“Criança deveria ter sido entregue na escola de manhã e foi achada morta à tarde após dia de calor forte na capital paulista”
Renato Biazzi, Carlos Henrique Dias, Juliana Furtado, Paola Patriarca/ TV Globo e G1
A mãe do menino de dois anos que que morreu depois de ser esquecido em uma van escolar, na zona norte de São Paulo, afirmou que o filho chorou ao entrar no veículo para ir atá a creche nesta terça-feira (14). A criança foi colocado na van por volta das 7h, mas não foi deixado na unidade pelo motorista e auxiliar.
À tarde, o menino foi encontrado desacordado no veículo e levado ao Hospital Municipal Vereador José Storopolli, no Parque Novo Mundo, por volta das 16h20. O menor chegou já sem vida. “Ele estava tão bem hoje [terça-feira, 14]. Mas quando eu fui por ele na perua ele chorou. Ele chorou. Não queria ir. E ela [auxiliar do motorista] sempre colocava ele na frente, hoje ela colocou ele no banco de trás e esqueceu do meu filho. Sempre que eu chegava, meu filho estava lá. Hoje eu cheguei e meu filho não estava e eu nunca mais vou ver ele. Eu nunca mais vou ver meu filho” – disse Kaliane Rodrigues.
Ainda conforme a mãe, ela quer que a Justiça seja feita. “Independente se ela [auxiliar] colocou atrás, na frente ou no meio da van, isso pra mim é irresponsabilidade, porque quem trabalha com criança tem que ter muita atenção. E eu acho isso injustiça demais. E eu quero justiça. Só peço justiça”.
Investigação
Em depoimento à polícia, o condutor Flávio Robson Benes, de 45 anos, e a mulher, Luciana Coelho Graft, de 44 anos e que é auxiliar do marido, contaram que tinham buscado a criança em casa, de manhã, para levá-lo até a creche no Parque Novo Mundo. Contudo, só perceberam ter esquecido o garoto depois do almoço, quando usaram o veículo de novo para buscar as crianças na creche.
A suspeita da polícia é de que o menino morreu por conta do calor. Segundo o Centro de Gerenciamento de Emergências Climáticas de São Paulo (CGE), os termômetros registraram, em média, 37°C durante a tarde na capital paulista. Porém, o laudo irá apontar a causa da morte. De acordo com o boletim de ocorrência, o qual o g1 e a TV Globo tiveram acesso, a auxiliar disse também à polícia que costuma conferir o embarque e o desembarque das crianças, mas que nesta terça (14) não passou bem e estava com enxaqueca, o que pode ter prejudicado a sua atenção no trabalho.
O boletim de ocorrência também aponta que o casal encontrou o menino na cadeirinha já caído no penúltimo banco. Em seguida, os dois foram até a creche, falaram com a responsável do local e seguiram ao hospital no bairro Parque Novo Mundo com a criança desmaiada. A morte foi confirmada pelos médicos.
O caso foi registrado como homicídio contra menor de 14 anos. Flávio e Luciana foram presos, encaminhados ao IML e passarão por audiência de custódia nesta quarta-feira (15). A Prefeitura de São Paulo, por meio de nota, lamentou o caso e disse que presta apoio aos familiares.
“A Diretoria Regional de Educação (DRE) acompanha o caso e o Núcleo de Apoio e Acompanhamento para a Aprendizagem (NAAPA), composto por psicólogos e psicopedagogos, foi acionado para atender a família. Um Boletim de Ocorrência foi registrado e a Diretoria Regional de Educação (DRE) está à disposição das autoridades competentes para auxiliar na investigação. O condutor do Transporte Escolar Gratuito (TEG) já foi descredenciado e um processo administrativo foi aberto para apurar a conduta do profissional.