Ex-esposa de Jair Bolsonaro perde nacionalidade brasileira

“Ana Cristina Siqueira Valle obteve cidadania norueguesa”

José Carlos Bossolan

A advogada e segunda esposa do ex-presidente Jair Bolsonaro perdeu a nacionalidade brasileira. A decisão com a perda do direito foi publicado no DOU (Diário Oficial da União) desta terça-feira (07/02). A portaria 1668/23, assinada pela coordenadora de Processo Migratórios Substituta, vinculada ao Ministério da Justiça, afirma que a advogada perdeu o direito a nacionalidade brasileira, por ter adquirido a nacionalidade norueguesa.

Segundo a Constituição Federal, será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que adquirir outra nacionalidade. De acordo com reportagem do UOL, que obteve documentos do órgão fiscal da Noruega que mostram que ela consta como cidadã norueguesa e com status de “residente”.

Ela registrou um endereço naquele país no dia 11 de abril de 2011. Pouco depois, ela casou com o norueguês Jan Raymond Hansen. Procurada pelo UOL, a advogada diz ter dupla cidadania. Ana Cristina Valle concorreu a uma vaga a deputada federal pelo DF, mas não foi eleita. Foi justamente neste período que o Ministério da Justiça abriu processo administrativo para apurar a duplicidade de cidadania, em desacordo com a lei brasileira.

R$ 9,3 milhões suspeitos

Durante uma investigação, a Polícia Federal identificou que a ex-mulher de Jair Bolsonaro movimentou R$ 9,3 milhões em transações financeiras entre 2019 e 2022. A soma foi possível graças à análise de de relatórios do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf).

A PF decidiu pedir a investigação porque, ao longo de uma apuração sobre o filho de Ana Cristina com Jair Bolsonaro, Jair Renan, se deparou com transações suspeitas na compra de uma mansão pela ex-mulher do presidente. A casa, avaliada em R$ 3,2 milhões, fica em bairro nobre de Brasília. Até ano passado, a advogada morava no local com o filho, Jair Renan Bolsonaro.

As movimentações de Ana Cristina foram consideras atípicas por ultrapassarem as quantias geralmente movimentadas por ela. No período, ela recebeu, como maior salário, o valor de R$ 8 mil, de assessora parlamentar na Câmara. À época, ela negou irregularidades nas transações. “Criaram esta mentira apenas para iniciarem um inquérito na Polícia Federal contra mim sem justa causa com o objetivo de prejudicar a [então] campanha do presidente Jair Bolsonaro”, afirmou.