“foguete explodiu matando 21 profissionais que trabalhavam no local”
José Carlos Bossolan
Nesta terça-feira (22), completa 20 anos do maior acidente da história do Programa Espacial Brasileiro, levando a óbito 21 profissionais no Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), espaço, localizado no norte do Maranhão. O acidente ocorreu três dias antes do lançamento, que colocaria em órbita dois pequenos satélites para aplicações científicas: o Satec (Satélite Tecnológico), desenvolvido pelo Inpe, e o Unosat, da Universidade Norte do Paraná (Unopar), aconteceu às 13h26.
De acordo com o registro, no dia 22 de agosto de 2003, o foguete Veículo Lançador de Satélites (VLS), que levaria para o espaço o primeiro satélite de fabricação nacional, passava por ajustes finais da Torre Móvel de Integração (TMI) quando uma ignição prematura de um dos motores resultou na explosão do protótipo de 21 metros de altura.
A causa apontada pelo relatório final de investigação, concluído pelo Comando da Aeronáutica em fevereiro de 2004, foi um “acionamento intempestivo” provocado por uma pequena peça que ligava o motor. Inaugurado em março de 1983, o Centro de Lançamento de Alcântara é local privilegiado para o lançamento de foguetes a órbita, pois se encontra na linha do Equador.
Entre diversos fracassos e acidentes envolvendo o lançamento de foguetes na CLA, em 2003 no primeiro mandato do presidente Lula, foi criado a parceria com a Ucrânia para o lançamento de foguetes. Porém a parceria nunca lançou se quer um foguete a órbita. Em 2009, os Estados Unidos da América anunciaram que não apoiava a iniciativa brasileira em possuir tecnologia para lançamento de foguetes.
A restrição dos Estados Unidos está registrada em telegrama que o Departamento de Estado enviou à sua embaixada em Brasília, em janeiro de 2009, onde escreve – “Não apoiamos o programa nativo dos veículos de lançamento espacial do Brasil. … Queremos lembrar às autoridades ucranianas que os EUA não se opõem ao estabelecimento de uma plataforma de lançamentos em Alcântara, contanto que tal atividade não resulte na transferência de tecnologias de foguetes ao Brasil”, cujo documento foi revelado pelo WikiLeaks em 2011.
“Os Estados Unidos também não permitem o lançamento de satélites norte-americanos (ou fabricados por outros países mas que contenham componentes estadunidenses) a partir do Centro de Lançamento de Alcântara, “devido à nossa política, de longa data, de não encorajar o programa de foguetes espaciais do Brasil” – dizia o documento.
Mas em 2019, o Governo Michel Temer encerrou definitivamente a parceria com a Ucrânia e abriu caminho para os Estados Unidos fazerem uso do Centro de Lançamento de Alcântara. O acordo no qual foi aprovado pelo Congresso Nacional, permite que os norte- americanos utilizam a área para pesquisa científica e lançamento de foguetes, espaçonaves e satélites com tecnologias norte-americanas.
Em fevereiro de 2020, o então presidente Jair Bolsonaro promulgou o acordo como os norte-americanos. Em Alcântara é permitido o uso na base por empresas comerciais. Ao todo, são 11 parceiros no local, sendo grande maioria norte-americanas.
Em março deste ano, o foguete sul-coreano HANBIT-TLV foi lançado a órbita no centro sediado no Maranhão. Segundo a Força Aérea Brasileira (FAB), este foi o 500º lançamento, a partir da base instalada no Maranhão. “O veículo levou a bordo carga útil desenvolvida 100% no Brasil em um voo que durou 4 minutos e 33 segundos”.