“Nossa melhor homenagem à natureza é ser o produtor da agroecologia, o trabalhador que atua diariamente em atividades que preservam os ecossistemas, ser extrativista e pescador artesanal, ser o guardião de rios e florestas, ser o instrumento na ação da terra que produz a lavoura rica e saudável, ser ribeirinho e da pecuária agrofamiliar, ser o indígena que convive em equilíbrio com rios e florestas, ser o artesão dos recursos naturais, ser o quilombola que vive em comunidades sustentáveis, porque ser da agricultura familiar é fazer uma celebração ao meio ambiente todos os dias”
Wilson Ribeiro/Secom CONAFER
O planeta terra tem aproximadamente 4 bilhões de anos. Mas a sua degradação e destruição permanentes são bem mais recentes, pois coincidem com o nascimento do homem e sua evolução. A sociedade humana como conhecemos, quando o ser humano deixa de ser nômade, é bem recente. São 10 mil anos apenas, exatamente quando passamos a nos fixar em comunidades quando passamos a ser agricultores.
Hoje, como agricultores familiares, precisamos ser um exemplo na preservação da natureza, no descarte adequado do lixo, nos cuidados da coleta seletiva, criando projetos de reciclagem, consumindo os recursos naturais com equilíbrio, protegendo as florestas e todos os biomas das queimadas e desmatamentos, usando a água sem desperdício e agricultando sem esgotar o solo.
Também é preciso levar a conscientização à toda a sociedade para proteger e manter intactos nossos recursos renováveis. Proteger o nosso planeta é uma missão de todos. E nós como agricultores agrofamiliares, temos o dever de entregar os frutos e as sementes da preservação do meio ambiente às futuras gerações.
A CONAFER e o Dia do Meio Ambiente na Agenda 2030 da ONU
Em 1972, durante a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, em Estocolmo, a Organização das Nações Unidas (ONU) instituiu o Dia Mundial do Meio Ambiente, que passou a ser comemorado todo dia 05 de junho.
Essa data, que foi escolhida para coincidir com a data de realização dessa conferência, tem como objetivo principal chamar a atenção de todas as esferas da população para os problemas ambientais e para a importância da preservação dos recursos naturais, que até então eram considerados, por muitos, inesgotáveis.
A CONAFER compartilha os mesmos objetivos da Agenda 2030 da ONU, a Organização das Nações Unidas, e suas agências PNUD, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, agência líder da ONU no combate à pobreza e que trabalha pelo desenvolvimento humano; a FAO, Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura, que lidera os esforços internacionais de erradicação da fome e da insegurança alimentar.
Esta agenda global foi formulada e assinada pelos países-membros da ONU. Como representante de uma grande parcela de agricultores familiares e empreendedores rurais brasileiros, cabe à CONAFER estabelecer parcerias, desenvolver acordos e implementar programas de fomento para o Brasil, e do Brasil com outros países, oportunizando ações orientadas pela Agenda 2030, trabalhando assim por um plano de ação global com 3 pontos principais entre os seus 17 ODS, Objetivos de Desenvolvimento Sustentável: o fim da fome, a luta pela justiça social e a preservação do planeta.
Os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, os ODS, foram adotados em 2015, a partir da reunião de chefes de Estado e de Governo na sede da Organização das Nações Unidas, em Nova York. Foi uma decisão histórica dos países-membros da ONU para unir forças em prol de uma Agenda Mundial de Desenvolvimento Sustentável, que deve ser cumprida até o ano de 2030.
A CONAFER, por ser uma Confederação Nacional pode contribuir muito para esta Agenda, estimulando a agricultura familiar sustentável em um território continental, promovendo a moderna agroecologia, levando alimentação saudável para milhões de pessoas no Brasil, e também para outros países.
Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030 para o Meio Ambiente
2. Fome Zero e Agricultura Sustentável
A fome extrema e a má-nutrição continuam sendo uma grande barreira para o desenvolvimento em muitos países. Os ODS têm a meta de acabar com a desnutrição até 2030, garantindo que todas as pessoas, especialmente as crianças, tenham acesso suficiente a todo tipo de alimento durante todo o ano. Isso envolve promover práticas agrícolas sustentáveis, apoiar pequenos agricultores e garantir acesso igualitário à terras, tecnologia e mercados.
Também requer cooperação internacional para garantir investimentos em infraestrutura para apoiar a produção agrícola. Simultaneamente com os outros objetivos, podemos acabar com a fome em 2030.
