BIOECONOMIA: Brasil aposta na sustentabilidade como marca da agropecuária no pós-pandemia

A agricultura se prepara para o seu maior desafio: ser totalmente sustentável. Este é um ativo fundamental para os próximos anos, pois sem uma política de carbono zero, a nossa capacidade de produzir e comercializar alimentos estará prejudicada em termos competitivos. O desenvolvimento sustentável aliado a ações concretas de respeito ao meio ambiente devem direcionar a retomada econômica do setor agropecuário no pós-pandemia, o tema foi discutido recentemente em audiência do Centro de Estudos e Debates Estratégicos da Câmara dos Deputados (Cedes) 

Secom CONAFER

A agricultura sustentável não é mais uma opção, mas uma “necessidade imperativa”, sobretudo diante das evidências de mudanças climáticas, afirmou Marcelo Morandi, chefe da EMBRAPA Meio Ambiente, em audiência pública do Centro de Estudos e Debates Estratégicos da Câmara dos Deputados, realizada em agosto. Para Morandi, assuntos como economia circular e economia verde, além de instrumentos de bioeconomia devem dominar as relações de produção e consumo.

“Todas as modalidades convergem para um mesmo modelo de economia, baseado em novos processos e inspirado na própria natureza, onde tudo se recicla e nada é perdido nem desperdiçado”, disse. “Essa nova economia e a agricultura têm muito em comum: ambas são dependentes de sistemas biológicos e renováveis.”

Marcelo Morandi ainda apontou para uma tendência de crescimento no uso de produtos biológicos e de medidores de sustentabilidade na agricultura, dentro do processo de descarbonização da produção. A solução do que chamou de “mazelas”, como o desmatamento ilegal e a perda de alimentos durante a produção e o consumo, também integra essa estratégia sustentável.

O Pagamento por Serviços Ambientais (PSA), aprovado pelo Congresso no final de 2020, e alguns programas governamentais – como o RenovaBio e o Programa de Agricultura de Baixo Carbono (ABC) – são alguns dos instrumentos já em curso para colocar o País na “rota da bioeconomia”, na opinião dele.

Centro de Estudos e Debates Estratégicos da Câmara dos Deputados

A audiência pública do Cedes fez parte de uma série de debates sobre a retomada econômica, com foco em cinco eixos principais: contextualização socioeconômica, avaliação das políticas, papel dos setores, taxa de câmbio e macroeconomia e financiamento. “O estudo tem como objetivo principal definir o papel do Estado, da iniciativa privada e das organizações da sociedade civil nas estratégias e políticas de recuperação da economia e da geração de emprego e renda no pós-pandemia”, explicou o presidente do Cedes, deputado Josias Mario da Vitoria (CIDADANIA-ES). 

Com informações da Agência Câmara de Notícias

Agropecuária brasileira já havia sido reconhecida pelo ONU por sua sustentabilidade

Em maio deste ano a agropecuária brasileira foi reconhecida na Convenção-Quadro das Nações Unidas pela sua sustentabilidade. Em documento publicado pela Organização, são citados o sistema integração lavoura-pecuária-floresta, agricultura de precisão e tecnologia baseada em ciência, que elevaram a produtividade e reduziram em 50% o preço dos alimentos. A agricultura a partir da produção com baixa emissão de carbono já comprovaram seus resultados para a produção sustentável da agropecuária nacional. 

Em relatório publicado, o Secretariado da UNFCCC – Tratado Internacional resultante da Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento destacou que a produtividade brasileira aumentou 386% e a área agrícola apenas 83%, o que significa a preservação de 120 milhões de hectares de floresta. “A chave para isso foi o investimento do Brasil em políticas públicas relevantes e tecnologia de base científica”, diz o texto, ressaltando a promoção da agricultura, baseada na intensificação sustentável, inovação tecnológica, adaptação às mudanças climáticas e a conservação dos recursos naturais. 

Com informações do site Notícias Agrícolas.