MULHERES NO CAMPO: atuação feminina é decisiva na produção agrofamiliar com sustentabilidade

Secom CONAFER

No Brasil e no mundo, as mulheres do campo são fundamentais para a sustentabilidade ambiental. Seus valores em relação ao respeito pela natureza e cuidados com seu ambiente, fazem a diferença em um momento tão decisivo para o futuro climático do planeta. Ao desempenhar suas atividades no dia a dia, suas ações são importantes no enfrentamento de eventos climáticos, como secas e inundações. Isto porque o cuidado e a conexão com tudo o que está ao seu redor é parte da natureza feminina, capaz de lidar com múltiplas situações de forma simultânea. São elas também o público mais impactado pelas mudanças climáticas e suas consequências. Diante disso, suas contribuições se estendem não apenas ao papel de educadoras de crianças e jovens sob sua guarda, mas também com a educação doméstica orientadoras das práticas agroecológicas que norteiam a agricultura familiar, e que, com frequência, ficam sob sua responsabilidade. A CONAFER se orgulha de suas agricultoras associadas pela dedicação ao trabalho de agricultar, de sempre mesmo com expressiva carga de trabalho, manterem-se na luta por autonomia, pela direito à posse da terra onde se planta e se colhe o sustento de todos

Mulheres são 72% da população mais vulnerável no mundo

Segundo informações divulgadas recentemente pelo Painel Intergovernamental sobre mudanças climáticas (IPCC), as mulheres representam cerca de 72% do total de pessoas que se encontram em situação de vulnerabilidade social no mundo. No campo, a forte presença feminina provoca rupturas nos modelos tradicionais de agricultura familiar, que articuladas proporcionam a visibilidade do trabalho feminino na produção agroecológica e sua luta para efetivação da garantia de seus direitos.

Historicamente, a desigualdade de gênero no meio rural é ainda mais significativa, devido principalmente aos fatores históricos da nossa educação e formação social. Outras questões contribuem para este isolamento da parte social mais desenvolvida, como a falta de acesso à água, eletricidade e infraestrutura, que chegam sempre tardiamente no campo. O acesso às novas tecnologias na agricultura familiar mudam a realidade na vida das agricultoras brasileiras, impactando na forma como suas atividades são desempenhadas, sem prescindir dos valores ambientais, sobretudo entre as populações tradicionais.

O trabalho feminino com a produção agroecológica familiar é destaque em atividades agrícolas de comercialização, como o Programa Nacional de Aquisição de Alimentos (PAA). Desde a implantação da nova política rural no país, em 2003, houve uma contribuição expressiva de mulheres produtoras, diminuindo o poder masculino no que se refere à concentração de renda e à centralidade do poder de decisão sobre o uso dos recursos nas atividades produtivas do campo.

O conceito de sustentabilidade vai além da gestão dos recursos naturais e inclui o enfrentamento de injustiças socioambientais por motivos financeiros, raciais, étnicos ou de gênero. Com esta ideia, sua busca deve ultrapassar os aspectos de gestão de recursos e manutenção dos negócios, e abranger questões como qualidade de vida, igualdade de acesso à saúde, educação, emprego e representação política, o que viabiliza a participação ativa das mulheres no combate às mudanças climáticas causadas pelos sistemas produtivos conservadores, reduzindo a insegurança alimentar e protegendo a natureza.

A CONAFER tem milhares de agricultoras e empreendedoras rurais familiares associadas em todo o país. Em seus projetos de sustentabilidade, as mulheres são essenciais, devido principalmente à forma como elas contribuem em suas comunidades. De acordo com o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) no Brasil, as mulheres pagam os preços mais altos na perda de colheita, falta de água e destruição de habitações, por serem maioria da força de trabalho na agricultura e possuírem menos mobilidade e acesso ao trabalho e à renda.

A Confederação vê na força de suas associadas pescadoras artesanais, lavouristas assentadas, quebradeiras de coco babaçu, pecuaristas do leite, artesãs indígenas, fruticultoras, em todas as categorias de agricultoras familiares, a força de quem empreende na terra pelo desenvolvimento sustentável e a soberania alimentar do país.

Estas mulheres semeiam um futuro melhor para suas famílias, fortalecendo as relações sociais em favor da sustentabilidade. Pelas mãos delas, a forma de conviver em sociedade terá a colheita da evolução. A ética feminina tem no cuidado, na defesa da vida e das relações pacíficas entre as pessoas e o meio ambiente, a contribuição mais importante à causa da sustentabilidade.