Secom CONAFER
A Embrapa desenvolveu a partir da pitaia um corante vermelho-violeta intenso e natural, tudo com tecnologia limpa e que faz bem à saúde. A variedade desta pitaia é a Hylocereus polyrhizus (casca e polpa vermelhas), e foi pesquisada nos laboratórios da Embrapa Agroindústria Tropical (CE). O produto está pronto para elevação de escala tecnológica junto a empresas interessadas em sua produção como alternativa promissora para o bilionário mercado de corantes. Uma planta de pitaia pode produzir 20 quilos da fruta. No mercado a pitaia chega a ser vendida por R$ 40,00 o quilo. O alto valor pago pelo quilo da fruta, que pode variar dependendo da época do ano e da demanda, constitui um grande atrativo de produção para os agricultores familiares. A região sudeste do Brasil, está entre as principais produtoras, com destaque aos municípios de Socorro, Narandiba, Catanduva, Cedral e Arthur Nogueira, que são responsáveis por mais de 50% da produção oriunda do estado de São Paulo, o maior produtor de pitaia do país
De todas as vantagens listadas pelos inventores da tecnologia, a mais impressionante é, sem dúvidas, a cor do produto, que, dependendo da concentração, pode conferir diferentes nuances de vermelho, violeta e rosa. “É um insumo com características muito interessantes para os mercados alimentício e de cosméticos”, diz um dos criadores da novidade, o pesquisador Guilherme Julião Zocolo, coordenador do projeto.
Ele explica que, nos últimos anos, as empresas têm migrado do uso de corantes artificiais para naturais, embora os primeiros apresentem menores custos de produção e características tecnológicas desejáveis. O consumidor tem rejeitado os corantes artificiais pela associação a doenças e a impactos ambientais. O novo produto é uma alternativa para substituição ao carmim de cochonilha, o corante vermelho natural mais utilizado pela indústria, mas que é reprovado pelo mercado plant based por ser produzido a partir de um inseto.
Outro fator que pesa contra esse corante é a possibilidade de causar alergia em algumas pessoas. Nos mercados norte-americano e europeu, a indústria alimentícia é obrigada a informar em seus rótulos a presença de carmim de cochonilha para evitar reações em pessoas alérgicas. A pitaia também é uma opção vantajosa quando comparada à beterraba, única alternativa usada em larga escala para a cor vermelha além do carmim de cochonilha. Ao contrário da beterraba, o corante a partir da pitaia não apresenta aroma ou sabor que exija processos adicionais para sua neutralização.
A beterraba possui geosminas e pirazinas, moléculas que conferem sabor terroso e os diversos processos industriais exigidos para contornar esse efeito são dominados por poucas grandes empresas. A cor intensa do novo corante permite diversos nuances de vermelho, violeta e rosa, de interesse para as indústrias alimentícia e de cosméticos. O produto baseia-se nos princípios da Química Verde e da bioeconomia, e portanto, gera mais valor e renda aos seus produtores.