“dados sobre vacinações teriam sidos lançados no sistema em Duque de Caxias”
UOL e G1
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) negou hoje, ao sair de sua casa em Brasília, que tenha adulterado o comprovante de vacinação contra Covid-19. “Não existe adulteração. Eu não tomei a vacina e ponto final. Nunca neguei isso”, afirmou, acrescentando que a operação da Polícia Federal é tentativa de “criar um fato”.
Segundo Bolsonaro, apenas a esposa, Michelle, foi vacinada contra Covid. “Não tomei a vacina após ler a bula da Pfizer. Minha esposa foi vacinada em 2021, nos Estados Unidos, com a Janssen, e minha filha Laura, de 12 anos, também não tomou vacina”. “Se eu tivesse que entrar [nos EUA] e apresentasse cartão, vocês estariam sabendo”, disse o ex-presidente aos repórteres.
“Meu celular foi levado, o da Michelle, eu não sei. Meu telefone não tem senha, não tenho nada a esconder sobre nada”, declarou, antes de sair junto do advogado. Ele afirmou estar indo à sede do PL. O advogado Marcelo Luís Ávila de Bessa disse que ainda não teve acesso ao inquérito, mas considera que o ato foi “arbitrário”.
Operação da PF faz busca na casa de Bolsonaro e prende ex-ajudante. A Polícia Federal deflagrou hoje uma operação que investiga a inclusão de dados falsos sobre vacinação contra covid-19 nos sistemas do Ministério da Saúde. Suspeita é que Bolsonaro teria sido um dos beneficiados.
O tenente-coronel Mauro Cid, que foi ajudante de ordens de Bolsonaro, foi preso. Além dele, mais seis pessoas foram detidas, incluindo policiais militares e um coronel do Exército. PF investiga se cartão de Bolsonaro foi fraudado para entrar nos Estados Unidos. Por isso, houve busca e apreensão na casa do ex-presidente.
Segundo a PF, os suspeitos inseriram dados vacinais falsos sobre Covid-19 em dois sistemas exclusivos do Ministério da Saúde: o do Programa Nacional de Imunizações e da Rede Nacional de Dados em Saúde. A corporação afirma que o objetivo era emitir certificados falsos de vacinação para pessoas que não tinham sido imunizadas e, assim, permitir acesso a locais onde a imunização é obrigatória.
Segundo a corporação, as fraudes ocorreram entre novembro de 2021 e novembro de 2022, e “tiveram como consequência a alteração da verdade sobre fato juridicamente relevante, qual seja, a condição de imunizado contra a Covid-19 dos beneficiários”. A PF afirma ainda que a inserção de informações falsas quanto à vacinação pretendia “manter coeso o elemento identitário em relação a suas pautas ideológicas, no caso, sustentar o discurso voltado aos ataques à vacinação contra a Covid-19”.
Segundo a PF, as condutas investigadas podem configurar, em tese, crimes como:
- infração de medida sanitária preventiva;
- associação criminosa;
- inserção de dados falsos em sistemas de informação;
- corrupção de menores.
Segundo apurou a TV Globo, os sistemas do Ministério da Saúde indicaram que duas doses de vacinas contra Covid teriam sido aplicadas em Jair Bolsonaro:
- a primeira, supostamente aplicada em 13 de agosto de 2022 no Centro Municipal de Saúde de Duque de Caxias (RJ);
- a segunda, supostamente aplicada no dia 14 de outubro, no mesmo estabelecimento de saúde.
Os dados, segundo os investigadores, apenas foram inseridos no Sistema de Informações do Programa Nacional de Imunizações apenas em 21 de dezembro, pelo secretário municipal de Governo de Duque de Caxias, João Carlos de Sousa Brecha, preso na operação da PF. Uma semana depois, no dia 27 de dezembro do ano passado, as informações foram excluídas do sistema por Claudia Helena Acosta Rodrigues da Silva, sob alegação de “erro”.