Carlos Madeiro/UOL
Pesquisadores brasileiros desenvolveram um drone capaz de ser usado em Marte – ou em outros planetas – de forma autônoma graças à capacidade híbrida de geração de energia, fazendo captação solar ou eólica —mesmo em repouso. O equipamento é um vant (veículo aéreo não tripulado híbrido), que tem capacidade de decolagem e pouso na vertical, mas pode fazer deslocamentos de longas distâncias em voos horizontais.
Para isso, basta que exista vento ou sol no local onde será levado. O pedido de registro de patente já foi solicitado por cientistas da UFRN (Universidade Federal do Rio Grande do Norte) e do ITA (Instituto Tecnológico da Aeronáutica), desenvolvedores do projeto. A tecnologia é considerada inovadora por permitir uma capacidade de recarga das baterias hoje inexistente.
“Os robôs que estão em Marte hoje utilizam painéis solares, e esse nosso pode recarregar através de energia eólica também. O diferencial do nosso equipamento está nessa recuperação de energia” – diz Alysson Nascimento de Lucena, pesquisador da UFRN e aluno de pós-doutorado em engenharia eletrônica e computação do ITA.
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Hoje só há um tipo de drone em operação em Marte, que recarrega as baterias apenas por meio de energia solar, observa Lucena. Por conta disso, ele sofre com o excesso de poeira em suas placas de captação. “Isso o faz correr o risco de ser perdido por redução de eficiência ou mesmo falta de energia. Nesse modelo, o recarregamento das baterias fica cada vez mais comprometido, chegando ao ponto de ter que entrar em modo hibernação para que o robô não ‘morra’.
Para chegar até Marte, claro, o vant brasileiro tem de ser embarcado em uma nave-mãe; mas ao chegar lá poderá ser comandado de forma remota e fazer voos por vários dias seguidos.
Entenda melhor a invenção
O novo vant é uma invenção que mistura conceitos de avião e de helicóptero. Além disso, ele usa um mesmo conjunto de motores quando está em funcionamento. Durante o voo, uma parcela de energia é gerada pelos painéis fotovoltaicos. Durante o repouso, ele gera energia pelos painéis através de um conjunto motopropulsor que vira um gerador eólico.
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Segundo Lucena, essa capacidade de gerar energia parado vem de uma tecnologia que permite posicionar as pás da hélice de um modo que aproveitem o vento. “O pesquisador observa que o tempo de operação de cada equipamento está condicionado à vida útil da bateria. “Ela pode ser eficiente por anos”.
O projeto foi feito com base em outros quatro que Lucena desenvolveu e que também têm pedidos de patente registrados: dois estão com solicitação em andamento, e duas patentes já foram concedidas.
Uso nacional
A ideia dos cientistas é fazer com que o equipamento seja incluído em missões comandadas pelo Brasil. “Inclusive, estamos em um momento especial com o lançamento do Parque Tecnológico Espacial da Bahia; e esse projeto tem tudo a ver com ele”.
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Mas não são os pesquisadores que vão decidir: como a pesquisa foi inteiramente feita em um instituição pública brasileira, os cientistas assinam um termo de cessão de direitos, e toda a negociação de uso é feita pela UFRN. E, caso haja lucro, 1/3 dos valores voltam para os inventores.
Não há um valor exato do investimento na pesquisa. Porém, Lucena estima que fique em cerca de R$ 1 milhão ao contabilizar bolsas para os pesquisadores, maquinário e material usado. Além de Lucena, também participam do projeto Luiz Marcos Garcia Gonçalves e Raimundo Carlos Silvério Freire Júnior, da UFRN; e Neusa Maria Franco de Oliveira, do ITA….