Órgãos de inteligência suspeitam de ataques no 7 de setembro, afirma Revista

“Informação implica no crescimento da violência à medida que a eleição se aproxima e envolveria grupos radicais na tentativa de incriminar a esquerda”

José Carlos Bossolan

Foi publicado nesta terça-feira (02/07), pelo jornalista Matheus Leitão no site da Revista Veja, um suposto plano de apoiadores bolsonaristas radicais de cometer atentados a manifestação de 7 de setembro para tentar incriminar oposicionistas de esquerda. Segundo a revista, órgãos de inteligência estão investigando uma suspeita de ataques ao 7 de setembro com viés golpista – e o intuito de criar um factoide político para mudar o curso da eleição de 2022 – envolvendo grupos radiciais de direita.

Nas eleições de 2018, dois fatos chamaram a atenção com atos de violência. Em 27 de março, um dos ônibus da caravana do PT, foi atingido por 2 disparos de tiros em um trecho da PR-473 entre Quedas do Iguaçu e Laranjeiras do Sul Estado do Paraná. Pneus também foram furados por “miguelitos”, mas sem nenhuma vítima.

Já em 6 de setembro daquele ano, o então candidato do PSL à presidência, Jair Bolsonaro, levou uma facada durante um ato de campanha em Juiz de Fora (MG). Ele era carregado nos ombros por apoiadores quando um homem se aproximou e o feriu na barriga. Neste ano, a escalada da violência vem se demonstrando mais acirrada entre radicais de direita e da esquerda.

Segundo a Revista Veja, ato criminoso planejado para o 7 de setembro deste ano, seria realizado para ferir os próprios bolsonaristas, gerar pânico na sociedade e, em seguida, colocar a culpa na esquerda. A suspeita foi confirmada por dois oficiais desses órgãos de inteligência à coluna, com longo serviço prestado ao país, mas sem nenhum viés ideológico. Apesar de ser um plano transloucado e difícil de organizar, não seria a primeira vez que isso acontece na história do Brasil.

O atentado do Riocentro, em 1981, foi organizado por setores radicais do Exército e da Polícia Militar do Rio para incriminar grupos de esquerda que faziam oposição à ditadura, regime que, naquela época, amordaçava e sufocava a democracia no país há 17 anos. No ano de 1981, a direita começava a perder força e a ditadura, o apoio popular, à medida que a mentira contada em março de 1964 – aquela de que os militares estavam salvando o país do comunismo – ficava cada vez mais inverossímil.

Em nenhum momento, contudo, as fontes desta informação repassada à coluna – relacionada à suposta conspiração em curso no Brasil em pleno 2022 – citaram o envolvimento de setores do Exército ou da Polícia Militar, que agiram, há mais de 40 anos, como órgãos terroristas. A preocupação dos oficiais é exatamente o contrário: que o atentado ocorra justamente contra militares no 7 de Setembro, ou atingindo grandes aglomerações, ampliando uma narrativa falaciosa que demoniza a volta do PT ao poder.

Recentemente, um extremista de direita foi preso, por exemplo, após fazer ameaças a ministros do Supremo Tribunal Federal e também a Lula, líder absoluto das pesquisas de intenção de votos a apenas 60 dias das eleições. Neste contexto, a última edição de VEJA acertou em cheio ao mostrar que parte do país, e da sociedade civil, age acertadamente ao tentar desarmar a “bomba” político-ideológica armada pelo presidente Jair Bolsonaro. No lançamento de sua candidatura, o mandatário convocou apoiadores a irem às ruas “pela última vez” no feriado, sequestrando o marco de 200 anos da Independência. 

Lula, como já apontou a coluna, fez bem ao sugerir que os movimentos sociais e seus apoiadores não meçam forças nas ruas contra o bolsonarismo no 7 de setembro. Mas, enquanto investigações da Polícia Federal se voltam para eventuais ataques contra magistrados e o líder da esquerda – uma preocupação legítima após o assassinato de um dirigente petista em Foz do Iguaçu por um bolsonarista –  é preciso ficar atento a outro tipo de violência ligada à direita. Ou a qualquer linha ideológica extremista. 

Todos os candidatos que irão disputar a presidência da República, contam com aparado de segurança de agentes da Polícia Federal, além de seguranças privados para manter ao máximo a integridade dos postulantes ao cargo eletivo máximo do país.