“paciente precisa de veículo individual, mas Saúde fornece transporte coletivo”
José Carlos Bossolan
Se já não bastasse o sofrimento do tratamento do câncer, uma criança de apenas 1 ano e 6 meses é obrigada a ser transportada em veículo com outros pacientes, mesmo a menina tendo restrição médica. A menor que não terá seu nome e nem a imagem revelada por nossa reportagem para preservar a paciente e familiares, está fazendo tratamento em São José do Rio Preto semanalmente para tratamento de neoplasia maligna do encéfalo (tumor cerebral).
No dia 9 de março, a médica Leila Neves Bastos Borim do Hospital de Base de Rio Preto, entregou relatório médico direcionado ao município de Andradina, informando que a criança deveria ser levada ao estabelecimento de saúde em veículo individual. Mesmo com a orientação médica, a Secretaria da Saúde de Andradina, está fornecendo transporte para a menina em veículo com outros pacientes que fazem tratamento no mesmo município em Barretos.
Na última terça-feira (19/04), a criança que saiu de Andradina às 3h da manhã, passou com quimioterapia e estava liberada por volta das 11h, mas a mãe e a criança, foram obrigadas a esperar a Van que estava em Barretos com outros pacientes. A menina só chegou em Andradina por volta das 20h. O descaso do poder público municipal não para por aí. No vídeo dentro da Van em que nossa reportagem teve acesso, além da menina, outras crianças estavam viajando no transporte coletivo sem uso de cadeirinhas. A menina por exemplo, fez a viagem de mais de 2h no colo da mãe.
No final da tarde de terça-feira nossa reportagem entrou em contato com o secretário da Saúde de Andradina, João Leme, questionando o motivo da criança não ser levada no veículo individual, já que por restrição médica não poderia ter contato com outros pacientes e se haveria outros veículos à disposição da Secretaria da Saúde que poderiam ser empregados nestes casos.
Na manhã desta última quarta-feira (20/04), em reposta aos questionamentos, João Leme disse que “a mãe da menina foi contatada e deverá comparecer ao setor de Ambulâncias para esclarecimentos. Será orientada dos documentos pertinentes para que seu pedido seja atendido”. Nossa reportagem voltou a questionar o secretário, se o órgão estava fornecendo o veículo exclusivo para a criança, conforme prescrição médica, sendo informado por João Leme que – “quando há o pedido médico, desde que apresentado à Secretaria a tipificação do transporte é atendida”.
No entanto familiares da menor informaram nossa reportagem que os documentos médicos foram entregues na Secretaria da Saúde no mês passado, inclusive é um dos fatores que permite que a criança seja levada por veículo da administração municipal.
AJUDA
Amigos e familiares da criança estão fazendo uma rifa no valor de R$ 10,00, para ajudar nas despesas com a criança. O prêmio é de um lanche e um refrigerante doados pela Estação do Lanche. Quem quiser ajudar comprando a rifa ou com outros tipos de colaboração, poderão fazer um PIX para o celular 18996904359.
OUTRO CASO
O caso desta menina não é um caso isolado. Nossa reportagem tomou conhecimento de outro menor que é autista e faz tratamento contra o câncer, também não teve atendido o pedido médico por parte da Secretaria da Saúde de Andradina, mesmo o laudo atestando que a criança também deveria ser transportada de forma individual.
O caso só foi resolvido quando familiares buscaram apoio junto ao Ministério Público, que ingressou com ação para obrigar a Prefeitura de Andradina a cumprir a orientação médica. O juizado da Infância e Juventude determinou que o município fornecesse às condições. Além da falta de atendimento dos pedidos médicos, são constantes os relatos de pacientes que além de aguardar muito tempo para retornar para Andradina, após cessões de quimioterapia e radioterapia, ainda são obrigados a viajar em veículos com diversos problemas mecânicos, com constantes quebras no trajeto.
PROMESSAS
Enquanto o prefeito Mário Celso Lopes desde que assumiu o cargo máximo na administração municipal, prometeu ajuda para ativar o Centro de Hemodiálise da Santa Casa de Andradina, Hospital da Mulher, Hospital em 100 dias, Hospital Infantil, o que se viu de fato é veículos sucateados, falta de medicamentos, “puxadinho da Covid”, interesse em obras de embelezamento da cidade sem benefício para a maioria da população, fraude licitatória, mesmo a população andradinense clamando por dignidade e melhores condições na saúde de Andradina.