“tucano estava sem prestígio dentro do próprio partido”
José Carlos Bossolan
Sem cumprir integralmente um único mandato eletivo o qual fora eleito, João Doria se vê obrigado a abandonar terceira disputa pelo PSDB, sem ao menos ter concluído um único mandato eletivo. Eleito em 2016 para a Prefeitura de São Paulo, João Doria abandonou o cargo 15 meses após tomar posse para disputar o governo de São Paulo.
Apadrinhado à época por Geraldo Alckmin, o agora ex-governador de São Paulo, antes de disputar o cargo ao governo paulista, tentou aniquilar seu padrinho político almejando a presidência da República, que acabou sendo disputada justamente por Alckmin. Doria não apoio Alckmin na disputa da presidência, afastando ainda mais o “criador” da “cria”.
Eleito no 2º turno em disputa acirrada com Márcio França, graças ao movimento “BolsoDoria”, em que o tucano fazia juras de “amor” a Jair Bolsonaro, antes mesmo de assumir o posto maior do estado bandeirante, já rompeu com o presidente na intenção de se cacifar para à presidência do país em 2022. Novamente em menos de 15 meses como governador, João Doria renunciou ao mandato na esperança de ser o aclamado pelo PSDB, cujo partido inclusive tentou tirar o “Social” da nomenclatura da legenda sem sucesso. Venceu às prévias internadas da agremiação contra o também ex-governador Eduardo Leite (RS), mas não se tornou hegemonia.
Padrinho da filiação do atual governador Rodrigo Garcia ao PSDB, na tentativa de forçar Geraldo Alckmin a não disputar o mandato de governador que ocupara por 3 oportunidades, agora é Garcia que terá a difícil missão de “descolar” sua candidatura a imagem de Doria. Alckmin mais bem cotado em pesquisas de intenção de votos para o Governo do Estado, optou em deixar o PSDB e filiar-se ao PSB de Márcio França e concorrer a vice na chapa encabeçada pelo ex-presidente Lula.
Na pesquisa Ipesp, divulgada dia 20 de março, Doria aparecia na margem de 3 a 4% das intenções de votos. A direção nacional do partido, já vinha demonstrando que não iria alocar nenhum valor do fundo eleitoral para custear despesas de João Doria na disputa presidencial, demonstrando que iria investir em políticos postulantes a cargos no Congresso Nacional.
Garcia foi outro que quase não assumiu o governo do estado e tão pouco poderia disputar o governo de São Paulo, pois Doria chegou a cogitar não renunciar ao cargo de governador e tentar a reeleição, mas acabou recuando. Desprestigiado dentro e fora do PSDB, não restou outra saída ao ex-governador de São Paulo retirar seu nome do páreo entes que a própria executiva tucana o xotasse da intenção de disputar a presidência da República.
A renúncia nesta segunda-feira (23/05), é apenas mais uma página virada de João Doria no cenário político, desprestigiado politicamente e desaprovado pelos eleitorados, restando ao agora ex-político, voltar a gerir seus negócios e fazer jus ao que sempre disse “não sou político” e mais do que nunca, sem cargo público.
Agora o PSDB fica livre para “bater asas” e fazer o “ninho tucano” em qualquer acomodação política que lhe gere algum tipo de dividendo ou capital político.