ZARC DO ALGODÃO: zoneamento agrícola da pluma mais plantada no Brasil é publicado pelo Mapa

Secom CONAFER

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) publicou, na última quarta-feira, 18 de maio, as Portarias de Nº154 a 170 com informações do Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc) para o cultivo do algodão anual (herbáceo), ano-safra 2022/2023. Foram aprovados os zoneamentos realizados em 17 estados: Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Bahia, Maranhão, Piauí, Acre, Rondônia, Tocantins, Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, e Distrito Federal. O Brasil é o quinto maior produtor mundial de algodão, ao lado de países como China, Índia, Estados Unidos e Paquistão, apresentando uma média de produção de aproximadamente 1,5 milhão de toneladas, sendo o estado de Mato Grosso responsável por até 80% desse total. A fibra do algodão é bastante utilizada pela indústria têxtil, o que atribui a cotonicultura uma importância grande na agricultura familiar. De acordo com um levantamento feito pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), a produção dessa fibra no Brasil, para a safra 2022/2023 está estimada em 2.743 milhões de toneladas, cultivados em uma área de 1,55 milhão de hectares. O consumo doméstico previsto para este ano foi calculado em 718 mil toneladas, valor que supera as 697 mil toneladas da temporada anterior

O ciclo econômico do algodão no Brasil teve início junto com a expansão da cafeicultura, entre os séculos XVIII e XIX, quando houve um declínio da mineração do ouro, embora, antes disso, os povos originários já dominassem o seu plantio e as técnicas de beneficiamento, sendo capazes de tecer e tingir os fios de suas fibras para a confecção de redes e vestimentas. A publicação da Zarc tem como objetivo auxiliar os agentes envolvidos na cadeia produtiva da leguminosa: produtores rurais, órgãos de assistência técnica, agentes financeiros, seguradoras e demais entidades que fazem uso destas informações para o planejamento agrícola e suas ações.

A cotonicultura brasileira é destaque na região do Cerrado, onde os agricultores realizam a colheita de mais de 90% do algodão utilizado para abastecer o mercado nacional. Seu cultivo não é indicado em solos que apresentam profundidade inferior a 50 cm ou que são muito pedregosos, isto é, solos nos quais calhaus e matacões (pedregulhos) ocupem mais de 15% da massa e/ou da superfície do terreno.

Por isso, obter o máximo de produtividade desta fibra envolve muitos fatores, entre eles o risco climático. Ao seguirem as recomendações estabelecidas pela Zarc, os agricultores podem se precaver dos riscos climáticos no ciclo produtivo, podendo ser beneficiados pelo Programa de Garantia da Atividade Agropecuária (Proagro) e pelo Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR). Os dados trazidos na Zarc servem de indicadores aos agentes financeiros, que o utilizam como requisito nas concessões de operações de crédito rural, como a contratação do seguro rural e o crédito de custeio oficial, contemplando os cultivos realizados em áreas zoneadas e o plantio de cultivares indicadas nestas portarias.

A lavoura desta pluma, quando tecnicamente bem manejada, pode atingir uma produtividade média de 1.8 tonelada de fibra por hectare, sendo comercializado a um preço médio de R$ 260 a arroba. A Zarc tem como objetivo identificar as regiões que se encontram aptas à produção e os períodos de semeadura para cultivo nos estados e municípios em que foram feitos os zoneamentos, indicando os períodos de plantio menos arriscados, e relacionando os cultivares mais adaptados a cada região, utilizando como parâmetro três níveis de risco: 20%, 30% e 40%, sinalizando a probabilidade de 80%, 70% ou 60% de a cultura ser bem-sucedida nas condições e locais indicados.

Atualmente, a produção agrofamiliar do algodão é desenvolvida com características especiais, a exemplo do algodão colorido e o agroecológico, que viabilizam para estes produtores rurais preços de mercado diferenciados em relação ao algodão convencional, de modo a agregar valor à produção e aumentar a rentabilidade por área plantada. A pluma produzida pelos agricultores familiares é colhida de forma manual, assegurando, com isso, um produto com maior qualidade, devido à baixa contaminação da sua fibra por impurezas durante a execução deste processo.

Aplicativo Plantio Certo

Produtores rurais podem acessar por meio de tablets e smartphones, de forma mais prática, as informações oficiais do Zarc, facilitando a orientação quanto aos programas de política agrícola do governo federal. O aplicativo móvel Zarc Plantio Certo, desenvolvido pela Embrapa Agricultura Digital (Campinas/SP), está disponível nas lojas de aplicativos: iOS e Android. Os resultados do Zarc também podem ser consultados e baixados por meio da plataforma “Painel de Indicação de Riscos”.

Com informações do Mapa.