Diretor do Ministério da Saúde que teria pedido propina de 1 dólar por dose de vacina é exonerado

“denúncia sobre o conteúdo do revelado pelo jornal Folha de São Paulo”

José Carlos Bossolan

O diretor do Departamento de Logística da Secretaria Executiva do Ministério da Saúde, Roberto Ferreira Dias, foi exonerado após revelações de “pressão” para liberar a compra de vacina, além de pedido de 1 dólar por dose de outro imunizante comprado pelo Ministério da Saúde.

A portaria de exoneração de Roberto Dias foi publicada no Diário Oficial da União desta terça-feira (29/06). O presidente da República, Jair Bolsonaro, teria conhecimento das suspeitas das irregularidades desde 20 de março e não havia tomado medida formar para apurar os indícios de corrupção no Ministério da Saúde para a compra de imunizantes contra a Covid-19.

CPI

Em depoimento a CPI da Covid do Senado Federal na sexta-feira (25/06), o servidor efetivo do Ministério da Saúde, Luís Ricardo Miranda, declarou que sofreu pressões para agilizar a importação dessas vacinas vieram do tenente-coronel, Alex Lial Marinho (ex-coordenador-geral de Logística de Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde), e do diretor agora exonerado, Roberto Dias, cujos denunciado eram seus superiores no Ministério da Saúde.

Segundo o servidor, a pressão vinha na forma de “perguntas constantes” sobre a rotina e o andamento do processo da compra de vacinas da Covaxin do laboratório indiano Bharat Biotech. O servidor argumentou que, como não poderia protestar sobre isso com seus superiores (já que eram eles próprios que o estavam pressionando), ele decidiu recorrer ao seu irmão, o deputado federal Luis Mirando, que levou os fatos ao conhecimento do presidente, Jair Bolsonaro.

Bolsonaro teria se comprometido a tomar providência junto a Polícia Federal para apurar as suspeitas, mas até o memento o Governo Federal mudou de versões sobre os fatos, e não apresentou o pedido de investigação formal, onde o deputado Luís Miranda e seu irmão haviam se reunido com o presidente em 20 de março.

PROPINA

Ao jornal “Folha de S.Paulo”, o representante da Davati Medical Supply no Brasil, Luiz Paulo Dominguetti, disse que o diretor pediu propina de US$ 1 por dose de vacina para a empresa assinar contrato com o Ministério da Saúde. Segundo a “Folha de S. Paulo”, Dominguetti procurou a pasta para negociar 400 milhões de doses da vacina da AstraZeneca, o que renderia ao grupo de Roberto Dias algo em torno de R$ 1 bilhão em propina.

No entanto, as tratativas não ficaram por meio de e-mails. Segundo matéria do jornal, o diretor de logística marcou jantar em um badalado restaurante em Brasília, quando ocorreu o pedido de propina, refutado pelo diretor da empresa.

“e-mails revelados pal Folha, monstra pedido de reunião”

Em fevereiro, o Ministério da Saúde, fechou um contrato de compra de 20 milhões de doses da vacina Covaxin com a empresa Precisa Comercialização de Medicamentos Ltda, que representa no Brasil o laboratório indiano Bharat Biotech, fabricante da vacina, com o custo de R$ 1,6 bilhões. A empresa Precisa é apontada com diversas irregularidade em contratos anteriores com o próprio Ministério da Saúde, no fornecimento de medicamentos de alto custo, que pode ter gerado prejuízos de milhões aos cofres públicos.

Segundo o Governo Federal, não houve pagamentos a empresa, e a compra foi suspensa até conclusão de investigação da CGU (Controladoria Geral de União).