Segurança Pública se une para pedir que Tarcísio cuide da saúde dos policiais

Cinco entidades querem ser ouvidas pela equipe de transição e pedem atenção à saúde mental dos servidores da segurança pública

Ricardo Mello

As diferentes características entre as polícias Científica, Civil, Militar e Penal criam necessidades específicas para cada uma, mas a saúde dos servidores foi o ponto central que uniu representantes dos policiais e os incentivou a procurar a equipe de transição do governador eleito de São Paulo, Tarcísio de Freitas (PL).

Um documento, assinado pelos presidentes dos sindicatos dos Peritos Criminais, Policiais Penais, Delegados da Polícia Civil, Associação dos Médicos Legistas e pela Federação que reúne as associações da Polícia Militar, pede ao futuro governador uma atenção especial à saúde dos policiais paulistas. O ofício, recebido por Paulo Vaculevicius, chefe de Gabinete do deputado federal Guilherme Derrite (PL), coordenador do Grupo da Segurança Pública e Administração Penitenciária da Transição de Governo, solicita ainda que as cinco entidades sejam ouvidas e possam integrar a equipe de transição.

Eduardo Becker, presidente do Sindicato dos Peritos Criminais do Estado de São Paulo (SINPCRESP), diz que o grupo conhece bem as demandas de cada força policial e quer colaborar com o governo que está chegando. “Cada força policial tem características únicas e que precisam ser debatidas na criação de uma política de segurança pública forte e coesa no estado. Pela primeira vez em quase três décadas o governo que vai começar representa um discurso de mudança de rota, por isso é indispensável sentar à mesa com a equipe de transição. Nós temos muito a contribuir porque conhecemos bem as necessidades mais urgentes para melhorar os serviços que prestamos à população. E um ponto mais urgente que une toda a segurança pública é a atenção à saúde dos policiais, que vem sendo negligenciada durante décadas”, ressalta.

O ofício é assinado também pelos presidentes da Amlesp (Associação dos Médicos Legistas do Estado de São Paulo); do Sindpesp (Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo); Sifuspesp (Sindicato dos Funcionários do Sistema Prisional de São Paulo) e FERMESP (Federação das Entidades Representativas dos Militares do Estado de São Paulo). “A saúde mental dos servidores é impactada diretamente pela precariedade da estrutura e, principalmente, pela sobrecarga de trabalho. Praticamente todas as funções na segurança pública enfrentam grande deficit de servidores. A expectativa de vida de um policial penal é de apenas 45 anos e isso acontece porque muitos adoecem no trabalho. São centenas de afastamentos por depressão e doenças cardíacas, diabetes, entre outras, potencializadas pelo ambiente massacrante do sistema prisional. Quem fica acaba impactado pela falta do servidor afastado. É um círculo vicioso que precisa ser interrompido”, afirma Fábio Jabá, presidente do SIFUSPESP.

Dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública deste ano revelaram que o suicídio de policiais aumentou 55% no Brasil em um ano. Em 2021, 80 policiais militares e 21 policiais civis perderam a vida para a depressão. O levantamento mostra que isso é resultado da grande tensão e ansiedade provocadas pelo risco constante à vida, pela sobrecarga de trabalho, a falta de proteção jurídica integral e os baixos salários. “Outra demanda apresentada pelo grupo e que é comum a todas as entidades é justamente uma assistência jurídica integral aos servidores da segurança pública”, explica Becker.

Tarcísio de Freitas é militar do Exército e, por ter feito parte de um governo com forte discurso pela segurança pública, gerou grande expectativa de mudança nas políticas de segurança. “A participação dos Delegados de Polícia no grupo de transição, de um lado, demonstrará o reconhecimento do trabalho realizado pela Polícia Civil paulista e, de outro, revelará o tamanho do compromisso do futuro Governador com a segurança da população do nosso estado”, acredita Jacqueline Valadares, presidente do SINDPESP.

Confira as solicitações entregue pelas entidades à equipe de transição:
– Modernização e Aperfeiçoamento da Polícia Técnico-Científica;
– Regulamentação da Polícia Penal;
– Criação da Escola da Superintendência da Polícia Técnico-Científica;
– Prioridade na atenção à saúde física e mental dos policiais;
– Assistência jurídica integral;
– Realização de concursos para reposição do deficit existente;
– Valorização profissional, incluindo remuneração digna;
– Elaboração do Termo Circunstanciado de Ocorrência, pela Polícia Militar;
– Exigência de comprovação de formação escolar superior para Soldado PM e o título de Bacharel em Direito para Oficial PM.