Mesmo sob críticas do Governo e setor empresarial, BC mantém Selic em 13,75%

“Copom permanece pela quinta vez consecutiva com taxa inalterada”

José Carlos Bossolan

Pela quinta vez consecutiva e sob fortes críticas do Governo Lula e de setores produtivos e empresariais do país, o Copom (Comitê de Política Monetária), do BC (Banco Central) manteve a taxa Selic em 13,75%. Em comunicado, o Copom informou que o ambiente internacional se deteriorou desde a última reunião do órgão, com bancos nos Estados Unidos e na Europa em problemas e com a inflação na maioria dos países não cedendo.

A taxa de juros elevadas, dificultam a recuperação econômica do país e serve de referência para as demais taxas de juros da economia. Ao reajustá-la para cima, o Banco Central segura o excesso de demanda que pressiona os preços, porque juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. Os juros maiores encarecem o crédito e desestimulam a produção e o consumo.

O presidente Lula vem criticando a manutenção dos juros elevados – “Vou continuar tentando brigar para que a gente possa reduzir a taxa de juros, para que a economia possa ter investimento. Uma coisa que eu acho absurda é a taxa de juros estar a 13,75%, num momento em que a gente tem o juro mais alto do mundo, num momento em que não existe uma crise de demanda, não existe excesso de demanda” – disse o presidente na terça-feira (21/03).

A taxa básica de juros é usada nas negociações de títulos públicos no Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic). Ao reduzir os juros básicos, o Copom barateia o crédito e incentiva a produção e o consumo, mas enfraquece o controle da inflação. Para cortar a Selic, a autoridade monetária precisa estar segura de que os preços estão sob controle e não correm risco de subir.

O presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Josué Gomes da Silva, também fez duras críticas a política monetária atual do BC – “Esta não é uma boa explicação das pornográficas taxas de juros que praticamos no Brasil, e, se não abaixarmos as taxas de juros, de nada vai adiantar fazermos políticas industriais” – declarou o empresário na segunda.

A justificativa do Copom é que a medida serve para conter a inflação. De acordo com o boletim Focus, pesquisa semanal com instituições financeiras e divulgada pelo BC, a inflação oficial deverá fechar o ano em 5,75%. Há um mês, as estimativas do mercado estavam em 5,89%. A elevação da taxa Selic ajuda a controlar a inflação.

Por outro lado, taxas mais altas dificultam a recuperação da economia. No último Relatório de Inflação, o Banco Central projetava crescimento de 1% para a economia em 2023. O mercado projeta crescimento menor. Segundo a última edição do boletim Focus, os analistas econômicos preveem expansão de 0,88% do Produto Interno Bruto (PIB, soma dos bens e serviços produzidos pelo país) neste ano.

Ao reduzir os juros básicos, o Copom barateia o crédito e incentiva a produção e o consumo, mas enfraquece o controle da inflação. Para cortar a Selic, a autoridade monetária precisa estar segura de que os preços estão sob controle e não correm risco de subir. No momento, não há sensação de que a inflação não está sob controle, o que não justificaria a manutenção dos juros elevados.

A próxima reunião do Copom para definir a taxa da Selic será no final de março. Até lá, a taxa ficará em 13,75%.

Com Agência Brasil.