BIOPRODUÇÃO: no controle biológico da plantação, a solução natural cultivada pela agroecologia gera valor no campo

foto: crédito - Tudo Sobre Plantas

Secom CONAFER

Já na milenar cultura chinesa, o controle de uma determinada praga, ou doença na plantação, era feito com o uso de agentes biológicos. Hoje, no Brasil, cresce a prática de utilizar a própria natureza para combater os inimigos naturais das produções de diversas culturas, as pragas das frutas, legumes e hortaliças. Estes insetos predadores, parasitóides e patógenos, podem substituir os pesticidas, e assim investir nas soluções naturais para o controle de ervas daninhas, além de muito mais viável economicamente. Uma agricultura sustentável não oferece riscos à saúde do agricultor, e também aos consumidores, evitando-se a contaminação de alimentos e de milhões de consumidores de alimentos. Pois, como sabemos, quase 80% do que o brasileiro põe à mesa vem da agricultura familiar. Produzir alimentos saudáveis faz parte da nossa responsabilidade com a segurança alimentar do país

A CONAFER é incentivadora e apoiadora de práticas agroecológicas em todo o processo produtivo. O bom alimento pode percorrer toda a cadeia produtiva sem oferecer riscos à saúde humana. E a agroecologia se apresenta como uma alternativa ao uso de agroquímicos no país. Um exemplo é o resgate de práticas milenares dos povos originários na produção de alimentos que primam pelo equilíbrio de todo o ecossistema.

A agricultura familiar é permeada por práticas agroecológicas, e traz um conceito mais amplo sobre sua execução, como a preocupação com a conservação do solo, a importância da agrobiodiversidade e o respeito ao ciclo vivo, esta interconexão da vida como metabolismo do organismo vivo planetário, como faziam os povos originários.

Assim, biofertilizantes e defensivos naturais, como insetos transmissores de doenças, predadores, parasitóides, e microrganismos, como fungos, vírus e bactérias, representam uma parte destes conhecimentos, que auxiliam no reequilíbrio dos sistemas produtivos, com um custo inferior aos pesticidas, por meio do uso de plantas e substâncias disponíveis.

O Brasil vive uma contradição histórica produzir grandes quantidades de alimentos com o uso de agroquímicos. O custo é bem elevado, pois afeta a saúde de sua população, sobrecarregando o já fragilizado sistema de saúde com o tratamento das doenças como o câncer. Diante deste argumento, faz-se necessário repensar a prática agrícola no país, estimulando, principalmente, o uso de inimigos naturais no controle de pragas e doenças. Esta alternativa é viável e de menor custo na cadeia produtiva.

Pesquisas sobre o controle biológico de pragas são desenvolvidas no país, desde a década de 80, pela Empresa Brasileira de Pesquisa e Agropecuária (Embrapa), que possui em seu acervo relatórios científicos sobre essa prática em cerca de 30 unidades de produção nas regiões Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul, e mais de 130 projetos de pesquisa em andamento.

A crescente resistência de insetos aos inseticidas químicos e o clamor de diversas entidades sociais por soluções adequadas ao uso racionalizado de agrotóxicos são os grandes impulsionadores das pesquisas e do desenvolvimento industrial de biodefensivos no Brasil. Os estudos desenvolvidos pela Embrapa, apontam que o controle de 80% das pragas e doenças agrícolas pode ser feito por meio do uso de inimigos naturais, adotando-se estratégias consolidadas do Manejo Integrado de Pragas (MIP), que traz orientações técnicas tanto para as práticas relacionadas ao controle biológico natural e biológico, quanto para o aplicado ou aumentativo.

De acordo com dados levantados em 2019, pela Associação Brasileira das Empresas de Controle Biológico (ABCBio), o uso de biodefensivos agrícolas, enquanto estratégia para o enfrentamento de pragas e doenças no país, tem potencial de crescimento anual de 20% para os próximos anos, embora sua aplicação ainda seja considerada um desafio, cenário a ser modificado com a redução de custo no uso de drones.

Ainda de acordo com a Associação, no período de 2017 a 2018, houve um incremento das biofábricas no país, que chegou a registrar um aumento de 77% na comercialização dos insumos biológicos, elevando o volume das vendas de R$ 262,4 milhões para R$ 464,5 milhões. Sem dúvida, investir no controle biológico da produção é um grande negócio.