6. Água Potável e Saneamento
A escassez de água afeta mais de 40 por cento das pessoas do mundo, um número alarmante que irá crescer com o aumento da temperatura global do planeta, resultado da mudança global do clima. Mesmo após 2,1 bilhões de pessoas passarem a ter acesso à água potável e de qualidade desde 1980, a possível diminuição desse número é um problema central que impacta todos os continentes.
Em 2011, 41 países vivenciaram problemas por causa da água – 10 deles estão perto de diminuir o fornecimento de água potável e agora precisam de fontes alternativas para garantir esse insumo básico. O aumento da desertificação e de secas já está afetando esse panorama. Para 2050, está projetado que uma em cada quatro pessoas será afetada pela carência de água.
Garantir o acesso universal e seguro à água potável até 2030 requer investimento em infraestrutura adequada, acesso a saneamento e fomentar a higiene em todos os níveis. Proteger e recuperar ecossistemas que vivem e dependem da água como florestas, montanhas, pântanos e rios é essencial se nós queremos mitigar a escassez de água. Uma maior cooperação internacional também é necessária para fomentar e apoiar o uso correto da água por meio do tratamento adequado, com a colaboração da tecnologia, em países em desenvolvimento.
7. Energia Acessível e Limpa
Entre 1990 e 2010, o número de pessoas com acesso à eletricidade cresceu 1,7 bilhão, e como a população global continua a crescer, também crescerá a demanda por energia barata. Uma economia global dependente de combustíveis fósseis e o aumento das emissões de gás carbônico está criando drásticas mudanças no clima, o que impacta diretamente todos os continentes.
Esforços para promover o uso de energias limpas garantiram, segundo dados de 2011, que 20 por cento da energia consumida no planeta venha de fontes renováveis. Mas ainda uma em cada sete pessoas no planeta não tem acesso à eletricidade e como a demanda continua a crescer há a necessidade de substancialmente aumentar a produção de energias renováveis.
Garantir o acesso universal à energia e a um preço justo até 2030 significa investir em fontes de energia limpa, como a energia solar, eólica e térmica. Adotar padrões de custos sustentáveis para uma vasta gama de tecnologia também pode reduzir o consumo global de energia em 14 por cento. Isso significa 1300 centrais elétricas a menos no planeta. Expandir a infraestrutura e modernizar a tecnologia para fornecer energia limpa em todos os países em desenvolvimento é um objetivo crucial para que o crescimento econômico colabore com o meio ambiente.
9. Indústria, Inovação e Infraestrutura
Investimentos em infraestrutura e inovação são indutores cruciais do crescimento econômico e do desenvolvimento. Com mais da metade da população global agora vivendo em cidades, transportes de massa e energias renováveis são cada vez mais importantes, assim como o crescimento de novas indústrias e tecnologias de comunicação e informação.
O progresso tecnológico é chave para encontrarmos soluções definitivas para desafios econômicos e ambientais, assim como gerar novos empregos e promover a eficiência energética. Promover indústrias sustentáveis e investir em pesquisa científica e inovação são formas importantes de facilitar o desenvolvimento sustentável.
Mais de quatro bilhões de pessoas ainda não têm acesso à internet, e 90 por cento vivem em países em desenvolvimento. Diminuir essa distância digital é crucial para garantirmos acesso igualitário à informação e ao conhecimento, assim como propiciar a inovação e o empreendedorismo.
11. Cidades e Comunidades Sustentáveis
Mais da metade da população do planeta vive em áreas urbanas. Em 2050, esse número chegará a 6,5 bilhões de pessoas – dois terços de toda a humanidade. O desenvolvimento sustentável não pode ser alcançado sem uma transformação significativa na forma de construir e gerenciar os espaços urbanos. O rápido crescimento das cidades no mundo em desenvolvimento, junto com o aumento da migração rural para a área urbana, levou a uma expansão das cidades. Em 1990, haviam dez megacidades com mais de 10 milhões de habitantes ou mais.
Em 2014, já haviam 28 megacidades, que abrigavam mais de 453 milhões de pessoas. A pobreza extrema é frequentemente concentrada em espaços urbanos e governos nacionais e locais sofrem para acomodar a população crescente nessas áreas. Tornar as cidades mais seguras e sustentáveis significa garantir o acesso à moradias adequadas e a preços acessíveis e melhorar a qualidade de áreas degradadas, principalmente das favelas. Também envolve investimento em transporte público, criação de espaços verdes e melhoria no planejamento urbano e no gerenciamento de forma participativa e inclusiva.
