Estoque de medicação de UTI da Santa Casa de Andradina é suficiente para aproximadamente 10 dias

“falta de sedativos e relaxantes musculares afeta quase todo o país”

José Carlos Bossolan

A elevação de preço de medicamentos e a falta dos produtos utilizados para intubação e sedação de pacientes em UTI (Unidade de Terapia Intensiva), como sedativos, relaxantes musculares e outras medicações comprometem as unidades hospitalares. Agora, os fabricantes desse tipo de medicamento está priorizando a entrega para o Ministério da Saúde.

O superintendente da Santa Casa de Andradina, Sebastião Sérgio da Silva, informou a nossa reportagem na manhã desta quarta-feira (31/01), que o estoque de medicamentos utilizados na UTI da entidade, são suficientes para atender a demanda em até aproximadamente 10 dias. Nesta terça-feira (30/03), a Unimed Araçatuba também entrou em estado de alerta – “estamos vivendo um momento muito crítico no dia de hoje, e durante esta semana. O Ministério da Saúde realizou uma requisição administrativa dos medicamentos que são utilizados para intubação e manutenção do paciente em ventilação mecânica. Esta requisição administrativa influenciou diretamente todos hospitais do país. No momento não temos como comprar medicamentos para realizar a intubação e ventilação mecânica dos pacientes. Não sabemos onde estão estes medicamentos, com quem está estes medicamentos. Sabemos que nós estamos de mãos atadas, pois nós não conseguimos comprar mais estas medicações” – relatou o presidente da Unimed Araçatuba, dr Flávio Garbelini por meio de vídeo.

De acordo com o médico, a Unimed Araçatuba através de seu hospital, tinha um compromisso firmado com as empresas de manutenção de entrega dessas medicações, mas o acordo foi abortado pelas empresas, pois elas não podem mais entregar devido à requisição do Ministério da Saúde. O processo de intubação é muito complexo e doloroso, sendo impossível o procedimento sem sedação do paciente.

Imagem Ilustração/Internet

Já na segunda-feira (29/03), o diretor Clínico da Santa Casa de Araçatuba, dr. Giulio Stanco Coscina Neto anunciou que o estoque de anestésicos usados para intubar pacientes em estado grave está acabando, e que leitos de UTI Covid-19 poderão ser fechados se não houver reposição dos medicamentos. Alguns medicamentos utilizados em UTI’s (Unidades de Terapia Intensiva) que estão em falta e tiveram sobre preço em mais de 100%, estão o Besilato de Atracúrio e Besilato de Cisatracúrio injetável, Cloreto de Suxametônio, Pancúrio, Brometo de Rocurônio (indicados como reforço da anestesia geral como relaxante muscular, facilitando a intubação endotraqueal, orotraqueal), Cloridrato de Midazolam (sedativo usado em UTI).

A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) aprovou a venda no mercado do primeiro medicamento utilizado para intubação de pacientes com Covid-19 pelo novo procedimento com regras mais flexíveis que dispensa o registro e garante a autorização apenas com notificação, sem que os fabricantes realizem os testes de controle de qualidade, manifestação do órgão nesta quarta-feira (31/03).

O besilato de cisatracúrio injetável é aplicado no processo de sedação dos pacientes em procedimentos cirúrgicos ou terapia intensiva e que precisam de intubação devido à necessidade de ventilação mecânica. A reportagem do O Foco encaminhou pedido de manifestação da Secretaria de Estado da Saúde e Ministério da Saúde, solicitando se alguma medida estaria sendo tomada para que as unidades hospitalares voltem a ter acesso às medicações.

Em nota, a Secretaria da Saúde estadual disse a nossa reportagem que – “Após constantes cobranças da Secretaria de Estado da Saúde por medidas urgentes ao Ministério da Saúde para auxílio no fornecimento de medicamentos para intubação, o Governo Federal liberou no final de semana para o Estado de São Paulo somente 65.770 ampolas de neurobloqueadores e anestésicos, o que corresponde a apenas 1,9% do que é preciso para atender a demanda mensal da rede pública de saúde do Estado, de 3,5 milhões de ampolas. Essa quantidade equivale à necessidade para consumo por cerca de 12 horas na rede pública de saúde.O Ministério havia sinalizado que entregaria 258.874 ampolas, mas a quantidade recebida representa somente 25,4% da quantidade prometida. Entre os medicamentos enviados em quantidade parcial, estão atracúrio, cistracúrio e midazolan.A Secretaria tem enviado ofícios e participado de reuniões com representantes federais, além de apresentar propostas como realização de acordos com farmacêuticas, aquisição estratégica internacional, monitoramento diário da demanda (pois atualmente isso ainda ocorre semanalmente pelo governo federal), além de pleitear a ampliação da disponibilidade de compra por ata federal, atualmente restrita a 60 dias de consumo. Para diversos itens, o saldo proporcional de SP se esgotou na primeira quinzena de março”

Nossa reportagem também pediu informações à assessoria de imprensa do MPF (Ministério Público Federal), se há alguma medida adotada pelo órgão para resolver essa situação crítica na região. O MPF informou que – “Não localizamos nenhum procedimento especifico nas regiões de Araçatuba e Andradina. O Gabinete Integrado de Acompanhamento da Epidemia Covid-19 (Giac) encaminhou consulta urgente ao Ministério da Saúde sobre o fornecimento do chamado kit intubação para hospitais de todo o país”.

Até o fechamento desta matéria, o Ministério da Saúde não havia dado retorno.