Doria anuncia desfiliação do PSDB, após ajudar a “afundar” partido

“ex-governador renunciou em maio para tentar a presidência da República, mas acabou desistindo”

José Carlos Bossolan

Sem cumprir integralmente um único mandato eletivo o qual fora eleito, João Doria se viu obrigado a abandonar terceira disputa pelo PSDB ao Palácio do Planalto, sem ao menos ter concluído um único mandato eletivo. Eleito em 2016 para a Prefeitura de São Paulo, João Doria abandonou o cargo 15 meses após tomar posse para disputar o governo de São Paulo e também renunciou para disputar o cargo de presidente.

“Anuncio minha desfiliação do PSDB após 22 anos no partido. Inspirado na social-democracia e em nomes como Franco Montoro, Mário Covas, José Serra e FHC, cumpri minha missão política partidária pautado na excelência da gestão pública e em uma sociedade mais justa e menos desigual” – anunciou João Doria no Twitter nesta quarta-feira.

Doria disse que encarra sua missão de cabeça erguida pela contribuição que deu ao Estado de São Paulo e com o Brasil e deseja que o PSDB busque inspirações para o futuro

Tretas

“foto: Diego Padgurschi/Folhapress”

Apadrinhado à época por Geraldo Alckmin, o ex-governador de São Paulo, antes de disputar o cargo ao governo paulista, tentou “aniquilar “seu padrinho político almejando a presidência da República, que acabou sendo disputada justamente por Alckmin. Doria não apoio Alckmin na disputa da presidência, afastando ainda mais o “criador” da “cria”.

À época, Geraldo Alckmin em reunião da executiva tucana no ano passado, chamou Doria de “Temerista”, em alusão ao ex-presidente Michel Temer e de “traidor”. Desde de a derrota de Aécio Neves para Dilma Housseff em 2010, o PSDB vinha se afundando em crise interna que só se agravou com João Doria tentando novas candidaturas majoritárias. Em São Paulo, ninho tucano, a agremiação saiu derrotada pela primeira vez pós Mário Covas ao Governo de São Paulo.

“foto:  Daniel Zappe – /Exemplus/CPB”

Eleito no 2º turno em disputa acirrada com Márcio França, graças ao movimento “BolsoDoria”, em que o tucano fazia juras de “amor” a Jair Bolsonaro, antes mesmo de assumir o posto mais rico estado do país, já rompeu com o presidente na intenção de se cacifar para à presidência do país em 2022. Novamente em menos de 15 meses como governador, João Doria renunciou ao mandato na esperança de ser o aclamado pelo PSDB, inclusive tentando tirar o “Social” da nomenclatura da legenda sem sucesso. Venceu às prévias internadas da agremiação contra o também ex-governador Eduardo Leite (RS), mas não se tornou hegemonia.

Padrinho da filiação do atual governador Rodrigo Garcia ao PSDB, na tentativa de forçar Geraldo Alckmin a não disputar o mandato de governador que ocupara por 4 oportunidades, Garcia que terá a difícil missão de “descolar” sua candidatura a imagem de Doria. Alckmin mais bem cotado em pesquisas de intenção de votos para o Governo do Estado à época, optou em deixar o PSDB e filiar-se ao PSB e ser lançado a vice-presidente na chapa encabeçada por Lula (PT), vencedora na disputa do primeiro turno com mais de 57 milhões de votos e faz frente com Bolsonaro (PL) em 30 de outubro o segundo turno.

Na pesquisa Ipesp, divulgada dia 20 de março deste ano, Doria aparecia na margem de 3 a 4% das intenções de votos a Presidência da República. A direção nacional do partido, já vinha demonstrando que não iria alocar nenhum valor do fundo eleitoral para custear despesas do ex-governador na disputa presidencial, demonstrando que iria investir em políticos postulantes a cargos no Congresso Nacional. O PSDB optou em apoiar formalmente a candidata Simone Tebet (MDB).

Garcia foi outro que quase não assumiu o governo do estado e tão pouco poderia disputar o governo de São Paulo, pois Doria chegou a cogitar não renunciar ao cargo de governador e tentar a reeleição, mas acabou recuando. Desprestigiado dentro e fora do PSDB, não restou outra saída ao ex-governador de São Paulo retirar seu nome do páreo entes que a própria executiva tucana o xotasse da intenção de disputar a presidência da República.

A renúncia em 23 de maio deste ano, foi apenas mais uma página virada de João Doria no cenário político, desprestigiado politicamente e desaprovado pelos eleitorados, restou ao ex-político, voltar a gerir seus negócios e fazer jus ao que sempre disse “não sou político” e mais do que nunca, sem cargo público e agora fora do PSDB.

O governador Rodrigo Garcia nem se quer chegou a ir ao segundo turno, tirando o PSDB do Governo do Estado após quase 3 décadas de comando. Garcia obteve pouco mais de 18% dos votos válidos e no dia seguinte a derrota nas urnas, já declarou apoio ao novato candidato ao Governo, Tarcísio de Freitas, vencedor do primeiro turno e que irá disputar com o petista Fernando Haddad o Palácio dos Bandeirantes.