Marcenarias são proibidas de descartar no Ecoponto; Prefeitura lava as mãos

“Os marceneiros estão tentando uma solução pacífica, mas se a Administração continuar os ignorando, vão se manifestar publicamente”

Flávia Avelar Gomes/Hoje + Andradina

Do dia pra noite, sem nenhuma conversa ou aviso, marcenarias da cidade de Andradina se viram com as sobras de MDF sem local para descartar. Uma decisão unilateral da Administração Mário Celso Lopes, que decidiu proibir o descarte desse material no Ecoponto. Sem ao menos atender os marceneiros para dar uma explicação ou ajudar numa solução, a administração, não atende os marceneiros, e a secretária de Meio Ambiente, Leila Rodrigues, fala que está em reunião.

Enquanto isso, as sobras de MDF se acumulam nas marcenarias da cidade e logo devem começar a aparecer nas estradas rurais e terrenos baldios, forçando a Administração a recolher. As marcenarias da cidade se uniram para tentar solucionar este problema criado pelo Administração Mário Celso Lopes.

Já que por anos fizeram o descarte no Ecoponto rural, onde eles eram responsáveis por levar o material até o local. “Nos foi tirado o direito de descarte no Ecoponto, o que acontece em todas as cidades, mas queremos uma solução, pois daqui a pouco haverá tanta sobra de MDF e de pó que acabará sendo descartado de forma irregular”, comentou Ari da Ari Designer que está a frente da comissão dos marceneiros da cidade.

“Queremos solucionar, inclusive fomos atrás de uma empresa que recolhe e o caminhão cobra R$ 5 mil por cada vez que vem pegar material, iremos inclusive arcar com esse valor, mas precisamos de um local fora da cidade para que seja depositado o descarte para que seja recolhido, nem isso, a Administração quer ouvir e ajudar”, revelou Ari.

Eles procuraram a vereadora Elaine Vogel que marcou uma reunião com eles, os ouviu e está tentando marcar com a Administração, mas sem sucesso. “Inclusive, não entendemos esse desserviço da Administração, pois sempre descartamos corretamente nossas sobras no Ecoponto”, enfatizou Ari.

“Reunião dos marceneiros com vereadora Elaine Vogel”

Elaine chegou a comentar com os marceneiros que as farmácias e clínicas que sempre tiveram os resíduos recolhidos como lixo hospitalar, mediante pagamento de taxa, agora tem que se virar para fazer o descarte. “Absurdo, ao invés de ajudar os empresários que geram empregos na cidade, ninguém está pedindo nada de graça, apenas que nos ajuda a achar uma solução de uma situação que foi criada pela própria Administração, o prefeito não nos recebe, o secretário de governo nos ignora e a secretária de Meio Ambiente está ocupada; quando descartamos tudo na entrada da cidade aí eles devem nos ouvir”, disse Ari que tem contido os marceneiros para tentar achar uma solução de forma amistosa.

O MDF possui uma resina à base de ureia-formaldeído que se incinerado se transforma em um produto chamado formoldeído, considerado cancerígeno. De acordo com a norma NBR 10.004/2004, da ABNT, que trata da definição e classificação dos resíduos sólidos, os de MDF são classificados como Classe I – Perigosos.

Eles podem conter resinas sintéticas e, além disso, o material pode ser tratado com produtos halogenados, antifúngicos, tintas, vernizes, adesivos e revestidos de plásticos e PVC, o que inviabiliza a sua utilização como combustível em quaisquer condições de queima. Nessa classe estão incluídos os resíduos com características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade e patogenicidade, por exemplo: Restos de tintas, óleos usados, solventes, estopas, panos e papeis contaminados com óleos e graxas e o resíduo de MDF.

Estes resíduos não podem ser descartados com restos de construção e nem em lixo comum, as duas opções interessantes nesse sentido são as empresas que fazem a coleta desse tipo de material, levando-o ao local mais indicado para descarte, ou os ecopontos. Em Andradina, os marceneiros sempre levaram ao Ecoponto, mas agora estão proibidos, então entraram em contrato com uma empresa para recolher, mas precisam que a Prefeitura disponibilize uma área fora da cidade para que seja armazenado até a coleta. Mesmo, os marceneiros pagando o caminhão para retirar os restos do MDF do município, não há nenhuma vontade do Administração em ajuda-los.