José Roberto de Toledo/UOL
Pesquisa inédita do Ipec (ex-Ibope) revela que a popularidade média dos prefeitos está mais alta do que a do presidente da República. Na média do Brasil, os prefeitos são avaliados positivamente por 38% dos eleitores de suas cidades, contra 24% de avaliações negativas. Logo, os prefeitos têm saldo positivo de popularidade de 14 pontos (avaliações “ótimo” + “bom” menos “ruim” + “péssimo”).
Já o governo federal tem saldo positivo de apenas 1 ponto: 33% de avaliações positivas contra 32% de negativas, segundo o Ipec. Veja abaixo o programa na íntegra. A popularidade dos prefeitos supera a de Lula em três regiões:
A diferença é maior no Sul, onde Lula tem saldo negativo de 18 pontos (42% de avaliação negativa contra 24% de positiva), enquanto os prefeitos tem saldo de 25 pontos (45% positivo a 20%). No Norte/Centro-Oeste a vantagem média dos prefeitos também é grande: 17 pontos de saldo positivo contra 5 pontos negativos de Lula.
No Sudeste, a diferença cai, mas ainda favorece os governantes municipais: 10 pontos positivos de saldo contra 3 pontos negativos do governo federal. A única região onde Lula é mais popular do que a média dos prefeitos é o Nordeste – Lula tem saldo positivo de 24 pontos entre os eleitores nordestinos, enquanto o saldo dos prefeitos da região é dez pontos menor: 14 pontos.
Isso quer dizer que Lula é carta fora do baralho na eleição municipal? Longe disso. Faltam mais de seis meses para a eleição e o presidente tem tempo para reverter a perda de popularidade. A pesquisa do Ipec revela uma média nacional e regional, mas a amostra não permite extrair comparações por cidade.
Nas cidades do interior e nos entornos das regiões metropolitanas, Lula tem saldo ligeiramente positivo: 2 e 3 pontos, respectivamente.
Na cidade de São Paulo, pesquisa Datafolha mostrou que embora o apoio do presidente a um candidato afaste 42% dos eleitores paulistanos, sua influência é mais benigna do que a do antecessor:
63% dos eleitores paulistanos não votariam em um candidato apoiado por Jair Bolsonaro. Apenas 17% votariam com certeza no candidato bolsonarista, e outros 19% talvez votassem. Já o apoio do atual presidente ajudaria seu candidato entre a maioria absoluta dos eleitores de São Paulo (24% votariam com certeza e 31% poderiam votar em um candidato apoiado por Lula).
Esse é o dilema do prefeito candidato à reeleição em São Paulo. Ricardo Nunes chegou a um empate técnico com o Guilherme Boulos, o candidato de Lula, graças ao eleitorado bolsonarista. Mas, à medida que mais eleitores paulistanos descobrirem que ele é o candidato de Bolsonaro, a rejeição ao prefeito tende a aumentar.
Enquanto Nunes vai ter que esconder Bolsonaro, Boulos pode expor o apoio de Lula o quanto quiser.