“cooperados estão em local provisório, com espaço reduzido”
José Carlos Bossolan
Com mais de 90 dias passados do incêndio que consumiu o barracão, equipamentos e gerou prejuízos para às famílias que sobrevivem da separação e venda de materiais reciclados, a volta a normalidade ao que parece está longe de acontecer. No dia 25 de março, o sinistro consumiu praticamente tudo que às 54 famílias necessitavam para garantir seu sustento.
De lá para cá, o tempo foi passando, e hoje restaram 34 famílias vinculadas a Cooperandra (Cooperativa de Trabalho de Reciclagem de Resíduos Líquidos, Sólidos, Semi-Sólidos e Derivados da Cidade de Andradina). Na última segunda-feira (04/09), uma comissão da entidade estiveram na Câmara de Andradina pedindo ajuda dos parlamentares.
“Não somos contra a administração, só queremos voltar para o barracão que pegou fogo. Nós queremos ajuda, pois um dia um secretário fala uma coisa, o outra dá outra versão e ficamos aqui sem um prazo para voltamos para o nosso barracão, pois aqui temos espaço bem mais reduzido do que o anterior” – comentou a presidente da cooperativa, Roseli Alexandre Augusto, 43 anos, que obtêm sua renda com a reciclagem a 7 anos.
Segundo Romildo Evangelista de Souza, que é vice-presidente da Cooperandra e Wilson José de Camargo, tesoureiro da instituição, os prejuízos só em materiais reciclados consumidos pelas chamas, foi de aproximadamente R$ 60 mil. “Perdemos muita produção que estava pronta para a venda, os equipamentos e o barracão, mas neste em que estamos, falta espaço para podermos manusear os materiais, diminuindo nossa renda mensal” – relataram.
No dia 29 de março, a Câmara de Andradina repassou R$ 230 mil para os cofres da Prefeitura para ajudar na reforma das instalações, mas a reforma não saiu do papel. Segundo a secretária de Meio Ambiente, Leila Rodrigues, a parte que compete a sua pasta, já foi agilizado, onde a empresa Passador de Andradina, irá reformar uma esteira e uma prensa por R$ 57 mil, com prazo de entrega dos equipamentos em 40 dias, contados da próxima segunda-feira, cuja empresa irá buscar os maquinários.
Nossa reportagem entrou em contato com o secretário de Obras, Geraldo Pilla, para saber se há algum prazo definido para início e conclusão das obras do barracão – “toda a estrutura física, bem como organizacional daquele espaço está passando por estudos e logo será readequado” – disse o secretário, sem especificar um prazo.
Enquanto a Prefeitura de Andradina vai gastar mais de R$ 1,2 milhões para diminuir os espaços de estacionamento na rua Paes Leme, com mais três quarteirões do projeto Mall Street, obras que impactam diretamente na vida das pessoas, principalmente menos favorecidas financeiramente, não são prioridades no atual Governo de Andradina.
A subvenção social repassada a entidade que até ano passado era de R$ 20 mil por mês, segundo a cooperativa, diminuiu para R$ 16,8 mil. Leila Rodrigues disse que tal queda do repasse é em decorrência de desconto de impostos. Hoje cada coletor está recebendo em média algo em torno de R$ 1.700,00, mas antes do incêndio era em torno de R$ 2.300,00.
O espaço provisório em que os 34 cooperados estão utilizando, é menos amplo que o barracão cedido aos coletores em 2014 – “aqui é muito apertados, falta espaço para manusearmos os reciclados. Se estivéssemos no prédio antigo, teríamos mais condições de separar mais materiais durante as horas trabalhadas. A máquina que às vezes nos é liberada, muitas vezes se recusa em empurrar o material mais próximo da bancada, e esse serviço temos de fazer manualmente” – relataram os dirigentes da entidade.
Após o incêndio, às famílias receberam 2 cestas básicas do poder público municipal, 3 meses de auxílio financeiro no valor de R$ 500,00 e um mês de cartão de compra de R$ 150,00. Outra ajuda que os trabalhadores receberam naquele período veio do Supermercado Big Mart, doando 40 cestas e uma geladeira e um fogão do Sicredi e cestas do Sindicato dos Servidores Municipais.
Um dos barracões que pegaram fogo, foi construído com recursos dos recicladores e custou na época, R$ 70 mil. Uma esteira e 2 prensas, foram doadas pelo Rotary de Andradina. “Somos gratos a todas às ajudas que recebemos, mas acreditávamos que nosso período de sofrimento seria curto, mas hoje não sabemos se poderemos voltar em 30 dias, 60 dias, 90 ou até mais dias. Só queremos saber a data que poderemos voltar para o nosso local anterior” – relatou Roseli, dizendo que a secretária Leila sempre tem feito o possível para atender os pedidos do grupo.
Leila afirmou que no atual espaço, são cumpridas determinações do Corpo de Bombeiros e Vigilância Sanitária, com banheiros e locais de manuseio distantes dos locais do refeitório, entretanto no período em que nossa reportagem esteve no local, era perceptível odor do lixo despejado a céu aberto, cuja destinação não era a reciclagem, inclusive com diversos urubus nas dependências.
O descarte irregular de resíduos sólidos, já gerou multas de R$ 34.908,00 para a Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Andradina. Em novembro de 2021, foram R$ 14.545,00, em auto de infração e janeiro de 2022, outros R$ 20.363,00 emitidos pela Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo). A última multa emitida pela órgão governamental foi paga nesta quarta-feira (06/09), no valor de R$ 3.597,30 por queimada de resíduos sólidos ao ar livre, nocivos ou ofensivos a saúde.
Todos valores que a Cetesb autuou a Secretaria de Meio Ambiente, totalizam, R$ 38.505, 30.
BINGO
No próximo domingo (10/09), a cooperativa estará realizando bingo para arrecadar fundos para a entidade. O evento será no prédio da Funsef, com início às 9h, durando todo o dia, com pedaço de porco, caixa de cerveja, cesta de produtos de limpeza e perfume estão entre às premiações. Quem quiser ajudar com algum donativo, poderá entrar em contato com a Cooperandra e falar com a Roseli (18) 99687-6878 (celular/WhatsApp). O ex-vereador Joaquim Justino da Silva, doou uma bezerra para uma rifa que será comercializada pela entidade em breve.