“58% dos agentes do mercado acham pacote de corte de gastos nada satisfatório e 42%, pouco satisfatório”
Camila da Silva/G1
A reprovação do governo Lula (PT) entre os agentes do mercado financeiro cresceu e chegou a 90%, segundo uma pesquisa Quaest divulgada nesta quarta-feira (4). No último levantamento, feito em março, a reprovação era de 26%. Outros 3% avaliam o governo Lula como positivo (eram 6% em março) e 7%, como regular (eram 30%).
O levantamento ouviu 105 gestores, economistas, analistas e tomadores de decisão do mercado financeiro em fundos de investimento com sede em São Paulo e no Rio de Janeiro entre os dias 29 de novembro a 3 de dezembro. A margem de erro é de 3,4 pontos percentuais para mais ou para menos. O levantamento foi encomendado pela Genial Investimentos.
Números são reação a pacote de gastos, diz diretor da Quaest
Para o diretor da Quaest, Felipe Nunes, os números representam um forte alta na reprovação do governo Lula e a reação do mercado financeiro ao pacote de corte de gastos apresentado na semana passada. Entre os entrevistados 86% acreditam que Lula está preocupado com sua popularidade e 29%, com o equilíbrio das contas públicas.
A avaliação do Congresso também piorou, segundo Nunes, e uma possível explicação é que o mercado acredita que a isenção de imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil deve ser aprovada, mas o aumento da tributação para quem ganha mais de R$ 50 mil por mês, não. “Ou seja, o Congresso não parece mais ser visto pelo mercado como o ator fiscalista do país”, afirma Nunes.
Haddad
A pesquisa também mostra que 41% dos entrevistados avaliaram como positivo o trabalho do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, 9 pontos percentuais abaixo do resultado de março (50%). 24% enxergam o trabalho do ministro como negativo (eram 12% em março) e 35%, como regular (eram 38%). Para 61% dos agentes do mercado financeiro, a força de Haddad está menor do que no início do mandato (eram 14% em março); 35%, veem como igual; e 4%, como mais forte neste período.
58% acham pacote fiscal nada satisfatório
Segundo a Quaest, 58% consideram o pacote fiscal nada satisfatório e 42%, pouco satisfatório. 67% dos entrevistados disseram que, após o pacote ser anunciado, vão aumentar investimentos no exterior, 30%, manter e 3%, diminuir. Para 85% agentes do mercado financeiro, a isenção do imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil salários mínimos – anunciada junto com o pacote – tende a prejudicar a economia brasileira (15% acham que tende a ajudar).
99%, por outro lado, avaliam que o fim da morte ficta – pensão paga a famílias de militares expulsos –, tende a ajudar a economia brasileira. Em relação ao novo arcabouço fiscal, modelo de equilíbrio das contas públicas adotado no início do governo Lula (PT) em substituição ao teto de gastos que vigorava desde a gestão de Michel Temer (MDB), 58% acham que não tem nenhuma credibilidade e 42%, pouca credibilidade.
Segundo o levantamento, a maioria dos agentes acredita que o arcabouço não se sustenta no longo prazo.
Congresso
Os agentes também foram perguntados sobre o desempenho do Congresso Nacional. Veja os números
- 41% avaliam como negativo (eram 17% em novembro de 2023)
- 38% como regular (eram 45%)
- 21%, como positivo (eram 41%)