APICULTORES CONAFER: na aldeia Meio da Mata, em Porto Seguro, produtores pataxó se preparam para receber o Selo Arte

Secom CONAFER

A Confederação iniciou, por meio da sua Secretaria Geral (SG) e da Secretaria de Agricultura e Empreendedorismo Rural (SAER), a preparação dos seus apicultores indígenas associados, da aldeia pataxó Mata da Aldeia, no município de Porto Seguro, a 629 km de Salvador, para o recebimento da certificação Selo Arte, junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). A equipe técnica tem trabalhado na orientação dos produtores para a profissionalização da cadeia produtiva, adequação da produção apícola às regras e legislações sanitárias, além do incremento da produtividade das colmeias e beneficiamento do mel. Com a certificação, toda a produção apícola terá maior receptividade nos mercados nacional e internacional, trazendo um grande aumento de renda e desenvolvimento para 30 famílias de apicultores da aldeia.

O mel produzido na Meio da Mata é elaborado a partir de abelhas africanizadas, resultado do cruzamento entre a raça europeia, Apis mellifera mellifera, e a africana, Apis mellifera scutellata, que, quando em situações de estabilidade climática e boa florada, chegam a produzir 1200 quilos do produto por ano.
O mel é excelente para tratar problemas respiratórios, do intestino, e bastante utilizado pelas indústrias de culinária, cosméticos, bebidas e medicamentos em todo o mundo, por isso é fonte de saúde e renda para milhares de famílias brasileiras.

“Os apicultores indígenas da aldeia Meio da Mata, associados à CONAFER, extraem até 1200 quilos de mel silvestre por ano”

Principal produto comercializado pela associada à CONAFER e candidato à certificação do Selo da Arte, o mel da Associação Comunitária Indígena Pataxó Meio da Mata, tem ótima qualidade e todas as condições de receber este selo tão importante. Na aldeia, a atividade apícola é praticada por cerca de 30 famílias indígenas, que realizam o manejo das colmeias unindo o conhecimento dos processos produtivos com as boas práticas de sustentabilidade.

Com as exportações do mel brasileiro em alta, um crescimento superior a 70% em receita no ano passado, e um acréscimo de 6% nas vendas em relação a 2020, apicultores de todo o país se preparam para ampliar a sua área de atuação comercial e expandir seus mercados. Segundo o Instituto de Desenvolvimento Rural do estado do Paraná (IDR), foram vendidas em todo o país quase 47 mil toneladas do produto, fazendo o montante das vendas saltar de U$ 98,5 milhões para U$ 163 milhões, um número que chama a atenção, apesar de a produção no país ainda ser considerada inferior à de outros países, o que traz desafios ao apicultor sobre como desenvolver novas estratégias para melhorar o manejo e duplicar a produção, oportunizando aos nossos produtores associados certificados.

“Mel indígena pataxó produzido pelos apicultores da aldeia Meio da Mata se prepara para certificação Selo Arte, que identifica produtos de origem animal produzidos de maneira artesanal”

Com o intuito de melhorar a produtividade das colmeias e profissionalizar a prática apícola na aldeia Meio da Mata, a Confederação tem empenhado seus esforços em garantir aos apicultores indígenas toda a assistência técnica necessária a certificação do produto, auxiliando, por meio de seu corpo técnico, no acesso a mais crédito para investimento em infraestrutura e beneficiamento do seu produto e orientações para adequação às legislações sanitárias. De acordo com o secretário de Agricultura e Empreendedorismo Rural (SAER) da CONAFER, Paulo Souza, “estamos trabalhando para conseguir levar o Selo Arte para o mel produzido na aldeia, o que trará maior valorização para o produto e para o trabalho das famílias”.

Para a produção apícola, a aldeia Meio da Mata utiliza, principalmente, a abelha africanizada com ferrão, e a florada nativa da região de Porto Seguro, rica em aroeira, alecrim, canela-de-velho, ipê ou jamelão, e do clima, que, quando combinados a estabilidade climática, resultam em 1200 quilos de mel silvestre, a serem comercializados na região Sul e Extremo-Sul da Bahia. “Também trabalhamos com a abelha Uruçu Amarela, sem ferrão, conhecida como abelha indígena, que embora tenha baixa produtividade, tem um mel diferenciado e muito requisitado pela indústria culinária brasileira”, explica o técnico em apicultura e líder indígena Geremias Pataxó.

“Produção apícola na aldeia Meio da Mata liderada pelo técnico em apicultura, Geremias Pataxó”

Nos últimos dois anos, a instabilidade climática, que resultou em fortes chuvas na região, levou a uma queda significativa na produção do mel pela aldeia, trazendo prejuízos não apenas à venda do produto, mas a polinização das espécies de plantas cultivadas. A expectativa é que com a estabilização do clima na Bahia, após a estação chuvosa, em temperaturas entre 20 e 30 graus, e com o florescimento apícola desta mata nativa, as melgueiras voltem a se encher, e cada apiário possa abrigar mais de 50 colmeias, voltando a abastecer o mercado interno com o mais puro e artesanal doce indígena e se preparando para atuar em outras regiões e países.

A aquisição do selo permitirá aos apicultores venderem o mel indígena no mercado interno e em países como Estados Unidos, Alemanha e Austrália, que tem sido o principal destino das exportações do produto, sendo, frequentemente, exigida por eles a certificação quanto à origem orgânica ou artesanal, enquanto um diferencial. As matas nativas, às estações secas e úmidas bem definidas, e à agrobiodiversidade, fazem do Brasil um potencial produtor de mel, assegurando a diversidade de aromas, cores e sabores, característica da florada e do ecossistema da região.

“Na foto, o secretário de Agricultura e Empreendedorismo Rural da CONAFER, Paulo Souza”

Para Paulo Souza, “estruturar a agrobioindústria de mel na aldeia assegurando o Selo Arte, atesta atributos específicos do produto como sua qualidade, sabor, cor, segurança nutricional, identificação quanto a origem e sua associação com a natureza e as tecnologias de produção envolvidas, dando ao consumidor mais segurança e rastreabilidade sobre a gestão e comercialização”. “O papel da CONAFER é auxiliar com assistência técnica e capacitação os apicultores indígenas, possibilitando acesso a financiamentos e linhas de créditos para que cumpram os requisitos do Mapa na emissão dos certificados”, completa o secretário da SAER.

Mais informações sobre o mel indígena pataxó da aldeia Meio da Mata podem ser obtidas pelo WhatApp e telefone: (73)9966-3299.