+PECUÁRIA BRASIL: em pesquisa Embrapa, cereais de inverno associados ao melhoramento genético melhoram a qualidade da carne

Secom CONAFER

A tecnologia da inseminação artificial atua no aumento de produção de arrobas por hectare, no tamanho da carcaça, na fertilidade, na eficiência alimentar, na resistência a doenças, em resumo: o melhoramento genético atua diretamente na qualidade da carne. Agora, um estudo divulgado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) no último dia 17 de maio, revela como a inclusão de cereais de inverno na nutrição de bovinos, quando combinadas ao melhoramento genético desses animais, podem produzir carnes nobres. O uso de cereais como trigo, triticale, aveia e cevada, além de ajudarem a suprir a escassez de forragens, comum à estação de inverno devido ao período de estiagem, podem servir de alternativa ao uso do milho, consolidando-se como uma opção mais rentável e sustentável aos pecuaristas

Pesquisas realizadas pela Empresa, em paralelo, revelam que uma alimentação com baixo teor nutritivo, resulta em uma baixa proporção de gordura e pouco aproveitamento da carne, por isso dietas, com alto teor de energia, devem ser oferecidas a estes animais, a fim de que a eficiência produtiva seja aumentada. Com o mercado de carne vermelha sempre competitivo, carnes como costela, maminha, picanha, fraldinha, alcatra, coxão mole, coxão duro, filé-mignon e patinho, precisam obedecer a requisitos mais rigorosos de qualidade, como coloração, sabor, suculência e maciez. E assim atender às exigências do mercado consumidor. Com isso, cabe ao produtor interessado em otimizar a qualidade de seus produtos, gerir o conjunto de fatores que asseguram a elevação desses atributos, a exemplo do melhoramento genético, bem-estar animal, seu sistema de criação e terminação, e a sua nutrição, que possui um papel preponderante na obtenção desses resultados.

“Com o mercado de carne vermelha sempre competitivo, carnes como costela, maminha, picanha, fraldinha, alcatra, coxão mole, coxão duro, filé-mignon e patinho, precisam obedecer a requisitos mais rigorosos de qualidade, como coloração, sabor, suculência e maciez”

De acordo com a pesquisa realizada pela Embrapa Pecuária Sul (RS), além das características genéticas, a alimentação dos bovinos atua diretamente na característica da carne, de modo que a alimentação só com pastagens, ou com grãos, é capaz de produzir resultados diferentes, interferindo no tipo de gordura formada no corpo do animal e modificando atributos como aroma e sabor.

Segundo o estudo, como estes animais são naturalmente adaptados para realizarem a digestão de fibras, presentes nas pastagens, ao terem sua alimentação modificada com a inclusão de grãos, é exigido de seus organismos uma adequação para ajustar a digestão à nova alimentação, o que resulta na formação de gorduras diferentes.

“Dietas direcionadas ao gado de corte que oferecem grandes quantidades de forrageiras, são capazes de produzir uma gordura mais saudável nestes animais, gerando carnes com maiores teores de ácidos graxos, a exemplo do ômega 3, considerada uma gordura boa para a alimentação humana, capaz de agir como um potente anti-inflamatório e na prevenção de doenças cardiovasculares

Além disso, as pastagens possuem uma molécula, de tom amarelado ou alaranjado, chamada de carotenoide, que confere cor amarela à gordura do animal, sendo que os bovinos criados em confinamento possuem gordura mais esbranquiçada. Já a cor da carne é influenciada pela quantidade de uma proteína, conhecida como mioglobina, acumulada em seus músculos, de modo que quanto mais o animal caminha e oxigena a sua musculatura, maior a presença dessa proteína no músculo, propiciando uma tonalidade de vermelho mais intenso na sua carne.

Dietas direcionadas ao gado de corte que oferecem grandes quantidades de forrageiras, são capazes de produzir uma gordura mais saudável nestes animais, gerando carnes com maiores teores de ácidos graxos, a exemplo do ômega 3, considerada uma gordura boa para a alimentação humana, capaz de agir como um potente anti-inflamatório e na prevenção de doenças cardiovasculares. É por meio da coloração da carne, que os consumidores, cada vez mais exigentes e seletivos, definem sua preferência de compra do produto, sendo posteriormente fidelizado por outros atributos sensoriais como o aroma, a maciez e a suculência, devendo este requisito, portanto, ser o foco de atenção dos produtores de corte.

Portanto, a nutrição do animal ganha ainda mais importância. Porém, a produção de forrageira no Brasil sofre a interferência de fatores como as condições climáticas e o próprio ciclo de crescimento das espécies de forrageiras, transformando a alimentação dos bovinos em um desafio para os produtores rurais durante o período de escassez. Já os grãos, embora também sejam afetados pelos períodos de déficit hídrico, é cultivado no país em até três safras, de modo que a sua colheita pode ser estendida por todo o ano agrícola, ajudando o pecuarista nos períodos de baixa produtividade das pastagens, e agregando maior valor nutricional às carnes do rebanho.

Em 2021, a safra de trigo atingiu a marca de 7,7 milhões de toneladas, com destaques em sua produção para os estados do Rio Grande do Sul, Paraná e São Paulo. Este cereal vem ganhando espaço nas propriedades pecuárias, sendo frequentemente usada na alimentação dos rebanhos durante o vazio outonal e no inverno, como alternativa à redução da disponibilidade de pastagens, na forma de pastejo, silagem e pré-secado, potencializando a engorda de gado, e aumentando a produção de leite, com a vantagem da redução custos e elevação da eficiência das propriedades, produzindo matéria seca de qualidade e em quantidade durante todo o ano.

A Embrapa disponibiliza aos produtores rurais as cultivares de gramíneas e leguminosas forrageiras, tanto de inverno como de verão, anuais e perenes, com picos de produção em diferentes épocas do ano que, que ao serem associadas às práticas de manejo, podem fornecer alimento de alto valor nutritivo em sistema de integração lavoura-pecuária (ILP). É o planejamento do produtor rural, incluindo-se suas estratégias de manejo na produção de silagem e pastagem de grãos, que irão proporcionar ganhos na qualidade da carne. E, entre as espécies que estão sendo testadas nessas mesclas, por exemplo, a aveia se apresenta como uma alternativa importante nestes sistemas de produção.

Com informações da Embrapa.