PF deflagra Operação 3FA, prende “hacker da Vaza Jato” e faz buscas em endereços de Carla Zambelli

“Operação cumpre mandados em São Paulo e Distrito Federal”

José Carlos Bossolan

A Polícia Federal deflagrou na manhã desta quarta-feira (2/08), a Operação 3FA com o objetivo de esclarecer a atuação de indivíduos na invasão aos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e na inserção de documentos e alvarás de soltura falsos no Banco Nacional de Mandados de Prisão (BNMP).

Um mandado de prisão preventiva é contra “hacker da Vaza Jato”, Walter Delgatti Neto. Outros mandados de busca e apreensão estão sendo cumpridos em São Paulo e Distrito Federal, em endereços ligados a deputada federal, Carla Zambelli (PL/SP), além de análise de material apreendido.

Segundo a Coordenação-Geral de Comunicação Social da Polícia Federal, as ações ocorrem no andamento do inquérito policial instaurado para apurar a invasão ao sistema do CNJ (Conselho Nacional de Justiça), que tramitou perante a Justiça Federal, mas teve declínio de competência para o STF (Supremo Tribunal Federal) em razão do surgimento de indícios de possível envolvimento de pessoa com prerrogativa de foro, no caso a deputada bolsonarista.

Os crimes apurados ocorreram entre os dias 4 e 6 de janeiro de 2023, quando teriam sido inseridos no sistema do CNJ e, possivelmente, de outros tribunais do Brasil, 11 alvarás de soltura de indivíduos presos por motivos diversos e um mandado de prisão falso em desfavor do ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes.

Ainda de acordo com a PF, às inserções fraudulentas ocorreram após invasão criminosa aos sistemas em questão, com a utilização de credenciais falsas obtidas de forma ilícita, conduta mediante a qual o criminoso passou a ter controle remoto dos sistemas. Os fatos investigados configuram, em tese, os crimes de invasão de dispositivo informático e falsidade ideológica.

O nome da “Operação 3FA” é uma referência à autenticação de dois fatores (2FA), método de segurança de gerenciamento de identidade e acesso que exige duas formas de identificação para acessar recursos e dados, sendo que, tendo os investigados violado o sistema, foi necessária a atuação do Estado (PF, MPF e Judiciário), que atuou na repressão à conduta criminosa e na prevenção a novas ações semelhantes.

Preso novamente

Walter Delgatti havia sido preso em julho de 2019, durante a “Operação Spoofing”, que desarticulou uma “organização criminosa que praticava crimes cibernéticos”, segundo a Polícia Federal. Em setembro de 2020, o hacker passou a responder pela invasão em liberdade, usando tornozeleira eletrônica. Em junho deste ano, no entanto, Delgatti foi preso novamente por descumprir medidas judiciais. A Justiça novamente autorizou a soltura, em 10 de julho.

As investigações apontaram que o grupo acessou contas do aplicativo de mensagens Telegram usadas por autoridades. Recentemente foi veiculado na mídia que Delgatti Neto estaria disposto em fazer “Delação Premiada”, colaborando com documentos de sua contratação pela deputada federal, Carla Zambelli e de reunião com o então presidente Jair Bolsonaro, com objetivo de invasão dos códigos fontes da Urnas Eleitorais.

Zambelli tem negado a contratação do hacker. e Bolsonaro também nega o pedido a Delgatti Neto.