Com inflação de 4,65%, Copom mantém novamente juros básicos da economia em 13,75% ao ano

“Em comunicado, BC diz que ambiente externo se mantém “adverso””

José Carlos Bossolan

O Comitê de Política Monetária (Copom) manteve a taxa Selic, juros básicos da economia, em 13,75% ao ano. A decisão divulgada após reunião nesta quarta-feira (3) foi unânime. Com a medida, o Brasil segue como um dos países com maior carga tributária real do mundo, desestimulando o crescimento econômico e mantendo carga de juros para empréstimos elevada.

De acordo com dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a inflação acumulada dos últimos 12 meses no país é de 4,65%, segundo dados divulgados no IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo). No mês de março, os indicadores apresentou 0,71% de inflação e mesmo com estabilidade, o comitê do BC (Banco Central), mantém carga tributária elevada, prejudicando o desenvolvimento do Brasil.

“O ambiente externo se mantém adverso. Os episódios envolvendo bancos no exterior têm elevado a incerteza, mas com contágio limitado sobre as condições financeiras até o momento, requerendo contínuo monitoramento. Em paralelo, os bancos centrais das principais economias seguem determinados em promover a convergência das taxas de inflação para suas metas, em um ambiente em que a inflação se mostra resiliente”, destaca o comunicado divulgado pelo Banco Central.

O presidente Lula, ministro, parlamentares e representantes da indústria vêm criticando a manutenção da taxa de juros pelo Copom em 13,75%. Indicado em fevereiro de 2019 pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto vem sendo criticado.

Desde que assumiu a chefia do Banco Central, a gestão de Campos Neto tem elevado a taxa Selic. Em março de 2019, segundo dados do BC, os juros básicos da economia eram de 6,5%, caindo para 2% no período de 06/08 a 16/09 de 2020, permanecendo até março de 2021. Porém após esse período de juros baixos, o aumento da Selic só veio aumentando.

Desde 03 de agosto de 2022, o patamar permanece inalterado em 13,75%. Pela Lei de Autonomia do Banco Central, Campos Neto deverá permanecer na chefia do banco até dezembro de 2024, quando encerra seu mantado de 4 anos. O documento divulgado pelo Copom nesta quarta-feira (03/05), também afirma que, em relação ao cenário doméstico, “o conjunto dos indicadores mais recentes de atividade econômica segue corroborando o cenário de desaceleração esperado pelo Copom, ainda que exibindo maior resiliência no mercado de trabalho”. “

A inflação ao consumidor, assim como suas diversas medidas de inflação subjacente, segue acima do intervalo compatível com o cumprimento da meta para a inflação. As expectativas de inflação para 2023 e 2024 apuradas pela pesquisa Focus elevaram-se marginalmente e encontram-se em torno de 6,1% e 4,2%, respectivamente”, acrescenta o comunicado.

A taxa continua no maior nível desde janeiro de 2017, quando também estava em 13,75% ao ano. Essa foi a sexta vez seguida em que o BC não mexeu na taxa, e assim permanecerá pelos próximos 45 dias, até nova reunião do comitê. Anteriormente, o Copom tinha elevado a Selic por 12 vezes consecutivas, num ciclo que começou em meio à alta dos preços de alimentos, de energia e de combustíveis. Antes do início do ciclo de alta, a Selic tinha sido reduzida para 2% ao ano, no nível mais baixo da série histórica, iniciada em 1986.

Por causa da contração econômica gerada pela pandemia de covid-19, o Banco Central tinha derrubado a taxa para estimular a produção e o consumo. A taxa ficou no menor patamar da história de agosto de 2020 a março de 2021.

Inflação

A Selic é o principal instrumento do Banco Central para manter sob controle a inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Segundo o comunicado, a manutenção da taxa considerou entre outros fatores, a persistência das pressões inflacionárias globais, incerteza sobre o desenho final do arcabouço fiscal a ser analisado pelo Congresso Nacional e uma desaceleração da atividade econômica global mais acentuada do que a projetada.

“Por um lado, a reoneração dos combustíveis e, principalmente, a apresentação de uma proposta de arcabouço fiscal reduziram parte da incerteza advinda da política fiscal. Por outro lado, a conjuntura, caracterizada por um estágio em que o processo desinflacionário tende a ser mais lento em ambiente de expectativas de inflação desancoradas, demanda maior atenção na condução da política monetária”, diz o comunicado.

Com Heloísa Cristaldo/Agência Brasil.