BIOECONOMIA AZUL: o desafio socioeconômico de produzir sem destruir o planeta água

Secom CONAFER

Passadas duas décadas deste novo século, a sustentabilidade ganha um protagonismo único na história da civilização humana. Não existe como se desenvolver economicamente e socialmente sem criar processos que tornem a cadeia produtiva totalmente sustentável, da produção à logística reversa. Na terra, no ar e na água, ou nas águas dos rios, igarapés, dos oceanos, baías e costas onde a atividade pesqueira é soberana, um dos desafios da CONAFER é integrar os pescadores, ribeirinhos e pequenos produtores da pesca artesanal de todo o país às exigências da bioeconomia azul. Seja por meio da orientação para que os produtores não ultrapassem os limites de capturas legais em suas ações e se comprometam a cumprir todas as regras de proteção das águas e da renovação das espécies. A CONAFER acredita que estimular a economia oceânica sustentável faz parte do seu compromisso com as comunidades que dependem do mar e dos rios para a sua subsistência, o que assegurará a manutenção de suas tradições culturais e um pleno crescimento econômico das suas comunidades

Vista do espaço por telescópios de alta resolução, o planeta Terra é azul e possui mais de 70% da sua superfície preenchida pelas águas dos oceanos. Como forma de aproveitar estes recursos, foi desenvolvido o conceito de economia azul, ou a bioeconomia azul, e que busca adequar a realização das atividades econômicas por meio de práticas de sustentabilidade, a fim de garantir a inclusão social e a conservação dos ecossistemas costeiros e marinhos.

Entre as práticas que podem ser desenvolvidas pela bioeconomia azul, encontram-se o turismo de base comunitária em regiões costeiras, a pesca, a extração de recursos minerais e a geração de energia por meio da maremotriz, por exemplo. Para ampliar estas ações, a CONAFER tem apoiado o desenvolvimento destas políticas, como a nova campanha intitulada “O que você alimenta, quando você se alimenta?”, a qual incentiva as comunidades a procurarem por informações a respeito da origem dos alimentos consumidos, incluindo-se os que provêm do oceano.

O Brasil está entre os países com as maiores áreas marítimas do mundo, fato que torna urgente a necessidade de promover a exploração destes recursos vivos, minerais e energéticos de forma sustentável, promovendo também o desenvolvimento social. A CONAFER irá sempre buscar ações para incentivar o uso inteligente dos recursos naturais e dos setores relacionados, como turismo, transporte marítimo, pesca e energias, por compreender que toda a vida na Terra depende do mar, e que é dever de todas as comunidades, governos e instituições públicas e privadas, protegê-lo e preservá-lo.

A bioeconomia azul na visão da Comunidade Europeia

Em recente matéria do Jornal N, de Portugal, assinada pelo colunista Abílio Martins Ferreira, o jornalista relata que “a bioeconomia azul e circular pode ser um potencial econômico desde que as ações de política pública sejam centradas nas capacidades que esta demonstra em regenerar, reorganizar, reorientar e reaproveitar soluções, aplicações e produtos para as atividades econômicas tradicionais e emergentes. Promover, incrementar e desenvolver as atividades da bioeconomia implica dar a conhecer ao comum dos cidadãos a percepção do que é, e da importância que a mesma pode representar no plano profissional, social e de lazer”.

Abílio Ferreira explica que “de acordo com a Comissão Europeia, a bioeconomia azul abrange a produção de recursos biológicos renováveis e a conversão destes recursos e fluxos de resíduos em produtos de valor agregado, podendo estes terem uma base biológica e ou de bioenergia, gerando produtos e aplicações para atividades tão diversas como a alimentar, humana e animal, saúde, floresta e agricultura, pesca e aquicultura, têxteis, químicos, madeira e papel, biocombustíveis líquidos e outros”.

Para Abílio Ferreira, “quanto à bioeconomia azul e circular, o seu valor econômico é ainda muito reduzido, em Portugal e na Europa. No entanto, manifesta um forte potencial de crescimento e desenvolvimento, podendo oferecer enorme contribuição para a gestação de soluções, aplicações e produtos mais sustentáveis, menos poluentes dos mares e oceanos, e com menor desperdício de bio recursos marinhos. Assim, o uso de bio recursos marinhos provenientes de colheitas dos fundos oceânicos, de espécies piscícolas, ou de outra natureza marítima, com uma bioeconomia azul e circular organizada, eficiente e eficaz poderão ser uma parte da resposta para gerar novas oportunidades de negócio viáveis, com o surgimento de novos produtos e aplicações mais sustentáveis, ecológicas e biodegradáveis para múltiplas e diversificadas atividades econômicas”.

“Por último, a bioeconomia azul e circular poderá fortalecer o desenvolvimento e crescimento das economias pesqueiras, pela sua capacidade inovadora e disruptiva para a melhora e renovação dos processos produtivos das indústrias tradicionais marítimas em articulação e complementaridade com as novas e emergentes atividades econômicas, ajudando deste modo a economia azul a contribuir para um planeta mais desenvolvido, sustentável e equilibrado ambiental e socialmente”, finalizou Abílio Ferreira.