pdf