12. Consumo e Produção Sustentáveis
Alcançar o crescimento econômico inclusivo e o desenvolvimento sustentável requer uma mudança no modo em que produzimos e consumimos bens e recursos. A agricultura é o setor da economia que mais usa água globalmente, e a irrigação consome quase 70 por cento de toda a água potável do planeta. O gerenciamento eficiente dos nossos recursos naturais compartilhados, e a forma que nós descartamos lixo tóxico e poluentes, são importantes metas para alcançarmos esses objetivos.
Estimular indústrias, setor privado e consumidores a reciclar e reduzir o desperdício é igualmente importante, assim como apoiar os países em desenvolvimento a alcançarem uma economia de baixa consumo até 2030. Grande parte da população mundial consome menos do que o necessário para atender necessidades básicas. Reduzir o desperdício global per capita de alimentos, tanto dos distribuidores como dos consumidores, é importante para criar cadeias de consumo mais eficientes. Isso pode ajudar na segurança alimentar, e garantir uma economia mais sustentável.
13.Ação Contra a Mudança Global do Clima
Não há país no mundo que não enfrente os efeitos adversos da mudança global do clima. A emissão de gases de efeito estufa continua a crescer, e está 50 por cento maior do que os níveis de 1990. Além disso, o aquecimento global está causando mudanças de longo prazo em nosso clima, com ameaças e consequências irreversíveis se não tomarmos medidas urgentes, agora.
A perda média anual por consequência de terremotos, tsunamis, ciclones tropicais e alagamentos contabiliza centenas de bilhões de dólares, exigindo um investimento de seis bilhões de dólares anuais somente no gerenciamento de risco de desastres. O objetivo busca mobilizar 100 bilhões de dólares por ano até 2020 para atender as necessidades de países em desenvolvimento de ajudar a mitigar os desastres relacionados à mudança global do clima. Ajudar regiões mais vulneráveis, assim como países sem saída para o mar, países menos desenvolvidos e pequenas ilhas em desenvolvimento, a se adaptarem à mudança do clima deve ser compromisso fundamental nos esforços para integrar políticas de redução de desastres em estratégias nacionais.
Isso ainda é possível, com coordenação política e apoio da tecnologia, para limitar o aumento da temperatura global do planeta em até 2º Celsius até 2050. E isso requer ações coletivas urgentes.
14. Vida na Água
Os oceanos do planeta – suas temperaturas e vidas marinhas – são responsáveis para garantir que a Terra seja um local habitável. Como gerenciamos esses recursos é vital para a humanidade como um todo, para contrabalancear a mudança global do clima. Oceanos absorvem mais de 30 por cento do dióxido de carbono produzido por humanos e, atualmente, vemos um aumento de 26 por cento na acidificação dos oceanos, desde o começo da revolução industrial.
A poluição marinha está alcançando níveis alarmantes, com aproximadamente 13 mil unidades de lixo plástico encontradas em cada quilômetro quadrado do oceano. Os ODS garantem o gerenciamento sustentável e a proteção dos ecossistemas marinhos e costeiros, assim como combater os impactos da acidificação dos oceanos. Intensificar a conservação e o uso dos recursos marítimos por meio de leis internacionais também irá colaborar com a mitigação dos desafios para termos oceanos limpos e sustentáveis.
15. Vida Terrestre
A subsistência da vida humana depende da terra assim como dos oceanos. A vida vegetal responde por 80 por cento da dieta humana e nós dependemos da agricultura como importante fonte econômica e de desenvolvimento. Florestas ocupam cerca de 30 por cento do território do planeta Terra, gerando ambientes vitais para milhões de espécies e importante fonte de água e ar limpos.
Esses ambientes também são cruciais para combater a mudança global do clima. Hoje vemos uma degradação do solo sem precedentes e uma perda de terras cultiváveis de 30 a 35 vezes maior do que a média histórica. Secas e desertificação também aumentam a cada ano, junto com a perda de 12 milhões de hectares, que afetam diretamente comunidades mais pobres de todo o planeta.
Das mais de 8300 espécies de animais conhecidas, oito por cento estão extintas e 22 por cento em risco de extinção. Os ODS buscam conservar e restaurar o uso do ecossistema terrestre, como das florestas, pântanos, zonas secas e montanhas até 2020. Deter o desmatamento também é vital para mitigar o impacto da mudança do clima. Ações urgentes precisam ser tomadas para reduzir a perda de ambientes naturais e biodiversidade, que são parte do nosso patrimônio comum.