“Walter Delgatti Neto disse que Bolsonaro lhe encaminhou ao Ministério da Defesa”
José Carlos Bossolan
O hacker, Walter Delgatti Neto afirmou a CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) dos Atos Golpistas que o ex-presidente, Jair Boslonaro lhe prometeu indulto em caso de algum mandado de prisão em decorrência de invasões da urnas eletrônicas. O STF havia permitido que o hacker ficasse em silêncio nesta quinta-feira (17/08), mas Delgatti Neto optou por responder as perguntas dos parlamentares.
Segundo o depoente, ele se reuniu com Bolsonaro no Palácio do Planalto por mais de uma hora e meia, inclusive tomou café da manhã com o então presidente no ano passado. Walter Delgatti Neto disse que estava com medidas cautelares que o impediam de acessar internet, o que dificultaria seu trabalho de invasão das urnas eletrônicas.
Indagado pela senadora e relatora da CPI, Eliziane Gama, o depoente afirmou que Bolsonaro lhe prometeu indulto, caso fosse decretada sua prisão pela invasão às urnas eletrônicas, nos mesmos moldes como foi feito com o ex-deputado Daniel Silveira. Além do indulto, Walter Delgatti disse que também foi prometido outro benefício, mas não mencionou qual seria.
Walter Delgatti disse que Bolsonaro lhe pediu para fazer uma propaganda “fake”, fazendo a violação de urnas. O hacker informou que ele alteraria o código fonte e colocaria um aplicativo que manipulava os votos. Segundo Delgatti, em vinte votos computados no 22 e vinte no 13, sairia 30 votos para o PT, como forma de questionar a lisura do processo eleitoral.
Na reunião no Planalto, o depoente cita que estiveram também a deputada federal, Carla Zambelli, o general Marcelo Câmara e Jair Bolsonaro. Walter Delgatti disse mais que em conversa telefônica em outra oportunidade, Jair Bolsonaro pediu que ele assumisse um suposto grampo contra o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Alexandre de Moraes.
O suposto grampo teria sido feita por alguém de fora do Brasil. Delgatti Neto disse que aceitou, pois estava confiando no indulto. As declarações complicam a situação de Jair Bolsonaro, que até então não tinha nenhum comprovação de participação no esquema de violação do sistema das urnas eletrônicas.
Em depoimento a PF nesta quarta-feira (16/08), o hacker afirmou que recebeu R$ 40 mil pela invasão do sistema do CNJ (Conselho Nacional de Justiça), ficando por 4 meses com senhas de juízes de Tribunais, inclusive do TSE. Walter Delgatti Neto foi autor de mandado de prisão no sistema do CNJ, contra o ministro Alexandre de Moraes. Ele voltou afirmar que recebeu pelos serviços a CPI dos Atos Golpistas.
Delgatti também relatou outras reuniões com o marqueteiro de Bolsonaro, advogados e membros da direção do PL (Partido Liberal). A CPI vai pedir a quebra de sigilos telemáticos de diversas autoridades.