Incêndio volta a consumir materiais de recicladores de Andradina

“sinistro ocorreu na manhã desta terça-feira, gerando prejuízos para trabalhadores”

José Carlos Bossolan

Se já não bastasse a ineficiência do poder público municipal em providenciar a recostrução do barracão utilizados por cooperados da Cooperandra (Cooperativa de Trabalho de Reciclagem de Resíduos Sólidos, Semi Sólidos e Derivados de Andradina), queimado em 25 de maio, nesta terça-feira (24/10), novamente materiais reciclados estão sendo consumidos pelo fogo.

Em vídeo enviado à nossa reportagem, mostram que o material reciclado que passaria por classificação estava sendo consumido pelas chamas, gerando novo prejuízos aos trabalhadores. Segundo os coletores, eles acreditam que o foco do incêndio possa ser criminoso, sendo percebido pelos mesmos quando chegaram para trabalhar.

Segundo relatos, uma nova cooperativa está sendo fundada em Andradina para assumir a reclagem que hoje é feita por famílias andradinenses vinculada a Cooperandra. Segundo áudios que nossa reportagem teve acesso, a troca de entidade, contaria com apoio dos secretários municipais, Leila Rodrigues (Meio Ambiente), Edgar Dourado (Administração) e Ernesto Júnior (Governo). Porém o problema pode esbarrar na falta de acervo da entidade recém constituida para assumir serviços públicos, assim como eventual direcionamento de licitação, caso ocorra, se tornando crime.

O Ministério Público da Comarca de Andradina já ajuizou ação contra a Prefeitura de Andradina, em decorrência das diversas multas aplicadas pela Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo) e descumprimentos de medidas apontadas pela promotora, Rúbia Prado Motzuki, para coibir as queimadas, especialemente nos Ecopontos municipais.

Para apagar o fogo, a Prefeitura de Andradina enviou caminhão pipa, porém o mesmo só fez pequeno rescando, mas o incêndio continua consumindo o material das famílias que retiram seu sustento dos materiais reciclados. O caminhão continua estacionado nas dependências do local e ao invés de estar combatendo às chamas, segundo relatos, está parado.

Com isso os coletores ficam assistindo os prejuízos e a ingerência do poder público municipal, sob o comando da gestão do prefeito, Mário Celso Lopes.

SINISTRO

Já são 5 meses após o incêndio nas dependências do barracão da usina de reciclagem, ocorrido dia 25 de maio e nada foi feito por parte do poder público municipal para devolver às instalações aos trabalhadores andradinenses. Agora rumores dão conta que esquema tenebroso esteja sendo orquestrado para retirada da Cooperandra do local.

“barracão queimado em 25 de maio não foi reformado pela Prefeitura, que recebeu R$ 230 mil de devolução da Câmara”

No dia 29 de maio, após o sinistro, o presidente da Câmara de Andradina, Helton Rodrigo Prando – Coxinha, ao lado de outros vereadores, anunciou a devolução de R$ 230 mil do orçamento do legislativo, para que o executivo efetivasse a reforma das instalação gerenciadas pela Cooperandra (Cooperativa de Trabalho de Reciclagem de Resíduos Sólidos, Semi Sólidos e Derivados de Andradina).

“recicladores estão provisoriamente em menor espaço que carece de ventilação e tamanho reduzido comparando com o local consumido pelo sinistro”

Mas ao longo desses meses, a Prefeitura de Andradina, por ter realocado os trabalhadores em uma outra estrutura, com menor espaço e infraestrutura, vai empurrando o caso com a “barriga”, ou melhor, com direcionamento de verba pública para cumprir os anseios do chefe do executivo municipal, em dar maior infraestrutura em seus empreendimentos, como o caso da rotatório a menos de 50 metros do trevo da avenida Guanaraba, que serão gastos R$ 178 mil na obra.

“rotatório de R$ 178 mil custeado com recursos públicos, beneficia empreendimentos da família de Mário Celso Lopes”

O espaço cedido pelo poder público municipal, é bem menos ventilado, com o teto de zinco bem mais baixo que o anterior, e nestes dias de calor excessivo, não resta outra alternativa aos recicladores a não ser continuar trabalhando em situação insalubre. Hoje a Prefeitura repassa pouco mais de R$ 16,8 mil mensais de subvenção a Cooperandra, cujo contrato vence em novembro, mais segundo informações, outra entidade, mesmo sem acervo para disputar a verba que hoje beneficia diretamente 35 pessoas de Andradina, seria a selecionada pelo poder público municipal, com repasses mensais superiores aos despendidos atualmente.

“usina de reciclagem e coleta seletiva estão sendo tratados com outras empresas”

Procurado por nossa reportagem se haveria alguma previsão para a realização das obras de reforma ou reconstrução do barracão da reciclagem, o secretário municipal de Obras de Andradina, Geraldo Pilla não deu retorno até o fechamento desta matéria. Nos corredores do Paço Municipal, os boatos são que a Prefeitura de Andradina estaria conversando com outras empresas de fora de Andradina para assumir a coleta seletiva, que hoje é coletada pela Conservita Gestão Ambiental e a reciclagem que é feito por cooperados da Cooperandra.

Mas a medida de substituição planejado pelo prefeito de Andradina e sua assessoria deverá ganhar novos contornos nos próximos dias, minando a tentativa de direcionamento de licitação, com encaminhamentos ao MP. Na Câmara de Andradina, mesmo com o investimento dos R$ 230 mil liberados pela Câmara de Andradina a exatos 120 dias, o assunto não é mais pautado com frequência.

“incêndio destruiu toda produção da cooperativa, máquinas e estrutura”

O barracão havia sido construído com recursos da cooperativa à época por R$ 70 mil. Com o sinistro, além do prejuízo com às instalações, os trabalhadores estimam outro prejuízo de R$ 60 mil em materiais reciclados, além do maquinários que também se perdeu nas chamas. Recentemente, a Prefeitura de Andradina licitou a reforma de uma esteira e uma prensa que custará R$ 57 mil.

Na época, a administração municipal liberou 2 cestas básicas para cada trabalhador e auxílio emergencial de R$ 500,00 por 3 meses e um cartão de compra de R$ 150,00 em parcela única, mas a ajuda foi insuficiente, pois os recicladores estão tendo diminuição dos ganhos em praticamente R$ 600,00 por mês, devido falta de espaço para processar mais materiais reciclados.

Nos dias do incêndio, os trabalhadores receberam naquele período veio do Supermercado Big Mart, doando 40 cestas e uma geladeira e um fogão do Sicredi e cestas do Sindicato dos Servidores Municipais. As prensas e esteiras que o cooperativa possuía, foram doados por campanhas do Rotary e uma de cada era comodato da Prefeitura.