Após missão Yanomami da CONAFER, MPF cobra plano de saúdo indígena do Ministério da Saúde

“confederação participou de reuniões e doou 250 cestas básicas para indígenas”

José Carlos Bossolan

Após percorrer mais de 2 dias de barco para chegar ao coração da floresta Amazônica, mais precisamente no município de Barcelos, a CONAFER (Confederação Nacional de Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais) esteve com os Yanomamis no final de outubro e vem acompanhando o problema.

Vítimas do desmatamento ilegal e atuação criminosa de garimpeiros em território Yanomami, os indígenas tem sofrido com a fome, miséria e com a proliferação de doenças levadas pelos “homens brancos”, a CONAFER, através do secretários indígenas Lucas Santana, Burain de Jesus e Júnior Xukuru, o secretário da Amazônia Legal Francisco Silas e a cientista política Alcyjara Lacerda, realizaram nos dias 21, 22 e 23 de outubro, em parceria com a União Nacional Indígena (UNI), levou a solidariedade aos povos indígenas.

Diante do descaso do poder público federal, imbuído de proteger os povos indígenas, a CONAFER fez a doação de 250 cestas básicas para amenizar o problema da fome e desnutrição das crianças Yanomamis. Nesta segunda-feira (15/11), o MPF (Ministério Público Federal) em Roraima e Amazonas, oficiaram o Ministério da Saúde para que dentro de 90 dias apresente um plano de reestruturação da assistência básica aos Yanomamis.

Dentre às recomendações feitas pelo MPF está a auditoria nas contas do Distrito Sanitário Especial Indígena Yanomami (Dsei-Y) e da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), ambos subordinados ao Ministério da Saúde, para identificar como o dinheiro está sendo usado, reforço no quadro de funcionários que atuam dentro da reserva e logística aérea adequada para atender as comunidades.

“Um plano de reestruturação, portanto, em um prazo de 90 dias, sob pena de intervenção no Ministério da Saúde no Distrito Yanomami. Seja com a nomeação de gestores capazes de buscar a reestruturação da Saúde Yanomami, ou seja avocando essa competências e o próprio ministro da saúde exercendo o seu papel de supervisor e executor dessa política”, disse o procurador da República em Roraima, Alisson Marugal.

“presidente da CONAFER, Carlos Lopes é solidário aos povos indígenas”

O presidente da CONAFER, Carlos Lopes, disse que a entidade vem monitorando a situação e continua lutando pelos povos indígenas – “não podemos fechar os olhos para um problema existente que vem afetando o cotidiano dos povos indígenas. A ambição dos garimpeiros, das madeireiras tem levado a miséria, doenças, danos ambientais irreparáveis a esse povo que só quer ter o direito de viver a sua forma, na preservação ambiental, mantendo sua crença e cultura, sem a intromissão do homem branco. A CONAFER tem se reunido com lideranças indígenas para buscar uma solução urgente para esse problema que só vem aumentando, na mesma proporção que ceifa a vida desses brasileiros natos. Estamos juntos, apoiamos e defendemos os povos indígenas e nos aliamos como bravos guerreiros na defesa das suas causas, principalmente o direito à proteção dos seus territórios, à autodemarcação, à liberdade de expressão e preservação da sua rica cultura” – desabafou Carlos Lopes.

Com mais de 370 aldeias e quase 10 milhões de hectares que se estendem por Roraima, fronteira com a Venezuela, e o Amazonas, a reserva Yanomami, a maior do país, enfrenta problemas tão grandes quanto a sua extensão territorial. Ao todo, são 28 mil indígenas que vivem isolados geograficamente em comunidades de difícil acesso, mas que, em grande parte, já sofreram alguma intervenção de fora, com a ocupação de não indígenas, como é o caso dos garimpeiros, estimados em 20 mil.

O programa dominical do Fantástico também fez uma série de denúncias que vem afetando a vida dos índios Yanomamis, com surto de malária, abandono do governo federal e invasão das terras indígenas por garimpeiros. A reportagem foi exibida no último domingo.