Moisés Eustáquio/Jornal Impacto On line/Assessoria de Comunicação
Entre o silêncio das alamedas e a simbologia das cruzes que desafiam o tempo, o Campo Santo São Sebastião, cemitério municipal de Andradina, é mais do que um espaço de despedidas. É um museu a céu aberto, onde a arte e a memória se entrelaçam em esculturas e ornamentos sacros esculpidos pelo italiano Bruno Volpi, um artista que transformou pedra em sentimento e deu à eternidade uma forma visível.
Bruno Volpi chegou ao Brasil em meados do século XX, trazendo consigo a tradição das oficinas italianas de arte sacra. Em Andradina, encontrou no Campo Santo São Sebastião o cenário ideal para manifestar sua devoção e talento, criando obras que, até hoje, impressionam pela delicadeza e pela força espiritual. Cada escultura carrega uma identidade própria, marcada por traços de emoção, fé e sensibilidade estética.

Mais do que adornos funerários, são testemunhos de uma época em que a arte se confundia com religiosidade e memória, formando um legado que permanece pouco conhecido pelos andradinenses. Apesar de seu valor histórico e artístico, o conjunto de obras deixado por Volpi segue praticamente anônimo, oculto entre túmulos antigos e construções simples. São peças que resistem ao tempo e ao esquecimento, compondo um acervo raro da arte sacra no interior paulista.

Essas criações, que desafiam a erosão e a indiferença, merecem ser reconhecidas como patrimônio cultural e artístico de Andradina, pois representam uma era em que a arte funerária era também expressão de fé e identidade comunitária. Fundado oficialmente em 1966 — embora documentos indiquem origens na década de 1940 —, o Campo Santo São Sebastião é o único cemitério público de Andradina e acompanha a história da cidade desde seus primeiros capítulos.

Hoje, porém, o local enfrenta o problema da superlotação, o que ameaça não apenas sua função prática, mas também o valor simbólico e artístico que abriga. O Campo Santo São Sebastião é, acima de tudo, um espaço onde arte, fé e saudade se unem para contar a história silenciosa de Andradina.
(com informações de Moisés Eustáquio/Jornal Impacto On line)


