HÁ 522 ANOS A MATA ATLÂNTICA VEM SENDO INVADIDA E REDUZIDA. OS SEUS PROTETORES SEGUEM NA LUTA

Secom CONAFER

No Dia Nacional da Mata Atlântica, 27 de maio, lembramos da invasão do território originário brasileiro pelos colonizadores, início da deterioração das matas litorâneas, pertencentes a um dos biomas com maior diversidade do planeta, e que diminui de tamanho a cada ano. Na Mata Atlântica reside a segunda maior floresta em extensão do Brasil. Formada por planaltos, serras e natureza exuberante, hoje restam apenas 12,5% da floresta que existia originalmente. O bioma é constituído principalmente por mata ao longo da costa litorânea que vai do Rio Grande do Norte ao Rio Grande do Sul. As suas formações florestais regulam o clima e a proteção dos solos. Cerca de 70% da população brasileira vive em áreas de Mata Atlântica. Exatamente por isso, o bioma é agredido pelas conurbações, especulação imobiliária, exploração econômica, lixo industrial em seus rios e consequente degradação ambiental. Na semana de Defesa da Mata Atlântica, 500 indígenas de 30 nações originárias completam um mês da Retomada de Cunhambebe Pindorama, território pertencente aos seus ancestrais, área atual do Parque Estadual Cunhambebe, em Mangaratiba, no Rio de Janeiro. Pataxó, Aimoré, Kadiweu, Kaiapo, Baré, Baniwa, Kariri, Kariri Sapuya, Krenak, Kuikuro, Xavante, Kamakã Mongoio, Kambiwá, Botocudo, Bainã, Tupinambá, Munduruku, Arapiuns, Yanomamy, Xukuru, Maytapu, Tupiniquim, Tapuia e outras nações dos povos originários ocupam o território de Mata Atântica. Os líderes destas etnias negociam com órgãos públicos, como o Instituto Estadual do Ambiente (Inea) e a Fundação Nacional do Índio (Funai), o processo de demarcação e futura gestão do Território Cunhambebe Pindomara, que se baseia no desenvolvimento sustentável e espírito protetor das florestas, território onde os povos originários têm muito a ensinar neste dia das matas

A Mata Atlântica abriga sete das nove maiores bacias hidrográficas brasileiras e diversos ecossistemas associados, como manguezais, restingas, campos de altitude e brejos interioranos. Essa variedade é resultado das variações climáticas e de relevo verificadas ao longo de toda a costa litorânea que vai do Rio Grande do Norte ao Rio Grande do Sul, abrangendo todo o território dos estados do Espírito Santo, Rio de Janeiro e de Santa Catarina, além de parte do território de Alagoas, Bahia, Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraíba, Paraná, São Paulo, Pernambuco e Sergipe.

“O bioma mais devastado do nosso país, tem atualmente uma vegetação que corresponde a apenas 12,5% da mata original, segundo a Fundação SOS Mata Atlântica”

O bioma mais devastado do nosso país, tem atualmente uma vegetação que corresponde a apenas 12,5% da mata original, segundo a Fundação SOS Mata Atlântica. Com diferentes formações vegetais e ecossistemas associados, que se destacam por sua grande biodiversidade, o bioma inclui várias espécies que só são vistas ali, como o mico-leão-dourado. Contudo, essa biodiversidade corre extremo risco, pois a maior parte dos animais ameaçados de extinção vive na Mata Atlântica. A Constituição Federal de 1988 estabelece a Mata Atlântica como patrimônio nacional, em conjunto com a Floresta Amazônica brasileira, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a zona costeira. A derrubada da mata primária é proibida.

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Agroecologia familiar atua pela sobrevivência do bioma

O modelo de exploração agroecológico agrofamiliar contribui para a recuperação do bioma, como nos sistemas agroflorestais (SAF), que associam culturas agrícolas com espécies arbóreas e de diferentes extratos para arranjos produtivos mais compatíveis com a conservação do ambiente natural. Sistemas agroflorestais possibilitam produzir alimentos e, ao mesmo tempo, melhorar as condições do solo, reduzir as perdas de água no processo produtivo, contribuir para o controle de pragas e doenças, promover paisagens mais heterogêneas e processos produtivos mais sustentáveis.

Outros usos econômicos da Mata Atlântica são o turismo ecológico, a produção de biomedicina e exploração sustentável de plantas nativas do bioma, como: jabuticabeira, goiaba, araçá, pitanga, caju, cambuci, erva-mate, pau-brasil, juçara, bromélias, orquídeas, pinheiro-do-paraná, jatobá, gabiroba e palmiteiro. Desta forma, a agricultura familiar além de promover a segurança alimentar e nutricional, ela faz a gestão dos recursos naturais, protegendo o meio ambiente pelo desenvolvimento sustentável.

A preservação do bioma também está diretamente relacionada com o resgate e preservação da cultura das comunidades tradicionais e dos povos indígenas, entre os quais estão: Wassu, Pataxó, Tupiniquim, Gerén, Guarani, Krenak, Kaiowa, Nandeva, Terena, Kadiweu, Potiguara, Kaingang, guarani M’Bya e Tangang.

Em Mangaratiba, Rio de Janeiro, 30 nações indígenas retomam território originário e reafirmam a defesa da Mata Atlântica

Na semana de Defesa da Mata Atlântica, 500 indígenas de 30 nações originárias completam um mês da Retomada de Cunhambebe Pindorama, território pertencente aos seus ancestrais, área atual do Parque Estadual Cunhambebe, em Mangaratiba, no Rio de Janeiro. Historicamente, na colonização brasileira, os portugueses invadiram o continente pelo território de Mata Atlântica, e no litoral sul fluminense tiveram de enfrentar o grande líder tupinambá, Cunhambebe, que junto com chefes de seis aldeias diferentes se juntaram para formar a Confederação dos Tamoios em defesa das matas e florestas originais. O mesmo território hoje retomado pelos Pataxó, Aimoré, Kadiweu, Kaiapo, Baré, Baniwa, Kariri, Kariri Sapuya, Krenak, Kuikuro, Xavante, Kamakã Mongoio, Kambiwá, Botocudo, Bainã, Tupinambá, Munduruku, Arapiuns, Yanomamy, Xukuru, Maytapu, Tupiniquim, Tapuia e outras nações dos povos originários. Os líderes destas etnias negociam com órgãos públicos, como o Instituto Estadual do Ambiente (Inea) e a Fundação Nacional do Índio (Funai), o processo de demarcação e futura gestão do Território Cunhambebe Pindomara.

No passado, antes do genocídio e tomada das terras indígenas à custa do sangue de milhões de parentes e uma série de vírus trazidos pelos europeus, pindorama era o local sagrado dos povos tupis-guaranis, uma terra original, rica e única em sua biodiversidade, livre dos males da usurpação, escravização e assassinatos a que foram submetidos os ancestrais originários. Com uma proposta de governança baseada no desenvolvimento socieconômico e cultural das comunidades de agricultores familiares e aldeias indígenas presentes no Território de Cunhambebe, e principalmente, com um plano de recuperação de matas nativas, rios e preservação da fauna silvestre, a Retomada Cunhambebe realiza uma reparação histórica de resgate do mundo original da Mata Atlântica.