Exército brasileiro lançou cotação internacional para avaliar possibilidade de adquirir ‘Drones ‘kamikaze’

“Comissão em Washington lançou cotação internacional para avaliar possibilidade de adquirir equipamento, amplamente utilizado nas guerras modernas”

 Alfredo Mergulhão e Paulo Assad/O Globo

A Comissão do Exército Brasileiro em Washington lançou, na última segunda-feira, uma cotação internacional para avaliar a possibilidade do governo adquirir drones ‘kamikazes’, como são popularmente conhecidas as munições vagantes. Esses dispositivos se tornaram populares nos conflitos armados modernos, como a Guerra na Ucrânia, pela ampla capacidade destrutiva e baixo custo.

Esses modelos de aeronaves não tripuladas são auto-destrutíveis e usadas elas próprias como munição. Assim, ao final de uma missão, o drone passa a operar como um míssil, mirando e caindo sobre o alvo. Não são poucos os fabricantes que oferecem esses armamentos no mercado internacional. Elbit Systems, Northtrop, CASC, Zala e Shahed são algumas dessas empresas.

De acordo com o documento, o EB quer incorporar dois tipos de munição ao seu arsenal: uma de curto alcance, de pelo menos 10 km; e outra de médio alcance, de cerca de 40 km. No total, 14 dispositivos seriam adquiridos. A cotação também inclui as centrais de controle e lançamento, as cargas de explosivo, simulador de missão, além de treinamento aos militares que vão operar os armamentos. A capacitação deverá ser oferecida no Brasil.

A cotação permite a participação de fornecedores de armamentos nacionais e internacionais. O prazo para envio das propostas termina em 26 de julho. Abaixo, alguns dos principais modelos de drones ‘kamikaze’ disponíveis no mercado:

Elbit Systems

Essa empresa israelense tem entre seus produtos a munição vagante Skystriker, capaz de levar consigo ogivas de 5kg a 10kg dentro da fuselagem. De acordo com a fabricante, por ser movido por meio de um sistema de propulsão elétrico, o dispositivo consegue voar a baixas altitudes sem ser detectado.

O armamento também pode ser controlado por apenas uma única pessoa e é capaz de realizar missões de longo alcance, cobrindo uma distância de 20km em cerca de 10 minutos. A navegação do Skystriker também pode ser autônoma durante a fase de cruzeiro e ataque.

AeroVironment

O drone Switchblade é um dos usados pelas tropas ucranianas no conflito contra a Rússia. Fabricado pela americana AeroVironment, ele tem um alcance de mais de 10km e uma autonomia de cerca de 20 minutos. De acordo com a empresa, eles medem 50 cm e pesam cerca de 2,5 kg.

Com isso, são portáteis, podendo serem levados pelos soldados no próprio campo de batalha, sem a necessidade de grande apoio operacional. Um vídeo que mostra o drone em ação na Ucrânia viralizou meses atrás:

CASC

Fabricado pela Corporação de Ciência e Tecnologia Aeroespacial da China (CASC), a munição vagante CH-901 foi colocada no mercado em 2018. De acordo com a empresa, o dispositivo pode realizar uma série de operações, tanto de ataque, quanto de reconhecimento. O armamento consegue voar por cerca de 40 minutos e tem curto alcance, de cerca de 15 km.

UVision

Outra fabricante israelense, a UVision desenvolveu uma série de munições vagantes batizada de HERO. Os armamentos se dividem em modelos pequenos e grandes, de acordo com o site da empresa.

Os modelos menores, como Hero-30, 90 e 120, foram desenvolvidos para serem operados por um único soldado e podem ser colocados no ar em cerca de 3 minutos. O Hero-30, por exemplo, tem alcance de cerca de 15km e pode levar ogivas de 0,5kg. Seu tempo de autonomia é de aproximadamente 30 minutos.

Outro modelo da mesma linha do Hero-30, o Hero-40 é uma munição vagante de médio alcance, que pode atingir cerca de 40km. Esse tipo de drone consegue levar uma ogiva de cerca de 1,5kg e tem uma autonomia de 45 minutos.

“Hero-90 tem um alcance de cerca de 40km, como o desejado na cotação aberta pelo exército brasileiro — Foto: Divulgação”

Já os modelos maiores dependem de uma plataforma para serem lançados, seja em veículos terrestres ou navais. “Eles são transportados em veículos, lançados em alguns minutos, podem voar por mais tempo e são equipados com ogivas mais significativas”, diz a UVIsion.