PESCADORES DA CONAFER: em Cabeceiras do Piauí, limpeza das margens do Marataoan é lição de consciência ambiental às futuras gerações

Secom CONAFER

Levar a ideia de sustentabilidade para além da prática da pesca. É o que tem feito o Sindicato dos Pescadores e Pescadoras Artesanal (SindPesca) de Cabeceiras do Piauí, distante 100 km da capital Teresina, ao reunir, anualmente, os filiados e associados da CONAFER para a realização do Dia da Limpeza das Margens do Rio Marataoan. Para realizar a coleta, os pescadores fazem o percurso de 20 km nas bordas do rio, entre as duas barragens do município, Pedra Branca e Caboclo, recolhendo mais de 100 sacos de 105 litros de detritos sólidos, como garrafas pet e de vidro, latas, roupas inutilizadas, além de produtos químicos, incluindo água sanitária e sabão em pó, esquecidos por lavadeiras que frequentam o local. O projeto foi iniciado em 2014, pela presidente do SindPesca, Raimunda Lima da Silva, e tem como objetivo manter e assegurar a existência plena do rio, a sua rica biodiversidade, dando exemplo às próximas gerações de pescadores da comunidade, e para mais de 1 milhão de outros profissionais espalhados pelos rios e mares do país. O próximo dia da limpeza será realizado no mês de outubro, no dia 22, contando com uma adesão maior de participantes entre os mais de 400 associados

“Pescadores do SindPesca realizam limpeza das margens do Rio Marataoan em Cabeceiras do Piauí”

São muitas lições que os pescadores da CONAFER vêm ensinando. Além de preservar a diversidade do bioma com ações de mutirão de limpeza como este, ter uma água limpa e própria para o consumo é importante em muitas comunidades que não têm acesso à água tratada. Outra preocupação é evitar o transbordamento do rio em épocas de chuvas, retirando lixo acumulado que aumenta o risco de enchentes.

Embora a sociedade esteja cada vez mais consciente sobre o impacto de suas ações no meio ambiente, ainda é grande a quantidade de pessoas que não se sensibilizam com relação ao descarte apropriado de resíduos sólidos, colocando em perigo a vida aquática em rios e mananciais. Para proteger a biodiversidade e garantir o sustento das famílias de pescadores artesanais e ribeirinhos da cidade de Cabeceiras do Piauí, o Sindicato de Pescadores e Pescadoras Artesanal (SindPesca) reúne, anualmente, seus filiados e associados da CONAFER, para realizar o dia da limpeza na margem do Rio Marataoan.

Segundo informações do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), que determina a agenda ambiental de países Estados-Membros da ONU, no mundo inteiro os ecossistemas produtores de água estão fragilizados e há risco para as próximas gerações de escassez de água para consumo humano.

“Alagamento em 2018 – foto: Francisco Rocha/R10”

O projeto foi iniciado pela presidente do SindPesca, Raimunda Lima da Silva, no ano de 2014, e é realizado em duas etapas. A última limpeza, realizada no mês de outubro, foi iniciada na barragem da Pedra Branca, onde os filiados percorreram cerca de 10 km, realizando a coleta de garrafas pet e de vidro, latas, roupas inutilizadas, além de produtos químicos como água sanitária e sabão em pó, esquecidos por lavadeiras que frequentam o local. Os 100 pescadores dos 400 filiados ao sindicato, retiraram 100 sacos de 105 litros de detritos sólidos das margens do rio.

Na segunda etapa da limpeza, que ocorreu no início do mês de novembro, os pescadores e pescadoras caminharam por mais 10 km em direção a barragem do Caboclo, encerrando a coleta. O próximo dia da limpeza das margens está previsto para o dia 22 de outubro deste ano de 2022, e deve contar com a adesão de uma quantidade maior de pescadores e pescadoras artesanais, que devido a pandemia deixaram de estar presentes na ação.

Apesar de conter 12% da reserva de água doce mundial, o ecossistema hídrico do Brasil sofre constante ameaça devido ao despejo de metais pesados, dejetos domésticos e lixo em seus rios e mananciais. O detrito descartado em vias públicas causa problemas na infraestrutura de cidades e alagamentos, e nos rios, tornam-se uma ameaça às espécies e biodiversidade, além de contaminar a água potável, ocasionando doenças em seres humanos e animais.

Só existe uma forma de mudar esta triste realidade: agir em comunidade, unindo forças e inspirados na ideia de proteger o rio e sua vida aquática, fonte de renda das famílias ribeirinhas, realizando ações concretas como o SindPesca vem fazendo. Em um momento em que o mundo inteiro enfrenta desastres ambientais e mudanças climáticas, manter as margens dos rios é uma medida urgente e necessária para evitar as enchentes nos excessos hídricos, que causam bloqueios no acesso ao município, causando transtornos em toda a comunidade.

Além disso, ao chegar nos rios, esses detritos podem causar a morte de espécies, que confundem o lixo com alimento, e até mesmo dificultar sua reprodução, além de retirar o oxigênio vital para vida de todas as espécies. Para a presidente do SindPesca, Raimunda Lima da Silva, “a limpeza ajuda a garantir que as águas do Rio Marataoan possam ser utilizadas pelas gerações vindouras de pescadores e pela sociedade em geral”.

“À esquerda na foto, a presidente do SindPesca, Raimunda Lima da Silva, responsável pelo projeto, que é feito anualmente desde 2014”

“Nós pescadores vivemos do peixe e precisamos colaborar para que eles continuem se reproduzindo devidamente, mantendo a qualidade das águas, deixando-as limpas e apropriada para consumo”, completa a presidente.