Ex-morador de Andradina participa da série Sintonia da Netflix

“Lucas Silvestre atualmente reside na zona leste de São Paulo”

José Carlos Bossolan

Lucas Silvestre, 22 anos, teve participação na série Sintonia 2 que está em cartaz na Netflix. A gravação do programa foi realizada em março em um galpão na zona sul da capital paulista e a produção é recorde de audiência.

Barbeiro de profissão, Lucas Silvestre também compõe trap, rap, faz beatbox e já carrega em seu currículo uma participação em uma das mais vistas produções da Netflix desde o lançamento. Mas nem tudo são flores e as dificuldades são constantes na “quebrada”. Graças a seu carisma, Lucas Silvestre, conhecido no meio musical como Silvestre, o jovem passou “perrengues” já para chegar no teste.

“cena entre Silvestre e o personagem Doni – Sintonia 2/Netflix”

“Uma menina que eu me relacionava viu potencial em mim, pelo meio jeito sempre risonho, carismático, ai rolou. Eu fui selecionado, aí encostei no set de gravação. Eu era o único sem currículo, de verdade, era o único quebrado que tinha lá. Estremo leste, não tinha dinheiro da condução, aí fiz o teste de Covid e deu negativo. No dia seguinte foi o teste e tinha muita gente alí fazendo o que eu fiz, mas parece que ninguém se adaptou direito, aí o diretor gostou da minha atuação e rolou” – disse Silves.

Segundo o ator, ele seria uma espécie de compositor, agitando o ambiente – “no set os caras só falavam uma fita e você tinha que improvisar o resto. Não era para abrir a boca, mas meti a cara e fiz uns bits com a boca. Os bits foram todos feitos por mim, sem ser egoísta, por que os caras não sabiam fazer. Era para eu gravar a terceira cena, mas perdi meu celular no UBER e acabou que perdi o contato de todo mundo. Mas quem sabe na terceira edição se eu botar minha foto lá, quem sabe os caras reconhecem e me chama de novo” – relembrou.

Como no dito popular, “nunca foi sorte, sempre foi Deus”, Lucas Silvestre teve concorrência com outros jovens de experiência – “lá no bagulho tinha muita gente de currículo, que tinha participado de filme, de novela e eu cheguei lá com a cara de pau. Às pessoas perguntavam para mim se eu tinha participado de alguma coisa e eu dizia que não, que iria participar hoje. Você via no semblante das pessoas, tipo me tirando, aí quando eu saí do set, todo mundo me elogiou, falaram da minha humildade, e aí rolou” – recorda Lucas.

ANDRADINA

O jovem veio para Andradina em 2018, após a família perder a casa em que moravam em uma enchente na capital paulista, no jardim Romano na zona leste. De família evangélica, o município foi escolhido pelo conhecimento dos pais com algumas pessoas da igreja. “A gente foi para Andradina só na fé. Meu pai tinha muito medo de que eu me envolvesse em umas paradas erradas, por que aqui (SP), o bagulho é loco. A rua te chama, é drogas, bebidas, balada e como meus pais eram cristãos, eles pegavam bem no nosso pé. Eu só fui em uma balada em Andradina, onde até hoje tenho uns amigos que considero da minha família, que residem no Castanheira, no Santa Cecília. Tem amigos dos meus pais que ajudaram muito a gente. Às vezes a gente não tinha o que comer e sempre chegava um cara, amigo do meu pai e salvava a gente. Essa fase durou quase um ano e meio, até que meu pai conseguiu emprego no frigorífico Friboi. Se estabilizou na cidade e as coisas começaram melhorar” – recorda.

Quando completou 18 anos, Lucas Silvestre voltou para São Paulo e passou a trabalhar como cabelereiro, mas se recorda dos tempos de escola no Álvaro Guião – “eu terminei o ensino médio aí no Guião. Estudava os três períodos, de manhã, à tarde e a noite. Professores que levo no fundo do meu coração até hoje é o Dela Crose e a professora de português, a Dani, que são pessoas de luz” – reconhece o ex-estudante andradinense.

A família retornou em 2019, após morar por 4 anos no Quinta dos Castanheiras, em decorrência de contemplação com um apartamento no Itaim Paulista pelo programa Minha Casa Minha Vida, onde a família reside. “Ele é super gente boa, de um coração enorme, de um carisma muito grande. Sempre mantemos o contato e conhecendo o potencial dele, sei que vai longe” – menciona o amigo de Andradina e também cantor de hap, Theusz MC 99.

MÚSICA

Embora a série da Netiflix tenha a história da “quebrada”, com personagem Doni (Jottapê) é cantor de funk,  Silvestre deixa claro que sua preferência é o trap e o beatbox. “Tenho o sonho de ser cantor e hoje já estamos fazendo alguns shows na zona leste. É gratificante poder buscar a realização de um sonho” – conta.

“grupo @677family da zona leste de São Paulo”

O jovem se apresenta individualmente ou em parceria com o grupo 677family (Silvestre, Krizzy, S-Daniel e Kolt). Para ter propagação de suas músicas, os artistas contam com o apoio de um estúdio “underground” (independente) chamada Coméia Records que trabalha com captação de voz, mixagem, masterização e produção de beats.

“estúdio oferece suporte aos jovens cantores da periferia da capital”

“O pessoal da periferia, da zona leste tem grande apoio da Colmeia Records, que nos ajuda nas gravações e em todo o suporte, então todos nós somos muito gratos a todos eles. Eu também não poderia deixar de mencionar que meu primeiro contato com o rap, hip hop, foi com o DJ Fumão aí de Andradina, que no dia da consciência negra eu peguei o microfone e fiz um freestyle e não poderia deixar de também agradecer” – finaliza Silvestre, que vai continuar em busca do sucesso como cantor, compositor ou ator.