CAC de Andradina sofre com suposta falta de estrutura para pacientes

“móveis amontoados e aparente falta de higiene assola o local”

José Carlos Bossolan

A reportagem do O Foco recebeu na quarta-feira (24/03), algumas fotos do CAC (Centro de Atendimento a Covid) de Andradina, mantido pela Prefeitura de Andradina e a situação é extremamente preocupante.

Nas fotos é possível verificar algodão com sangue, copo de água sobre máquina de hemodiálise sem acondicionamento, recipiente aparentemente de produto de limpeza exposto, papagaio urinário ao lado de uma sacola plástica (não é possível verificar se algum material de saúde ou utensílio de paciente), além de amontoado de móveis em meio à área de atendimento dos pacientes.

Também não há divisória entre os leitos dos pacientes atendidos. Não foi possível identificar se os itens apontados nas fotos fazem parte da rotina do local ou foi caso esporádico.  O Centro de Hemodiálise onde funciona o CAC deverá receber 10 novos leitos de UTI Covid-19, se houver entendimento entre a Secretaria Municipal da Saúde de Andradina e a Santa Casa de Andradina, uma vez que serão necessárias melhorias nas instalações, especialmente na questão de oxigênio para atender a demanda.

Segundo informações obtidas por nossa reportagem, deverá acontecer nesta sexta-feira (26/03), reunião entre o secretário do órgão municipal com dirigente da unidade hospitalar para definir parâmetros da instalação dos leitos.

A intenção do prefeito de Andradina, Mário Celso Lopes seria a criação de 20 leitos de UTI Covid, entretanto a falta de estrutura para acomodar os pacientes, além dos insumos deverá diminuir pela metade as acomodações.

AUTORIDADES

A reportagem do O Foco foi em busca de manifestação das autoridades para obter informação se havia algum tipo de reclamação da situação do local relatada através das fotos encaminhadas à reportagem, além da insistência do poder público municipal em instalar 20 novos leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) da Covid-19, sem antes providenciar a capacidade de oxigênio medicinal para atender a demanda, uma vez que a Usina de Oxigênio Medicinal da Santa Casa precisaria passar por ampliação da capacidade para suprir esses novos leitos, além de todos os existentes na unidade hospitalar.

O Núcleo de Comunicação do MPSP (Ministério Público de São Paulo) disse que – “Acerca da solicitação de informações do Jornal O Foco, informo que a Promotoria de Justiça de Andradina promove o acompanhamento das ações e políticas públicas dos governos municipais locais para o combate à pandemia de Covid-19, bem como para o atendimento de pacientes infectados. O CAC de Andradina é local apto para atendimento de pacientes e não chegaram ao conhecimento deste órgão de execução, até o momento, irregularidades semelhantes às apontadas. Caso comprovadas as irregularidades, o Ministério Público atuará no sentido de que sejam elas sanadas pelas autoridades competentes. Por fim, quanto à instalação de novos leitos e possível insuficiência no fornecimento de oxigênio, a Promotoria de Justiça de Andradina já tomou conhecimento dos fatos e iniciou atuação para que os novos leitos sejam instalados de forma a não provocar a interrupção do atendimento por falta de insumos”.

A assessoria de imprensa do MPF( Ministério Público Federal) em São Paulo, informou que – “O MPF em Andradina não tinha conhecimento dos fatos e não recebeu nenhuma reclamação ou manifestação a respeito. Via de regra, os estabelecimentos hospitalares integrantes da administração municipal estão sujeitos à atuação do Ministério Público Estadual. Mas, havendo financiamento por recursos federais, fica configurada a competência do MPF. O procurador vai determinar a instauração, com urgência, de procedimento preliminar, para levantamento de mais informações, e consultar o Ministério Público Estadual para ver se já há algum procedimento lá instaurado para investigar os fatos”.

No ano de 2020, segundo levantamento feito no Portal Transparência do município de Andradina, houve repasses federais ao município de Andradina de R$ 4.986.927,68, através do Fundo Nacional da Saúde (Covid-19), Portaria 1666/20 (Transferência de Recursos  Federais – Emergência Covid-19), Portaria 1857/20 (Transferência de Recursos  Federais – ESPIN) e Lei 173/20 (Programa Federativo de Enfrentamento ao Covid-19).

Em 2021 foram repassados R$ 240 mil ao Fundo Municipal da Saúde.

A assessoria de imprensa da Secretaria de Estado da Saúde informou nossa reportagem que a responsabilidade para fiscalizar a situação do local é da Vigilância Sanitária municipal, já que se trata de unidade de responsabilidade do município. A reportagem do O Foco até o fechamento desta matéria, não recebeu retorno do e-mail enviado a Secretaria Municipal da Saúde sobre os questionamentos feitos da situação do CAC, relatados pelas fotos enviadas a nossa reportagem.