“Sistema Nacional de Metereologia publicou informações sobre o impacto da escassez de chuvas, de maio até final de setembro, na região central do país: nota técnica indica que a região da Bacia do Paraná, que abrange os estados de Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso do Sul, São Paulo e Paraná, deve passar por estado crítico de falta de água”
Wilson Ribeiro/Secom CONAFER
O ciclo das águas do Cerrado passa por uma transformação que potencializa a crise hídrica. O excesso de calor e a mudança no regime de chuvas são uma realidade. Estudos apontam que o desmatamento de quase metade da área do bioma vem causando impactos. De acordo com o Fundo das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), a agricultura mundial consome 70% do montante de toda a água consumida no planeta. No Brasil este número sobe para 72% e cresce à medida que o país é menos desenvolvido.
O Cerrado é uma verdadeira caixa d’água no coração do Brasil. É assim que o Cerrado é visto por especialistas ligados aos recursos hídricos do país. O bioma da região central brasileira possui grande importância estratégica para o abastecimento e manutenção de uma rica biodiversidade. Com grandes reservas subterrâneas de água doce, o Cerrado faz conexões ao norte, com a Amazônia; ao nordeste, com a Caatinga; a sudoeste, com o Pantanal; e a sudeste, com a Mata Atlântica, o que faz com que haja importantes relações ecológicas entre ele e os biomas vizinhos.
De acordo com o Museu do Cerrado, iniciativa da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília (FA/UnB), o Cerrado possui 19.864 nascentes, 23,6% de todas as nascentes brasileiras, além de três grandes aquíferos: Guarani, Bambuí e Urucuia. Mas, a riqueza hídrica requer mais cuidados: uma vez que distribui água por todo o país, a escassez na região afeta o Brasil. Na última reportagem da série especial sobre o Cerrado, especialistas advertem quanto às ameaças nascentes e rios da região.
Os estudos do Sistema Nacional de Metereologia indicam uma crise hídrica
Criado em maio, o Sistema é coordenado pelo Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (Censipam), com a participação da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) e o Centro Nacional de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais (Cemaden). As instituições federais atuam de forma conjunta para aprimorar o monitoramento e a elaboração de previsões de eventos meteorológicos extremos, pesquisa, desenvolvimento e inovação no setor.
Estudos realizados pelo SNM de acompanhamento meteorológico para o Setor Elétrico Brasileiro alertam que as perspectivas climáticas para 2021/2022, como informa a nota conjunta:
“O Sistema Nacional de Meteorologia (SNM), coordenado pelo Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (CENSIPAM), com a participação de todos os órgãos federais ligados à meteorologia, e com e o Centro Nacional de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais (CEMADEN) emitem um Alerta de Emergência Hídrica associado à escassez de precipitação para a região hidrográfica da Bacia do Paraná que abrange os estados de Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso do Sul, São Paulo e Paraná para o período de Junho a Setembro de 2021. O Sistema Nacional de Meteorologia (SNM) é um sistema de atuação conjunta de instituições federais para o aprimoramento do monitoramento e elaboração de previsões de eventos meteorológicos extremos, pesquisa, desenvolvimento e inovação. Estudos realizados pelo SNM de acompanhamento Meteorológico para o Setor Elétrico Brasileiro, alertam que as perspectivas climáticas para 2021/2022 indicam que a maior parte da região central do país, a partir de maio até final de setembro, entra em seu período com menor volume de chuvas (estação seca). A previsão climática elaborada conjuntamente pelo INPE, INMET e FUNCEME indica para o período Junho-JulhoAgosto/2021 a mesma tendência, ou seja, pouco volume de chuva na maior parte da bacia do Rio Paraná. Essa previsão é consistente com a de outros centros internacionais de previsão climática. Total de chuva acumulada nos três primeiros meses de 2021 A análise das chuvas entre outubro de 2019 a abril de 2021 para a bacia do Rio Paraná (Figura 1) indica que, com exceção de alguns meses quando as precipitações ficaram acima da média climatológica (dezembro/2019, agosto/2020 e janeiro/2021), durante a maior parte do período houve predomínio de déficit de precipitação, principalmente a partir de fevereiro/2021. Essa condição se mantém no mês atual, com acumulado parcial de 27 milímetros para a bacia, ou seja, abaixo do acumulado climatológico que é de 98 milímetros. Analisando o índice de precipitação padronizado (SPI), que indica déficit (em vermelho) ou excesso (em azul) de precipitação para diferentes escalas temporais, conclui-se que na maior parte da bacia do Rio Paraná a situação apresenta-se entre moderada e extrema, ou seja, a situação atual de déficit de precipitação é severa.
Racionamentos e rodízios devem voltar na região
Apesar da abundância de água no bioma, a região sofre com períodos de redução de chuvas, tanto que a população do Distrito Federal, por exemplo, precisou conviver com racionamento e rodízio no consumo de água nos anos de 2017 a 2019. Caso a tendência não seja revertida, a população deverá enfrentar, em um futuro próximo, maior escassez de água, tanto para consumo urbano quanto para consumo na área rural. Por isso, a importância dos esforços de proteção das unidades de conservação que protegem os principais mananciais, redução da retirada de água dos poços artesianos e restrição drástica de autorização para a abertura de novos poços.
Com informações do Mapa, da EOS Organização e Sistemas Ltda, do portal Embrapa e do site da Safra Irrigação.FacebookTwitter