TSE torna “Véio da Havan” inelegível e cassa prefeito e vice de Brusque

“Luciano Hang usou suas lojas em favor dos candidatos na eleição de 2020”

Márcio Falcão e Fernanda Vivas/TV Globo

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) cassou, por 5 votos a 2, nesta quinta-feira (4) os mandatos do prefeito de Brusque (SC), Ari Vequi (MDB), e do vice, Gilmar Doerner, por abuso de poder econômico nas eleições de 2020. No julgamento, os ministros decidiram ainda que os dois políticos e o empresário Luciano Hang – “Véio da Havan”, proprietário das lojas Havan, ficarão inelegíveis por oito anos.

A defesa de Vequi disse, em nota, que ele respeita o TSE, mas tem a convicção de que nada fez de errado e apenas manifestou sua opinião como qualquer cidadão. O g1 procurou a assessoria de Luciano Hang, mas não obteve resposta até a última atualização desta reportagem. Pela legislação, os eleitores de Brusque deverão voltar às urnas para escolher novos integrantes para as cadeiras de prefeito e vice-prefeito da cidade.

Os eleitos ficarão nas funções até o início de 2025. Ainda não há data para a realização do pleito. O TSE foi acionado pelos partidos Podemos, PT, PSB e PV, que alegaram irregularidades na disputa pela prefeitura da cidade do interior de Santa Catarina. Entre as condutas que teriam violado a legislação eleitoral, as legendas apontaram que empresário Luciano Hang teria utilizado a empresa Havan, “através de sua estrutura, seus bens, funcionários e fornecedores, em benefício da candidatura dos investigados José Ari Vequi e Gilmar Doerner”.

Para o presidente do TSE, ministro Alexandre de Moraes, as condutas de Vequi, Doerner e Hang nas eleições municipais de 2020 foram irregulares deixaram a disputa desigual. “Houve utilização de toda a estrutura das lojas Havan na campanha eleitoral. Houve também uma flagrante e ostensiva quebra da igualdade das chances entre os candidatos”, afirmou Moraes.

Segundo Moraes, as provas revelam não apenas a ação direta Luciano Hang nos atos abusivos, mas evidenciam que os candidatos também participaram das ilegalidades, “tendo em vista a participação em eventos ilícitos, consubstanciados em live e em evento dentro das Lojas Havan”. A maioria do plenário do TSE seguiu o voto do ministro Alexandre de Moraes e reconheceu a irregularidade das condutas dos três envolvidos.

O empresário Luciano Hang, durante sessão da CPI da Covid, em 2021  — Foto: GABRIELA BILó/ESTADÃO CONTEÚDO
“O empresário Luciano Hang, durante sessão da CPI da Covid, em 2021 — Foto: Gabriela Biló/Estadão Conteúdo”

Uso de fake news

Em seu voto, Moraes afirmou ainda que houve, por parte de Luciano Hang “uma tentativa de fazer confusão entre pessoa física e pessoa jurídica, colocando a força da empresa na cidade de Brusque contra outra candidatura, inclusive com desinformação, com fake news e com várias notícias falsas, pedindo voto”. A ministra Cármen Lúcia afirmou que as provas reunidas mostram que houve uma ação contínua para interferir na vontade do eleitor e que a legislação não permite impulsionamento negativo nas redes sociais para atacar adversário.

“Se cuida, aqui, sim, de um caso em que há abuso na atuação e a consequente quebra de isonomia entre os candidatos”, finalizou a ministra.