Com déficit orçamentário de R$ 22,6 milhões, Prefeitura prorroga decreto de intervenção na Santa Casa de Andradina

“Prazo de apropriação da instituição foi prorrogado por 360 dias”

José Carlos Bossolan

Com déficit orçamentário de R$ 22.672,456,77 em 2023, o prefeito de Andradina, Mário Celso Lopes prorrogou o prazo de intervenção na Santa Casa de Andradina por mais 12 meses. O Decreto 7655/23, foi publicado nesta quarta-feira (01/11), no Diário Oficial de Andradina e mantém como interventor o médico, Edson Lopes Ferreira.

Prefeitura vem gastando mais do que arrecada em 2023 e déficit chega a R$ 22,6 milhões”

Segundo o decreto municipal – “Considerando que a análise apresentada pelo interventor esclarece a atual situação operacional e econômico-financeira da gestão da Santa Casa de Andradina e revela a necessidade da prorrogação do Decreto nº 7.599 de 15 de maio de 2023, em especial, pela permanência de algumas causas determinantes da intervenção, como também a necessidade de conclusão dos trabalhos para a regularização das situações que não puderam ser perfeitamente sanadas devido ao curto período de intervenção, que ao final da vigência completaria 180 (cento e oitenta) dias em contraposto há mais de uma década de má-gestão e deterioração da Santa Casa de
Andradina”.

Porém a má gestão elencada pelo chefe do executivo, vem permanecendo neste período de intervenção, com falta de pagamentos de dívidas da entidade, inclusive com ação protocolada pelo Bando Bradesco, cobrando R$ 4.486.914,53 da Santa Casa de Andradina. Isso sem falar que as despesas mensais da entidade triplicaram durante o perído de intervenção, segundo relatório enviado a Câmara de Andradina em setembro.

O prefeito de Andradina, Mário Celso Lopes no ápice de sua ignorância, criticou o convênio da Santa Casa de Andradina com a saúde indígena, dizendo que não gerava nenhum benefício para a entidade, porém seu grupo aceitou prorrogar o contrato com o Ministério da Saúde até 31 de julho de 2024 de R$ 140 milhões.

“Essa saúde indígena tem um quadro de 500 funcionários esparramados por aí. Com qual benefício? Nenhum, drenando daqui, drenando dali, e por isso a Santa Casa de Andradina não consegue mais andar… Aqui não tem índio, e tem 500 na folha de pagamento lá, e trabalha para a saúde indígena, e está em baixo da Santa Casa de Andradina… Contratos estratosférico como esse saúde indígena. Nada tem a ver conosco. Nem de perto, sabe. Para a Santa Casa de Andradina celebrar um contrato com a saúde, como o Ministério da Saúde, para cuidar da saúde indígena, os postos de saúde indígenas, assim em última hipótese se Andradina encravada no meio de várias comunidades indígenas, como acontece lá no Xingú, que eu conheço. Tem várias comunidades indígenas, na Rondônia que eu conheço pessoalmente, várias comunidades indígenas, mas o que Andradina tem a ver? O que a Santa Casa de Andradina tem a ver com comunidade indígena para celebrar um contrato de 140 milhões de reais? E qual benefício trouxe para a Santa Casa? – disse o prefeito em coletiva, dia 15 de maio.

Ainda de acordo com o decreto, a Irmandade Santa Casa de Andradina é único hospital da cidade com rombo financeiro apurado de mais de
R$80 milhões, além da deterioração de suas instalações e equipamentos. Conforme o texto, os repasses feito pelo executivo na ordem de R$ 8 milhões, serviram para o saneamento parcial de dívidas com tributos federais, encargos sociais, trabalhistas e fornecedores, que a uma década foram má geridas.

A ação do Banco Bradesco, foi peticionada em 21 de setembro. Outra ação da Prefeitura de Castilho, foi protocolada em julho, cobrando R$ 40,5 mil da Santa Casa. Pelo visto a gestão interventora não vem pagando as dívidas da entidade hospitalar andradinense, caso contrário, não seria impetração ações de cobranças.

“Relatório entregue a Câmara, demonstra aumento de despesas”

Sob a intervenção dos aliados do prefeito, e mesmo sem se preocupar em saldar dívidas houve o aumento de algumas despesas chama a atenção. Em maio, os gastos com pessoal (CLT), saltou de R$ 1,1 milhão para R$ 2,1 milhão em julho, com o maior pagamento em junho, com R$ 2,3 milhões, totalizando R$ 5,5 milhões. Segundo Deva, apenas o interventor não recebe salário da Santa Casa, já os demais membros da gestão são remunerados.

O relatório enviado ao legislativo, também apresenta salto exorbitante entre maio e julho de gastos com internet, energia, água e telefone. Em maio, as despesas com tais modalidades definidas no relatório como de utilidade pública, passou de R$ 7.112,17 para R$ 120.277,45 em junho e R$ 109.205,97 no mês de julho. Segundo os gestores da Santa Casa é referente a parcelamento de dívidas.

Quando foi decretada a intervenção, somente a dívida de energia da entidade era R$ 11 milhões, mas tanto Edson Ferreira, quanto Devanir Pimenta, dizem que os valores já estariam em mais de R$ 12 milhões. Sem verba para cobrir as despesas cotidianas e dívidas anteriores, o futuro da única entidade de média complexidade de Andradina, ainda é incerto. O Governo do Estado cortou os repasses mensais da entidade, cujo decreto intervencionista tem demonstração que a situação econômica da Santa Casa tende a piorar ainda mais.

Lembrando que o prefeito de Andradina, prometeu contrução de hospital em cem dias, mas ainda continua “sem construção”. Outra promessa foi a reabertura do Centro de Hemodiálise, cujo espaço hoje serve para realização de reuniões, Mário Celso também prometeu hospital da mulher, hospital infantil, mas o máximo que conseguiu foi se apropriar da Santa Casa de Andradina e fechar a UPA local, já que o Pronto Socorro está fazendo atendimento semelhantes, mesmo através do SUS ou particular no mesmo espaço físico.