IPCA-15: preços sobem 1,23% em fevereiro, maior alta para o mês desde 2016

“A prévia da inflação oficial do mês foi puxada, principalmente, pelo aumento dos preços no grupo de Habitação, com energia elétrica e taxas de água e esgoto mais caras”

Bruno Miato/G1

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) — considerado a prévia da inflação oficial do país — registrou uma alta de 1,23% nos preços em fevereiro. Os dados foram divulgados nesta terça-feira (25) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado veio bem acima do número registrado em janeiro, de 0,11%.

A alta foi de 1,12 ponto percentual (p.p.) de um mês para o outro. Em fevereiro de 2024, o indicador foi de 0,78%. Segundo o IBGE, esse é a maior alta do IPCA-15 desde abril de 2022 e o maior avanço para o mês de fevereiro desde 2016. No acumulado em 12 meses, o IPCA-15 tem alta de 4,96%, contra 4,50% acumulados nos 12 meses imediatamente anteriores.

Assim, o indicador continua acima da meta de inflação do Banco Central do Brasil (BC), de 3%. O intervalo de tolerância vai de 1,5% a 4,5%. Apesar da forte aceleração, o resultado veio levemente abaixo das projeções de analistas do mercado financeiro, que previam uma alta média de 1,34% no mês. A alta de fevereiro foi puxada, sobretudo, pelo grupo de Habitação, que avançou 4,34% e contribuiu com um impacto de 0,63 p.p. sobre o resultado do IPCA-15.

Esse aumento foi influenciado pelos avanços de 16,33% da energia elétrica residencial e de 0,52% das taxas de água e esgoto. O grupo de Educação também teve uma alta expressiva, de 4,78%, em fevereiro — a maior alta percentual do mês. O impacto sobre o índice, porém, foi um pouco menor, de 0,29 p.p..

Veja abaixo a variação dos grupos em fevereiro

Em fevereiro, sete dos nove grupos pesquisados pelo IBGE apresentaram alta:

  • Alimentação e bebidas: 0,61%;
  • Habitação: 4,34%;
  • Artigos de residência: 0,38%;
  • Vestuário: -0,08%;
  • Transportes: 0,44%;
  • Saúde e cuidados pessoais: 0,54%;
  • Despesas pessoais: 0,01%;
  • Educação: 4,78%;
  • Comunicação: -0,06%.

Habitação e Educação tem as maiores altas do mês

As maiores altas e impactos sobre o IPCA-15 em fevereiro vieram dos grupos de Habitação e Educação. Em Habitação, o destaque fica com a disparada de 16,33% no preço da energia elétrica residencial — item que mais pesou sobre a prévia da inflação no mês, com um impacto de 0,54 p.p., segundo o IBGE. A alta da energia é consequência da normalização do preço da conta de luz. Isso porque, em janeiro, houve uma redução de 15,46% nos preços por conta da incorporação do bônus de Itaipu nas tarifas.

Também em Habitação, as taxas de água e esgoto tiveram uma alta média de 0,52%, decorrente de reajustes tarifários em diferentes estados. Já no grupo de Educação, a alta foi puxada, principalmente, prelos reajustes de mensalidades dos cursos regulares, que geraram uma alta média de 5,69% no item no mês. A maior alta veio do ensino fundamental, com avanço de 7,50%, seguido por ensino médio (alta de 7,26%) e ensino superior (4,08%).

Alimentos e combustíveis também pressionam inflação

O grupo de Alimentação e bebidas teve uma alta de 0,61% em fevereiro e gerou um impacto de 0,14 p.p. sobre a prévia da inflação. Apesar da alta, tanto a alimentação no domicílio quanto a alimentação fora do domicílio apresentaram uma desaceleração no mês. A alimentação no domicílio avançou 0,63%, contra uma alta mais expressiva, de 1,10%, em janeiro. Os itens com maiores aumentos foram cenoura (17,62%) e café moído (11,63%).

Por outro lado, os alimentos que tiveram as maiores baixas nos preços foram a batata inglesa (-8,17%), o arroz (-1,49%) e as frutas (-1,18%). Já a alimentação fora do domicílio subiu 0,56% em fevereiro, contra alta de 0,93% no mês anterior. Tanto os preços dos lanches quanto das refeições tiveram altas, de 0,77% e 0,43%, respectivamente.