Advogado diz que ex-ministro Anderson Torres não fará acordo de delação premiada

UOL

O advogado que representa o ex-ministro Anderson Torres, Rodrigo Roca, disse que não há “qualquer possibilidade” de seu cliente fazer uma delação premiada. A declaração foi em entrevista à CNN Brasil. “Não há a menor possibilidade de delação premiada pelo fato de que não há o que ser delatado”.

Nesta terça-feira (17), o ex-ministro e ex-secretário de Segurança Pública do DF passou por atendimento psicológico no batalhão em que está preso. O advogado também afirmou que não irá se manifestar até ter acesso aos autos da investigação. O ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal está preso desde o último sábado (14), quando desembarcou no Brasil. Ele estava de férias nos Estados Unidos.

Desde então, ele permanece no 4º Batalhão da Polícia Militar, e ainda não há previsão de quando irá depor à Polícia Federal. Anderson Torres foi preso por omissão e conivência com atos golpistas em Brasília. Na decisão que autorizou a prisão preventiva, o ministro Alexandre de Moraes afirmou que o ex-secretário deveria ter tomado medidas para prevenir a ocorrência dos crimes.

A omissão ficou demonstrada com a ausência de policiamento, em especial do Comando de Choque da Polícia Militar do Distrito Federal, a autorização para mais de cem ônibus ingressarem livremente em Brasília sem qualquer acompanhamento policial, mesmo sendo fato notório que praticam atos violentos, total inércia no encerramento do acampamento na frente do quartel-general do Exército, mesmo quando patente que o local “estava infestado de terroristas”.

Segundo Moraes, houve falta de preparação da Secretaria de Segurança Pública para prevenir os atos terroristas. A decisão de Moraes foi referendada pela maioria do tribunal — por 9 votos a 2, o plenário validou a prisão do ex-ministro. As únicas divergências ficaram com Nunes Marques e André Mendonça, ambos indicados pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Durante buscas, PF encontrou rascunho de decreto golpista na casa de Torres. O texto buscava instaurar um estado de defesa no Tribunal Superior Eleitoral, medida que seria inconstitucional. A apreensão da minuta foi revelada pelo jornal Folha de S. Paulo e confirmada pelo UOL. Se posto em vigor, a medida criaria uma comissão composta majoritariamente por militares e quebraria o sigilo de integrantes da Corte.