Empreiteiras brasileiras querem quase R$ 500 milhões para tocar obras em Angola

“valor pedido pelas empreiteiras é R$ 587 milhões e seria financiado pelos cofres brasileiros”

José Carlos Bossolan

Dezoito empresas, entre as quais algumas das principais construtoras do país investigadas na “Operação Lava Jato”, aproveitaram a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em Luanda na semana passada, para pedir a reabertura dos financiamentos no país. O valor pode chegar a US$ 100 milhões (por volta de R$ 487 milhões).

A informação foi dada pelo Estadão Conteúdo na última segunda-feira (28). O valor pedido pelos representantes da Novonor (antiga Odebrecht), Hector Nunez, da Andrade Gutierrez, Carlos Souza, e da Queiroz Galvão, Gustavo Guerra, que se reuniram na sexta-feira (25), com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, no hotel Intercontinental, o mais moderno e luxuoso de Luanda, capital do país africano.

Apesar de Lula ter tomado a decisão política e dito que retomará os financiamentos, integrantes do governo veem potencial de embates e desgaste político, sobretudo no Congresso, dado o histórico da Lava Jato. Pelo PAC 3, o governo brasileiro pretende investir R$ 1,7 trilhão em obras no Brasil.

O mesmo modelo foi adotado em governo anteriores de Lula, que defende a iniciativa como forma de fortalecer a economia e geração de empregos, porém obras no exterior, consomem maioria de mão de obra dos países que irão receber as melhorias, e não de brasileiros. Apesar de Lula ter tomado a decisão política e dito que retomará os financiamentos, integrantes do governo veêm potencial de embates e desgaste político, sobretudo no Congresso, dado o histórico da Lava Jato.

Em acordo de leniência nos EUA, a Odebrecht confessou o pagamento de propinas estimadas em U$ 788 milhões a políticos e servidores em 12 países, inclusive Brasil e Angola. Enquanto o Brasil carece de obras de infraestruturas, como saneamento básico, melhoria da malha viária, férrea e hidroviária, dentre outros problemas que assola a população nacional, Lula quer “engordar” os cofres de grupo seleto de empreiteiras.

Às verbas alocadas para custear investimentos no exterior sairiam dos cofres do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), que em tese deveria priorizar suas políticas públicas e ações com empresas atuantes no país. Talvez na visão do Governo Federal, o “Brasil e sua população” atingiram situação econômica de país de primeiro mundo, inexistindo desempregos, miséria, déficit habitacional, com salários previstos na Constituição, suficiente para que arque com saúde, educação, alimentação, moradia e lazer, justificando assim investimentos em benefício da população de outros países.