Prefeitura de Andradina em meio à crise da Covid mantém “puxadinho” para pacientes da Covid

“sem leito disponível, pacientes ficam em local desestruturado”

José Carlos Bossolan

Desde o anuncia da Prefeitura de Andradina em mudar às instalações da CAC (Central de Atendimento à Covid) do antigo prédio do Centro de Hemodiálise para um “puxadinho” de lona (tenda alugada) anexo a UPA (Unidade de Pronto Atendimento Médico) de Andradina, a quantidade de casos e óbitos continuam aumentando.

“Hoje vivemos um momento de baixa em que a doença não apresenta muitas internações então chegou a hora de transferirmos o nosso CAC para o UPA, que possui uma estrutura ativa capaz de receber o CAC, com instalações de oxigênio e até mesmo um gerador próprio de energia. No novo CAC será 24 horas” – justificou o prefeito Mário Celso em matéria publicada no site da Prefeitura em 28 de abril.

No mesmo dia em que o prefeito de Andradina afirmara que o quadro de pacientes que necessitavam de internação havia diminuído, a Santa Casa de Andradina informava por meio de seu boletim diário (28/04) que dos 9 leitos disponíveis na enfermaria, todos estavam ocupados, e também os 10 de UTI (Unidade de Terapia Intensiva), estavam com lotação máxima, dos quais 8 pacientes estavam em respiradores.

Os 2 Boletins Epidemiológicos da Vigilância Epidemiológica de Andradina, antes do anúncio do prefeito em troca o CAC de local, já demonstravam aumento do número de infectados e de óbitos. No boletim de 15 de abril, Andradina tinha 4.561 pessoas infectadas pela Covid-19, com 171 óbitos. Já o boletim do dia 22 de abril (uma semana antes), os contaminados pela doença eram 4.810, contra 186 mortes.

E a doença veio evoluindo em cada Boletim divulgado. Em 29 de abril, eram 4.994 confirmados e 195 óbitos e de 5.110 casos confirmados em 06 de maio e 203 óbitos. Dia 13 de maio, em novo aumento, 5.282 pacientes estavam confirmados com a Covid-19 e 211 haviam ido a óbito. No último Boletim divulgado (20/05), Andradina registrava 5.464 confirmados e 218 óbitos, sendo 182 novas pessoas infectadas pela Covid-19 e 7 mortes em uma semana.

Um vídeo distribuído na semana passada, o médico e coordenador do CAC, Raphael Pugliese, fez a apresentação da estrutura do local, onde os pacientes da Covid-19 são atendidos. “Covid é uma doença viral, que a gente tem enfrentado nesse último ano. É, tivemos alguns aumentos recentes, estamos novamente entrando no aumento” – disse o médico, aparentemente desconfortável em participar do vídeo institucional.

Na triagem dos pacientes, uma tenda foi montada no local onde funcionava o estacionamento das ambulâncias da UPA, sendo colocadas cadeiras na calçada e uma mesa para preenchimento de ficha de atendimento. Raphael Pugliese informou que a unidade está dotada de 3 leitos com suporte de UTI (o médico não mostrou os respiradores que a Prefeitura comprou e que segundo vereadores, estariam encaixotados, sem utilização).

“Aqui é uma unidade que está pronta para dar todo o atendimento necessário. Nós temos todos os recursos na parte de medicamentos, estrutura de ventilador para pacientes graves, que funciona como se fosse uma UTI, com todo recurso de UTI. É graças a Deus não temos tido tão casos graves nos últimos dias, porém estamos preparados caso venha algum paciente necessitando para poder atender, prestar atendimento inicial até conseguir internação em uma unidade hospitalar” – concluiu o coordenador do CAC, em aparente desconforto em participar da filmagem.

O último Boletim Epidemiológico de Andradina divulgado na quinta-feira (27/05), demonstra que o município possui 5.582 pessoas infectadas e 225 mortes. Desde quando Mário Celso e o secretário da Saúde, João Leme decidiram levar a CAC para o “puxadinho” na garagem da UPA, Andradina somou mais de 772 novas pessoas infectadas e 39 pessoas morram em decorrência da Covid-19, demonstrando que diferentemente do anunciado, Andradina continuo em alta de contaminação e óbitos.

Mário Celso e seus asseclas também anunciaram criação de 20 leitos de UTI no CAC em março, quando ficou demonstrado que tal medida não passou de “mera propaganda enganosa” em meio a uma pandemia séria e em evolução. O anúncio de compra de usina de oxigênio também não passou de aluguel do equipamento por 6 meses.

Na segunda-feira (31/05), o vereador Fabrício Mazotti fez duras críticas a gestão da saúde de Andradina e desafiou o secretário da Saúde e médico, João Leme a ser atendido no local em caso de contágio e que iria se tratar em São Paulo. Mário Celso Lopes, antes de tomar posse como prefeito ao ser diagnosticado com a Covid-19, fez tratamento em um dos hospitais com custo alto do país na capital paulista.

O vereador professor Luzimar também usou a tribuna e sua rede social para discordar da mudança da Central Covid para às dependências da UPA. Segundo informações de uma fonte da Prefeitura, na segunda-feira (31/05) e nesta terça-feira, os secretários municipais, Ernesto Júnior e Norival Nunes fizeram reuniões com representantes da Santa Casa de Andradina para tentar novamente a cessão do espaço da Hemodiálise, e assim retornar a Central Covid para a antiga acomodação, sem a participação do secretário da Saúde, João Leme, embora seja o responsável pela área.

Enquanto a vacina não chega em quantidade suficiente para imunizar toda população, a tendência é que a saúde de Andradina passe a ser gerenciada com mais ações concretas, a falácias apresentadas até aqui. Segundo dados do Prodesp (empresa de Tecnologia do Governo de São Paulo), 28.534 doses de vacinas foram distribuídas para o município de Andradina. Às doses aplicadas até esta quarta-feira (02/06) foram de 25.456, sendo 15.981 vacinados com a 1ª dose e 9.475 imunizados com a 2ª dose.

Nesta quarta-feira (02/06), tanto a Santa Casa de Andradina, quando o Hospital Estadual de Campanha – AME Andradina, estão com a lotação completa, sendo registrado um óbito em decorrência da complicação da doença.