Secom CONAFER
O local para iniciar uma revolução no ensino indígena no país não poderia ser mais inspirador: exatamente onde houve a invasão europeia em 1500. Promovido pela CONAFER, o evento Mais Educação Livre (MEL) teve o seu lançamento na manhã de ontem, segunda-feira (11), com a presença de delegações de professores indígenas de territórios de todo o Brasil. É um encontro único, sem similar na história da educação dos povos originários. O local escolhido foi a Jaqueira, em Porto Seguro-BA, a aldeia anfitriã dos mestres de 50 etnias participantes do MEL. Durante toda a semana, todos vão apresentar as suas experiências didáticas, oficinas com práticas de ensino, produções literárias e propostas pedagógicas para a criação de um documento que contemple uma renovação no ensino indígena brasileiro, única forma de educar as novas gerações nos valores originários, promover a autonomia dos povos, alfabetizar na língua indígena e de contar a história verdadeira que os livros oficiais não revelam
Uma das fundadoras da aldeia Jaqueira, a escritora e educadora Nitynawã Pataxó, junto com o cacique Siratã, deram as boas-vindas aos convidados e presentes na abertura do MEL. Também falaram o cacique de Coroa Vermelha, Zeca Pataxó, o presidente do Instituto Pataxó de Etnoturismo e secretário Municipal de Assuntos Indígenas, Juari Pataxó, e uma das organizadoras do MEL, Gildinai Pataxó, coordenadora da Educação Diferenciada da CONAFER.
O primeiro palestrante, o editor de jornalismo da CONAFER, Wilson Ribeiro, apresentou a Confederação, as suas ações com os povos originários brasileiros e discorreu sobre o tema “A Aldeia Global e os desafios para uma educação livre nos territórios indígenas”, fazendo um alerta sobre a educação nos territórios originários ao enfatizar que comunicação entre indígenas não se dá mais apenas pela tradição oral, pois individualização do sujeito sobrepõe-se à ordem natural da cultura ancestral indígena. Não é possível proibir a interferência da aldeia global (conceito do filósofo Marshall McLuhan que antecipou a internet em 30 anos ao vislumbrar um mundo global conectado) sobre os costumes e valores indígenas, mas é possível reorientar a educação nas aldeias indígenas por meio de uma educação autônoma e livre.
Na sequência, o professor e doutor em Linguística e Língua Portuguesa, Francisco Vanderlei, enfatizou a questão da importância da produção do livro didático e que é preciso partir das histórias das comunidades, e que isso pode ser feito e deve ser feito pelos professores indígenas, conhecedores do conteúdo e da legislação escolar, sendo capazes então de trabalhar com os temas e os assuntos da educação indígena. Francisco Vanderlei reforçou a importância do ensino da língua original, o Patxohã, hoje ensinado nas aldeias Pataxó da Bahia, de Minas Gerais e entre os Pataxó Hãhãhãe.
Uma das fundadoras da aldeia Jaqueira, a escritora e educadora Nitynawã Pataxó, junto com o cacique Siratã, deram as boas-vindas aos convidados e presentes na abertura do MEL. Também falaram o cacique de Coroa Vermelha, Zeca Pataxó, o presidente do Instituto Pataxó de Etnoturismo e secretário Municipal de Assuntos Indígenas, Juari Pataxó,e uma das organizadoras do MEL, Gildinai Pataxó, coordenadora da Educação Diferenciada da CONAFER.
Para Gildinai, “o RCNEI é revolucionário, e o MEL está vindo para revolucionar a educação escolar indígena do Brasil. Porque existe um currículo diferenciado. E nós temos que utilizar esta grade curricular, que não é respeitada em nosso país. Algumas escola têm, alguns estados têm e outros nem passa pela cabeça dos coordenadores e secretários de educação aceitar a educação diferenciada.
Sobre o primeiro dia do MEL, Gildinai Pataxó falou da ansiedade de todos em ver o evento se concretizando, que as delegações estão muito motivadas para apresentar as suas ideias e conteúdos. Muitos professores e educadores já estão perguntando quando será realizado o próximo Encontro de Professores. Sinal que o MEL já é um sucesso e que está plantando as sementes de uma revolução no ensino indígena.